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O comandante do Exército, general Tomás Miguel Miné Ribeiro de Paiva, afirmou que, se o Brasil tivesse um aparelho policial - tanto a parte ostensiva como a parte investigativa - funcionando bem, haveria poucas ações de Garantia de Lei e Ordem (GLO) no País.

"A ação de GLO tem de ser interpretada como uma exceção. Só que o Estado não interpreta como uma exceção, interpreta como uma complementação. Na ausência do aparelho policial, na ineficiência do aparelho policial, você (Forças Armadas) vai lá e atua." Para Tomás, o modelo de GLO é inseguro e não produz um efeito duradouro. Ele completou: "inseguro para a população, se a tropa não estiver muito condicionada".

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As declarações do comandante do Exército estão no livro Forças Armadas na Segurança Pública: A visão militar, organizado pelos pesquisadores Celso Castro, Adriana Marques, Verônica Azzi e Igor Acácio (editora FGV, R$ 59,00, 328 páginas). Eles entrevistaram nos últimos dois anos 16 oficiais do Exército e da Marinha que participaram de ações na área da segurança Pública no Brasil desde 1992. Ali estão os generais Sérgio Etchgoyen, Walter Braga Netto e Richard Fernandez Nunes e o almirante Carlos Chagas Vianna Braga, além do coronel Romeu Antônio Ferreira, analisando como as "operações se desenvolveram e o impacto que tiveram entre os militares".

A entrevista de Tomás foi feita quando o general ocupava ainda o Comando Militar do Sudeste (CMSE), antes de ser nomeado, em 21 de janeiro, para comandar a Força Terrestre em razão da crise que opôs o presidente Luiz Inácio Lula da Sulva e o primeiro comandante do atual governo, general Júlio César Arruda depois dos eventos do dia 8 de janeiro, quando bolsonaristas invadiram e deprederam as sedes dos três Poderes, em Brasília. Diante da falha da PM do Distrito Federal de conter os vândalos, Lula se recusou a adotar uma GLO na cidade e, para restabelecer a ordem, decretou intervenção federal na segurança distrital.

Ao fazer um balanço de operações de GLO desde 1992 para os pesquisadores do livro, o general Tomás considerou que a atuação dos militares nesse tipo de ação "foi muito boa, porque a gente produziu muito pouca baixa em civis, em inocentes". "Você podia ter uma coisa muito pior. E é inseguro para a tropa porque o cara não se sente totalmente seguro para, dentro das regras de engajamento, atuar às vezes em defesa própria. Ele fica preocupado com as consequências que virão depois", disse.

Em 2012, o general comandou a Força de Pacificação da Operação Arcanjo VI, no Complexo da Penha e do Alemão, no Rio. Ele mal havia assumido o comando da 11ª Brigada de Infantaria Leve (Campinas) quando sua tropa foi deslocada para o Estado vizinho. "Então, tinha que visitar e conhecer as unidades e, ao mesmo tempo, ir para a operação. A operação foi de janeiro até, mais ou menos, abril, fiquei três meses."

O general conta que, na época, "tinha havido um desgaste natural (da ação), até da paciência da população, que vai se esgotando com aquela ocupação continuada". Seu contingente foi o escolhido para entregar a área às Unidades de Polícia Pacificadora. "Então, a gente sentiu a necessidade de dar uma retomada, de ser um pouco mais contundente, um pouco mais 'braço forte', menos 'mão amiga'." No Alemão, o general intensificou patrulhas, o que levou a mais confrontos com traficantes de drogas.

Haiti

Tomás comparou sua experiência no Rio com a que teve no Haiti, onde chefiou o sétimo contingente brasileiro, na Minustah. "No Haiti, a gente tinha muito mais liberdade de ação. Primeiro, porque era um país destruído. Então, quando você faz qualquer tipo de ação humanitária, aquilo ali é muito bem aceito e muito rápido. Eles precisam de tudo. O controle democrático é muito menor, então aumenta, muito mais, a responsabilidade daquilo que você vai fazer. Se você tinha que investigar, entrar em uma casa... com respeito, você entrava. Não tinha como buscar um juiz, porque não havia", disse.

Para ele, era necessário haver no Haiti um equilíbrio e um comedimento muito maiores na maneira de atuar do militar. "Você tinha saído de uma experiência de quase combate urbano para uma experiência de pacificação. Toda a ajuda humanitária, por exemplo, sempre dava uma confusão, porque era todo mundo faminto, todo mundo desesperado por tudo. Quando você ia distribuir comida, sempre dava em quebra-quebra, em gás de pimenta, alguma coisa… Era difícil, nesse aspecto aí. Mas o povo aceitava muito bem", afirmou.

