Incêndio em barracas é reflexo da insegurança no Recife

Comerciantes estão em local improvisado enquanto obras atrasadas da prefeitura não são concluídas

por Jorge Cosme ter, 17/03/2015 - 13:18

Seis barracas de comerciantes foram destruídas por um incêndio, na manhã desta terça-feira (17), no entorno do Cais de Santa Rita, no centro do Recife. Os estabelecimentos de madeira foram construídos provisoriamente no local enquanto a Prefeitura do Recife executa a obra de recuperação e implantação de passeio no cais, no terreno ao lado.

De acordo com os comerciantes da área, o incidente como aquele era previsto, devido à falta de segurança. É que, como eles explicaram, o incêndio foi causado por um casal de usuário de drogas que discutiam. “Eles estavam brigando e um ameaçou tocar fogo no outro. Quando o fogo começou eles saíram correndo”, comentou a comerciante Eduarda Muniz. Conforme o comerciante Ricardo José da Silva, um dos criminosos havia ligado o botijão de gás de uma das barracas, causando um estouro pouco tempo depois.

As pessoas apontadas como responsáveis são conhecidas no bairro. Segundo Eduarda Muniz, eles são Hugo e Estéfani. “Hugo já foi preso por ter ferido uma pessoa com uma faca aqui perto. A mulher também brigou recentemente com uma gestante”, detalha a comerciante. “Mas não são só eles, aqui está cheio de mau elemento. Se divulgarem os rostos dos dois o que não vai faltar é vítima dos assaltos deles. Aqui é a ‘Cracolândia’ pernambucana”, ela criticou.

Das seis barracas, apenas três estavam operando atualmente. Entre as desativadas, uma já tinha sido invadida para abrigar os usuários de drogas. A dona Josineide Roberta da Silva foi uma das pessoas que teve o seu local de trabalho destruído. Ela costuma chegar só à tarde, mas soube da notícia e veio ver a destruição com seus olhos.

“Destruíram tudo que eu tenho”, disse Josineide aos prantos, assim que chegou ao local. O estabelecimento comercial era sua única fonte de renda.

Outra vítima do incêndio foi o casal Nelson Francisco e Ana Paula Andrade. “Perdemos dois freezers, microondas, fogão, panelas...”, cita Nelson. Os dois estavam há mais de seis meses no local provisório. Antes, trabalhavam há quase 30 anos no terreno em que foram retirados para obras. 

A vendedora Rita Bezerra de Menezes tem um dos barracos improvisados logo ao lado dos que foram atingidos pelo fogo. Ela agora está com medo que outro caso semelhante ocorra. “Eu já estou esperando o fogo nessas paredes de tábuas fofa”, diz. Ela voltava da caminhada quando viu a fumaça. “Saí correndo. Comecei a retirar tudo que podia, televisão, documentos... Eu ainda estou pagando meu freezer”.

"Eu quero muito sair daqui", revela Rita, lembrando que a prefeitura prometeu a realocação para agosto do ano passado, adiando para depois das eleições e, por último, para depois do Carnaval. De acordo com a vendedora, a falta de segurança é o maior problema. “Antes eu fechava lá pras 22h, 23h. Hoje é perigoso e às 17h30 eu já estou fechando”. 

A primeira etapa de recuperação e implantação de passeio no Cais de Santa Rita foi iniciada no primeiro semestre de 2014 e devia ter sido encerrada em quatro meses. No local será implantada uma praça de alimentação. Segundo a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), nas segunda e terceira etapas será realizada a recuperação de pavimento, gradil e iluminação. O valor total do projeto é de R$ 3,5 milhões.

De acordo com a assessoria da Polícia Militar, o policiamento no  entorno do Cais de Santa Rita e Mercado de São José é feito pelo 16° Batalhão, através de rondas diurnas e noturnas da Patrulha dos Bairros, além de uma guarnição tática e três policiais em motopatrulha. A assessoria informou ainda que constantemente são realizadas operações na localidade com incursões policiais em combate à violência e ao tráfico de drogas. 

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