O general relatou que no Complexo da Penha e no Alemão, a postura do militar era diferente. "O cara chega muito aberto, porque é a nossa gente. Na sua maioria, quase a totalidade, é gente séria, honesta, trabalhadora, mas que está acostumada a ser dominada por um porcentual pequeno de gente ligada ao crime organizado." O general realçou a importância da idoneidade das informações para atuar em uma GLO. "O crime organizado é difuso. Se você tiver (entre a população da comunidade) 1% ou 1,5% dessas pessoas que estão ligadas ao crime organizado, dá o que? Três mil, 3,5 mil pessoas ligadas ao crime organizado que dominam 240 mil pessoas. Então, ficou difícil, como a gente fala, 'conquistar coração e mente'."

O general afirmou que ao chegar ao complexo pensou em usar a experiência do Haiti e tentar ajudar as pessoas com ações humanitárias. "Era mais difícil, porque você não identificava as lideranças e nem identificava, efetivamente, quais eram as necessidades. Tem muita liderança, muita gente - ONG, líder comunitário, líder evangélico, Igreja Católica." De acordo com ele, a conversa com a comunidade não era fácil. "O desgaste que ocorreu… porque o tráfico de drogas nunca parou. Lá no Haiti, não tinha tráfico de drogas, porque a população é tão miserável… O que tinha muito, no Haiti, era arma."

Ele conta que no Rio o Exército também encontrou "muita arma". "Mas a gente conseguiu, efetivamente, com a Operação Arcanjo, diminuir o número de armas longas, que a gente tinha ali expostas de uma maneira ostensiva, o tempo todo; o tráfico de drogas, não." E concluiu: "Em nenhum momento a gente conseguiu que a venda de droga para varejo parasse. Porque a venda de drogas já é doméstica. Pelo menos essa foi a minha leitura."

O general concluiu seu relato sobre a ação no Alemão e na Penha afirmando que a efetividade da operação durou "um tempo" no qual se conseguiu diminuir o "estado calamitoso de descontrole de Segurança Pública naquela área". "Mas, depois, volta. Esse é o problema." Para ele, a GLO não vai resolver o problema. "Quem tem que resolver o problema é o Estado como um todo. O Estado tem que aportar recursos, aportar pessoas, conduzir políticas públicas para mudar aquele status quo que é o cerne de onde prolifera a insegurança pública."

A exemplo do governo Lula, que preferiu a intervenção no DF a uma decretação de GLO, Tomás também faz um balanço diferente da ação do Exército durante a intervenção federal na Segurança Pública do Rio, em 2018. Segundo ele, ali, efetivamente, a Força teve oportunidade de mexer no aparelho policial. "Aí, tem um cara que foi craque nesse negócio, que é o general Richard (Nunes), meu companheiro no Alto Comando. Esse camarada atuou no coração das polícias, botando gente séria." Tomás considerou o resultado da intervenção "bem consistente". "Aí, quando houve a eleição, mudou o governo. O novo governador (Wilson Witzel) optou por modificar todo o esquema. O legado da Intervenção, ele praticamente mudou tudo."

Por fim, para o general, a presença nesse tipo de operação tornou o Exército diferente. "Ele evoluiu com as experiências e as lições aprendidas nas operações. Por exemplo, as coisas, hoje, não se resolvem só no domínio físico, no domínio dos equipamentos, dos meios, dos materiais - blindados, armas, munição... Não. Hoje, você tem que ter superioridade de informações, tem que ter um domínio informacional maior, melhor." Segundo ele, é preciso construir uma narrativa baseada na legalidade que, ao mesmo tempo, proporcione "maior sinergia, que comunique bem". E ter inteligência integrada e esclarecimento para a população, além de comunicação social. "Você tem que trabalhar nas redes sociais. Você tem que trazer a comunidade para junto (de você)."

O dia 21 de janeiro marca o combate à intolerância religiosa no Brasil. A data é uma forma de reforçar o diálogo inter-religioso e a troca intercultural como eixos fundamentais para solucionar os maiores desafios do mundo atual.

A data foi instituída em 2007 e homenageia a Iyalorixá Mãe Gilda. A ativista e líder candomblecista foi vítima de um infarto fulminante depois que o terreiro Abassá de Ogum, na Bahia, foi invadido duas vezes por membros de uma igreja cristã na virada dos anos 2000.

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A religião católica chegou ao Brasil com a coroa portuguesa como a oficial do império e acabou marginalizando as práticas negras e originárias. Nessa realidade, índios e escravos precisaram recorrer ao sincretismo para que suas culturas sobrevivessem em meio à imposição da cultura dominante. 

"Foi-se gerando dentro do cristianismo uma certa dificuldade de respeitar e permitir que outras culturas vivessem a sua própria experiência religiosa. A ideia da conversão significa tirar o outro da sua religião, inserindo o cristianismo como sendo a única religião verdadeira", analisou o doutor e coordenador do curso de Teologia da Universidade Católica de Pernambuco, Sérgio Vasconcelos.

De acordo com o especialista, os maiores conflitos religiosos do mundo são provenientes do fundamentalismo. Apesar das diferenças naturais, o cristianismo, o judaísmo e o islamismo nasceram das raízes do patriarca Abraão. As três alimentam seus fieis com a ideia de missão e estão presentes na maioria desses conflitos. O cristianismo fala em anunciar a "verdade" ao mundo. O judaísmo defende a ideia do povo escolhido. Enquanto o islamismo cita a guerra santa.

Vasconcelos explica que apesar dos aspectos que podem culpabilizar essas religiões, a realidade dos ataques parte de dois pontos. O primeiro é a interpretação distorcida dos valores de cada religião e de suas escrituras. O segundo é a insegurança causada pelas revoluções que aceleraram o processo de globalização. 

O pesquisador define a religião como uma construção de estrutura de sentido para a existência humana. Antes, cada cultura construía seu sentido com a ilusão de que ele era único e universal. Entretanto, o mundo moderno fez com que a imensa pluralidade de ofertas de sentido tivesse contato.

"Uns vivem essa pluralidade com certa facilidade, mas outras pessoas, de outras culturas, dependendo dos seus contextos, vivem isso com muita insegurança. Quanto mais psicologicamente inseguro é uma pessoa ou um grupo, mais uma tendência fundamentalista ela tem. Por trás de todo fundamentalista há uma pessoal tipicamente insegura", observou o teólogo.

Nesse contexto, a religião acabou se distanciando da própria finalidade e expôs a necessidade de um diálogo comum na busca por respostas ao sofrimento humano. Mesmo com as estruturas diferentes, há temas que convergem na atual agenda mundial, como a luta por justiça social, a preservação da natureza e a paz. 

Esses assuntos são a válvula para mitigar os prejuízos da intolerância religiosa. Ao mesmo tempo, uma relação mais próxima vai promover um intercâmbio entre as riquezas éticas e simbólicas de cada crença.

"A maturidade psíquica convive com a pluralidade, o que não significa que eu aceito, mas eu sou capaz de respeitar que o caminho dele é outro", complementou Vasconcelos, que parafraseou o teólogo pós-moderno Hans Küng: "sem paz entre as religiões não haverá paz no mundo”.

Lisa Kudrow que é conhecida por protagonizar a personagem Phoebe Buffay deu uma entrevista recentemente para o podcast Podcrushed e a atriz comentou como achava que suas amigas de Friends, Courteney Cox e Jennifer Aniston, pareciam melhores do que ela.

Além de demonstrar essa fraqueza com seu trabalho e corpo, Lisa ainda contou que ficou querendo mudar sua aparência depois de ver suas colegas de elenco no set, e começou a entrar em uma paranoia de que precisava perder peso.

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- Eu achava que era muito magra… Especialmente no ensino médio. E eu olho para as fotos e digo: Uau, as fotos realmente distorcem a realidade. E então foi em Friends que eu percebi, Oh, eu não pareço como eu pensei que parecia. E isso é o que foi tão chocante, e foi quando pensei, Oh, eu tenho que realmente perder peso? Eu tenho que fazer dieta? Droga.

Atualmente a atriz está com os seus 53 anos de idade e revelou que pediu para as duas amigas de seriado a acompanharem para comprar roupas para ver se o seu problema era de fato apenas estilo. Na época, ela contou que achou que não se tratava apenas de alfaiataria.

- Não estou tentando dizer que estava acima do peso. Não estava. Só não tinha ideia da forma do meu corpo real.

Anos se passaram e, claro, Lisa amadureceu bastante e aprendeu a aceitar o seu corpo e a amá-lo do jeitinho que ele é.

- Acabei de perceber: Oh, não - está tudo bem. É assim que eu pareço. Tudo bem. Faça o que você precisa para ser saudável, mas este é o seu corpo e está tudo bem.

Mais da metade dos brasileiros se sentem inseguros de andar sozinhos à noite nas ruas. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, feita no último trimestre de 2021 e divulgada hoje (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o percentual de pessoas que se sentem inseguras ou muito inseguras para sair às ruas depois que o sol se põe chega a 51,7%.

A maior sensação de insegurança foi observada na Região Norte, onde o percentual chega a 60,4%. No Sul,a sensação é menor, atingindo 38,1% das pessoas. Nas demais regiões, os percentuais são: Nordeste (54,4%), Sudeste (53,1%) e Centro-Oeste (50,4%).

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“É um período associado a menor fluxo de pessoas, a ruas mais vazias, menos iluminadas. Isso é um fator gerador de medo e insegurança”, diz a pesquisadora do IBGE Alessandra Brito.

O percentual de brasileiros inseguros durante o período diurno é menor: 20,3% dos brasileiros têm medo de andar sozinhos nesse horário. Na média, a sensação de insegurança em qualquer hora do dia atinge 28,8% dos brasileiros.

A pesquisa também ouviu dos entrevistados se eles se sentiam seguros dentro e fora de casa. Aqueles que têm sensação de segurança dentro do domicílio chegam a 89,5%. Aqueles que se sentem seguros em seu bairro caem para 72,1% e aqueles que dizem sentir segurança ao circular pela cidade como um todo despencam para 54,6%.

Quando analisadas as zonas urbana e rural, o percentual de sensação de segurança dentro de casa é praticamente o mesmo (89,5% para a cidade e 89,6% para o campo). Mas quando analisada a sensação em relação ao bairro e à cidade, há divergências.

Na zona urbana, as pessoas que dizem se sentir seguras no bairro são 70,2% e, na cidade como um todo, 52,8%. Na zona rural, a sensação de segurança no bairro atinge 84,3% das pessoas, enquanto aqueles que se sentem seguros na cidade como um todo são 66,5%.

As mulheres, em geral, se sentem mais inseguras que os homens. Aquelas que sentem seguras em casa são 88,6%, no bairro, 69,5% e na cidade, 51,6%. Por outro lado, os percentuais para os homens são de 90,5%, 75% e 58%, respectivamente.

As vítimas de roubos e furtos também demonstram menos segurança. Enquanto entre as pessoas que não sofreram roubo no último ano, 71,6% se sentem seguras, entre as vítimas de roubo, a proporção daqueles que se sentem seguros cai para 37,6%.

Os maiores riscos de vitimização percebidos pelos brasileiros são ser assaltado ou ter seus carros, motos ou bicicletas furtados. Segundo a pesquisa, 40% dos entrevistas percebem risco alto ou médio de ser assaltado nas ruas, 38,1% de ser assaltado no transporte coletivo, 37,2% de ter carro, moto ou bicicleta roubado/furtado e 29,5% de ser roubado dentro de seu domicílio.

Homens x mulheres

Comparando homens e mulheres, os entrevistados do sexo masculino têm mais medo (13,5%) que as mulheres (8,5%) de ser vítimas de violência policial. Além disso, 13,4% dos homens têm medo de ser confundidos com bandidos, enquanto entre as mulheres esse receio só atinge 6,9% delas.

O medo de ser vítima de agressão sexual atinge mais mulheres (20,2%) do que homens (5,7%). “Em geral, as mulheres têm percepção de risco alto e médio maiores para quase tudo [ser assaltada, ter sua casa assaltada, ser vítima de violência física, ser assassinada, estar no meio de um tiroteio etc], mas a diferença mais gritante é ser vítima de agressão sexual”, explica Alessandra.

Brancos x negros

A pesquisa também mostra que os negros têm mais medo de ser vítimas da polícia, de ser assassinados ou ser baleados do que os brancos. Em relação à violência policial, 12,8% dos negros têm receio de ser vítimas, enquanto entre os brancos esse medo atinge 8,5%. O medo de ser confundido com bandido pela polícia afeta 12,5% dos negros e 6,8% dos brancos.

Os negros que percebem risco médio ou alto para bala perdida são 18,3%, para estar no meio de um tiroteio, 18% e de ser assassinado, 14%. Para os brancos, os percentuais são de 14,2%, 13,9% e 11,5%, respectivamente.

O risco de ser sequestrado, por outro lado, é percebido mais por brancos (13%) do que por negros (10,6%).

Mudança de hábito

O medo da violência também faz com que muitos brasileiros mudem seus hábitos. De acordo com a pesquisa, mais da metade das mulheres evitam atitudes como chegar ou sair muito tarde de casa (63,6%), ir a caixas eletrônicos de rua à noite (57,2%), usar o celular em locais públicos (57,6%), ir a lugares com poucas pessoas circulando (56,6%) e conversar com pessoas desconhecidas em público (55,2%).

Os homens também buscam evitar as mesmas coisas que as mulheres, mas em proporção menor: chegar ou sair muito tarde de casa (49,4%), ir a caixas eletrônicos de rua à noite (48,9%), usar o celular em locais públicos (44,7%), ir a lugares com poucas pessoas circulando (42,8%) e conversar com pessoas desconhecidas em público (42,8%).

Sobre o papel da informação na sensação de insegurança, o IBGE mostrou que 77% das pessoas que não se informam sobre violência se sentem seguras, contra 73,4% dos que se informam por redes sociais, 70,7% por rádio e TV, 70,2% por conversas com parentes e amigos, 69,1% por jornais ou revistas impressos e 68,4% por jornais e revistas na internet.

A maioria dos brasileiros também busca tornar sua casa mais segura. De acordo com a pesquisa, 68% dos domicílios do país têm algum dispositivo ou profissional para segurança. No Sul, o percentual chega a 76,2%, enquanto no Nordeste a parcela é de 60,8%.

As travas, trancas ou fechaduras reforçadas respondem por 41% dos mecanismos de proteção, seguidas por muros altos e/ou com cacos de vidros e arame farpado (35,5%), cachorro ou outro animal de proteção (29%) e câmeras ou alarmes (17,1%).

Os moradores da cidade de Olinda, na Região Metropolitana do Recife, estão convivendo com o medo e a insegurança. Segundo os olindenses, nada escapa dos bandidos, que estão furtando tudo o que conseguem levar e que seja de valor - até flores já foram levadas. Por conta dos roubos e furtos constantes, moradores do Sítio Histórico de Olinda estão em protesto, colocando na frente de suas casas um pedaço de TNT preto, em “luto” pela situação da localidade.

A artista plástica e empreendedora Haia Marak, 51 anos, mora no Sítio Histórico há 10 anos e é uma das vítimas dos pequenos delitos que estão acontecendo. Ela destaca que a insegurança vem aumentando nos últimos anos, principalmente desde o início da pandemia da Covid-19. 

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“Sempre houve a insegurança, mas não assim tão descaradamente, à luz do dia. Atrás da minha casa já roubaram minha caixa d’água, na frente da minha casa já roubaram duas vezes a luminária. Tudo o que eles reconhecerem como metal, como ferro e que possa ser vendido, eles levam”, revela Haia.

Morando em Olinda quase metade de sua vida, o aposentado Caio José não teve nem o direito de curtir a sua orquídea decorando a sua casa, já que ela foi levada pelos bandidos. O olindense acredita que a criminalidade está crescendo na cidade por conta da situação de miséria das pessoas. “O pessoal mora na rua e vem catar o que puder”, comenta.

“Há dois anos, eles pularam o muro da vizinha, subiram o telhado que é conjunto, abriram a minha casa e roubaram duas televisões, meu computador, minha máquina de furar. O incrível é que eles pegaram as televisões, vestiram na fronha da cama, abriram a porta e ainda deram duas viagens levando as coisas. Isso aconteceu por volta das 17h”, lembrou Caio, que destaca a audácia dos criminosos.

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Mas engana-se quem pensa que é só a insegurança que persegue os moradores de Olinda. Na rua Lauro Alcoforado de Melo, no bairro do Varadouro, há sete anos que os populares lutam pela iluminação pública do espaço. Sem a assistência do poder público, a solução foi se juntar naquela velha “cotinha”, onde cada um dá o que pode, para comprar a fiação, as lâmpadas e pagar o eletricista. 

Ivanice Barbosa de Albuquerque, 40 anos, já chegou para morar na rua na época que não existia a iluminação fornecida pelo poder público. “A gente liga para a prefeitura, mas nada se resolve. Nós, da vizinhança, compramos fio e fazemos a nossa própria gambiarra porque se depender da iluminação pública é só nas escuras. A gente nem espera mais [o auxílio da Prefeitura de Olinda]”, destaca a moradora.

Além da falta de iluminação, os moradores temem a chegada das fortes chuvas na localidade. Sempre que cai água do céu, os populares já sabem que - dependendo da quantidade de água -, sair de casa só com o auxílio de botes e até pequenos barcos. 

Selma Cavalcanti, 63 anos, explica que quando chove, a água não tem para onde escoar na rua, o que facilita o alagamento. “As canaletas são todas entupidas. Não tem manutenção por parte da prefeitura, que deveria limpar e fazer mais canaletas para que quando a água descer do alto pra cá, tenha pra onde ir. A gente já falou com a prefeitura, mas só tem promessa do prefeito daqui”, conta Selma.

Posicionamentos

A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE), disse que as forças de segurança estão atuando no Sítio Histórico de Olinda e que os suspeitos de furtos e depredação nas ruas da localidade foram identificados e presos recentemente pelas polícias Civil e Militar.

Garantiu ainda que, em trinta dias, a Polícia Civil concluiu e remeteu ao Ministério Público de Pernambuco três inquéritos policiais sobre crimes patrimoniais no Sítio Histórico. "Outros casos registrados na Delegacia do Varadouro seguem em apuração. São moradores de rua e, pelos crimes cometidos serem considerados de menor potencial ofensivo, conforme Código Penal Brasileiro, terminam voltando às ruas e praticando novamente os mesmos delitos", diz a SDS.

A pasta assegurou que a Delegacia do Varadouro e a Companhia Independente de Apoio ao Turista (CIAtur), responsáveis pelo território, estão trabalhando de forma integrada para prevenir e reprimir crimes, protegendo a comunidade e o patrimônio histórico.

"Reuniões sistemáticas têm sido feitas pela Ciatur com a prefeitura para potencializar as ações integradas que impactem na ordem e tranquilidade da população, com a qual a companhia mantém canal de comunicação direto. Entre as pautas, estão melhorias na infraestrutura do Sítio e o planejamento para os eventos dos finais de semana e feriados", destacou a secretaria.

O que diz a prefeitura

Por meio de nota, a Prefeitura de Olinda esclareceu que, no que se refere a manutenção da cidade, "que realiza um trabalho sistemático de manutenção das vias da cidade, incluindo ações de limpeza, manutenção, pavimentação, entre outros. Nos últimos meses, mutirões de recapeamento asfáltico devolveram a mobilidade para pedestres e condutores, em cerca de 50 ruas e avenidas, incluindo também medidas de drenagem e renovação de calçadas".

Em relação a segurança pública no Sítio Histórico, a prefeitura reforçou que esté segmento é realizado pela Companhia Independente de Apoio ao Turista (CiaTur), braço da Polícia Militar, sob a responsabilidade do governo estadual. 

"No entanto, o município destaca que mantém um constante diálogo com as forças de segurança, prezando sempre pelo bem-estar da população. A gestão da cidade, por meio da Guarda Municipal, realiza um sistema de patrulhamento preventivo, dispondo de guarnição, com roteiro de rondas previamente definido", relata.

A Prefeitura de Olinda garantiu que a gestão da cidade "está em alinhamento para disponibilizar um espaço para que seja montada uma Delegacia Móvel bem próxima aos locais de maior concentração de foliões, ampliando a segurança para moradores e visitantes", principalmente neste período de prévias carnavalescas. 

Iluminação

Por fim, sobre os apontamentos realizados na iluminação da Rua Lauro Alcoforado de Melo, no Varadouro, a diretoria responsável informou que uma equipe técnica já foi ao local na quarta-feira (26), e identificou a necessidade da instalação de luminárias em quatro pontos. 

"A ausência se deu em virtude da implantação, pela concessionária Neoenergia, de postes sem lâmpadas, não ocorrendo a devida comunicação para o município. No entanto, a Prefeitura de Olinda vai realizar a devida instalação, até esta segunda-feira (31), além de verificar a necessidade de manutenção em toda a extensão da via, sanando o problema em definitivo.

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O Dia do Professor, comemorado em 15 de outubro, foi oficializado em 1963 por meio do decreto federal nº 52.682, durante o governo de João Goulart. O dia faz alusão ao 15 de outubro de 1827, quando D. Pedro I instituiu a Lei Imperial do Ensino Elementar que criou os cursos primários.

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 Apesar da celebração, os professores brasileiros amargam dúvidas e insegurança, devido às últimas medidas tomadas pelo governo federal, como o contingenciamento de verbas. No primeiro semestre, em maio, o governo anunciou o bloqueio de 14,5% da verba que seria destinada ao Ministério da Educação (MEC). No fim de setembro, o bloqueio foi de R$ 1,1 bilhão, fazendo parte do contingenciamento de mais de R$ 2,6 bilhões no orçamento da União.

 Para Leila Almeida, doutora em Educação pela Universidade Federal do Pará (UFPA), professora no curso de Pedagogia na UNAMA – Universidade da Amazônia e pesquisadora, as atitudes tomadas vão na contramão do progresso econômico e do desenvolvimento da nação. “As universidades são as maiores produtoras de pesquisas e descobertas científicas no Brasil. A ciência se faz pela educação, sem seu total financiamento a própria dinâmica econômica, social, biológica, tecnológica sofre graves consequências”, diz.

 Em meio ao cenário atual, Leila acredita que o Dia do Professor deve ser para repensar as ações governamentais de valorização ao profissional. A professora avalia esse quadro como um sinal de alerta da democracia. Ela destaca que “é na democracia que a experiência da formação cidadã e humanizada é possível, justamente por levar a mudanças na realidade social”.

 Leila busca incentivar seus alunos aprofundando o conhecimento, aproximando o saber acadêmico à vida real e transformando informação em conhecimento.

 Incentivo aos professores

Leila Almeida destaca que o Dia do Professor é data de compreender o lugar do profissional de educação no desenvolvimento humano, ético e político de uma sociedade. “A educação pública brasileira precisa ser pensada com absoluta prioridade”, avalia. “Nossas crianças e jovens precisam não só ter acesso à escola, mas a garantia de sua permanência em uma instituição de qualidade.”

 Mara Aguiar é professora de História do Estado há 22 anos. De acordo com a docente, “o professor é insubstituível para a construção da sociedade”.

“A valorização do professor é um dos primeiros passos para garantir uma educação de qualidade”, diz. “A atuação do docente tem impacto dentro e fora da sala de aula, principalmente no desempenho dos estudantes, na qualidade da escola, no progresso do país. Então, em termos de valorização, o primeiro passo é remuneração adequada.”

Segundo Luiz Carvalho, professor da rede privada de ensino, a data é o reconhecimento de um profissional que a cada dia se aproxima da inexistência. Ele também aponta para remuneração igualitária. “O professor deveria ser o profissional mais bem pago de todos”, afirma. “Porém a verdadeira valorização vai além do financeiro, porque o conhecimento repassado é imaterial. Acredito que o professor deva ser amado.”

“Nós, professores, não podemos, jamais, esquecer que, na natureza, todos os recursos que estão disponíveis agora são finitos. A água é finita, os minerais são finitos. Nós, professores, trabalhamos com o único recurso que é inesgotável no mundo, que é a inteligência humana. Pela educação, eu acredito, sim, que a gente pode fazer uma revolução", sentencia Leila Almeida.

"Quando vemos um jovem galgando caminhos do bem, realizado, não há melhor reconhecimento do que esse. Eu aprendi uma frase que diz: quem tem coragem para falar, sempre encontrará alguém com coragem para ouvir. Porém, modificando um pouco, eu diria: quem tem coragem de ensinar, encontrará alguém com coragem para aprender", assinala Luiz Carvalho.

Em seu portal na internet, o Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras em Educação Pública do Pará (Sintepp) divulgou a seguinte nota, pelo dia 15 de outubro.

"Ao longo dos anos a educação não tem sido prioridade no Brasil, e nós sempre fomos mal interpretados/as como o/a profissional que deveria apenas servir a sociedade, renunciando as nossas próprias vontades em função de outras… Ou seja, não se preocupam com nossos baixos salários, com os assédios, mas estamos aqui na luta por valorização profissional e pessoal, e por uma educação crítica e com liberdades fundamentais, em nossa incessante busca pelo pleno desenvolvimento da personalidade humana.

"Hoje, comemoramos sim, mas refletindo sobre nossa importância na vida do ser humano e na sociedade em que vivemos. Sabemos que muitos/as professores/as já tombaram para garantir os direitos que atualmente temos, mas o avanço da perseguição política-ideológica aos/as que lutam por uma educação crítica, reflexiva e emancipadora é gigantesco.

"O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação Pública do Pará – Sintepp (Regionais e Subsedes) parabeniza todos/as os/as professores e professoras que não desistem de lutar, de acreditar e de construir uma educação libertadora."

Na segunda-feira (17), a UNAMA - Universidade da Amazônia celebra o Dia do Professor no campus Alcindo Cacela, em Belém.

Por Lívia Ximenes e Sergio Manoel (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

 

Mesmo sendo considerado coração econômico, cultural e histórico, o Centro do Recife parece não contar com a segurança necessária para comerciantes, transeuntes e consumidores que movimentam a área da capital pernambucana.

São vários os relatos de furtos e roubos nos bairros que integram a área central do Recife. Maria do Carmo, 67 anos, moradora da cidade de Olinda, na Região Metropolitana, vai ao centro do Recife todas as quintas-feiras para participar da missa na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. E é na fé que Maria se apega toda vez que precisa sair de sua casa para as celebrações. “A gente vem com medo de usar um celular para se comunicar por receio que algum criminoso apareça e ‘dê o bote’. Eu mesma não posso nem correr atrás porque já não consigo. Aqui a gente tem que estar atento a tudo”, afirma.

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Estar atenta a tudo também é uma “tática” usada por Isla de Alencar, 42 anos. Moradora da cidade de Ouricuri, Sertão de Pernambuco, a mulher conta que sempre precisa vir na área central da capital para resolver questões pessoais por conta das limitações na cidade natal. 

“Eu nunca fui roubada porque tenho muita sorte e sou ‘ligada’, mas meu filho já presenciou um senhor sendo assaltado aqui na avenida [Dantas Barreto]. Nós não nos sentimos seguros porque não vemos policiamento, o que nos deixa receosos”, diz a dona de casa.

A sensação de insegurança fez com que comerciantes como Sérgio Roberto do Nascimento, 27 anos, perdesse parte de seus clientes. A família de Roberto é proprietária de um box de video game, no bairro de São José. Segundo aponta, nos últimos cinco anos o “abandono” do centro da capital pernambucana fez as pessoas buscarem mais os shoppings do que o comércio de rua.

“Você anda na rua hoje e é muito difícil ver um policiamento. A falta de segurança quebra muito. Hoje em dia, muitos clientes que a gente tinha deixaram de vir ao Centro do Recife por conta da insegurança”, analisa.

O jovem assegura que já presenciou vários roubos nas proximidades do seu local de trabalho e até assaltos a ônibus que transitam pela localidade. “É uma situação muito complicada. À noite fica muito esquisito”, ressalta.

Viatura fazendo ronda pela Avenida Guararapes. Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

Segundo dados da Secretaria de Defesa Social (SDS) o centro do Recife, que pertence à Área Integrada de Segurança - AIS 1, formada pelos bairros da Boa Vista, Cabanga, Coelhos, Ilha do Leite, Ilha Joana Bezerra, Paissandu, Recife Antigo, Santo Antônio, Santo Amaro, São José e Soledade, computou 306 ocorrências de Crimes Violentos Patrimoniais (CVP), no mês de fevereiro deste ano.

Ou seja, só em fevereiro foram quase 11 ocorrências por dia nos bairros que integram apenas a área central do Recife. A SDS garante que houve uma redução de 19% nos Crimes Violentos Patrimoniais quando comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 379 ocorrências.

A secretaria afirma que a segurança nesses bairros ganhou reforço de policiamento no final de fevereiro com o lançamento da Operação Impacto da Polícia Militar.

O reforço desse policiamento circula em locais estratégicos, nos horários considerados de maior necessidade de uma presença mais ostensiva nas ruas, com base nas estatísticas criminais da SDS. Ao todo, 416 policiais realizam policiamento ostensivo motorizado, com 36 viaturas lançadas no Recife e Região Metropolitana.

"As forças de segurança pedem a colaboração de moradores e trabalhadores da área no sentido de prestarem queixa à Polícia Civil, por meio da Delegacia, pela internet ou presencialmente", solicita a pasta.

Quem tiver informações de praticantes de furtos, roubos e outros tipos de violência podem fazer denúncias à Ouvidoria da SDS, com anonimato garantido, pelo telefone 0800.081.5001. O serviço funciona como um disque-denúncia.

A violência dentro de casa aumentou 17% na Região Metropolitana do Recife (RMR) em 2021. De acordo com relatório anual produzido pelo Instituto Fogo Cruzado, no ano passado 247 pessoas foram baleadas. Em 2020, houve registro de 212 vítimas, sendo 172 mortas e 40 feridas. Conforme o documento, em média, a cada três dias, duas pessoas foram baleadas dentro de casa. Das 247 baleadas, 192 morreram.

O Instituto lembra que na pandemia de Covid-19, além do uso de máscara e da vacinação, os especialistas recomendam evitar aglomerações e, sempre que possível, permanecer em casa para evitar a disseminação da doença. No entanto, no caso do Grande Recife, a violência armada é um problema e atinge pessoas dentro de suas residências.

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Na visão do Fogo Cruzado, os tiros disparados no interior das casas em 2021 tiveram, quase sempre, alvo determinado. Entre eles, somente quatro vítimas foram atingidas por balas perdidas na residência.

Para a coordenadora do instituto em Pernambuco, Edna Jatobá, esses crimes continuam, as pessoas não vão parar de matar por causa da pandemia e, agora, passam a procurar as vítimas dentro de casa. Ela acrescentou que mesmo com mapeamento diário, números assustam. A coordenadora fez uma comparação com o Rio de Janeiro, onde a violência também é alta e estampada na imprensa com frequência. Observou que o número não chega nem à metade dos dados referentes à região metropolitana do Recife.

“Isso evidencia o crescimento da violência, dos crimes de proximidade, que são aqueles em que a motivação pode ser dívida, feminicídio e outros, que estão aumentando em Pernambuco. Uma coisa é o crime cometido nas ruas, outra é quando acontece na casa do vizinho. Em plena pandemia, as pessoas evitaram sair às ruas para se proteger do vírus. Infelizmente, a violência foi parar dentro de casa”, disse.

Segundo o relatório, a violência armada provoca vítimas também entre jovens e idosos: 14 adolescentes, entre 12 e 17 anos, foram baleados no Grande Recife quando estavam dentro de casa e nove eram idosos com 60 anos ou mais.

Recife concentrou a maior parte das vítimas na região metropolitana, 74. Em seguida estão os municípios de Cabo de Santo Agostinho (42), Jaboatão dos Guararapes (36), Olinda (20) e Paulista (18).

Fogo Cruzado

O instituto utiliza tecnologia para produzir e divulgar dados abertos e colaborativos sobre violência armada. A intenção é fortalecer a democracia, por meio da transformação social e da preservação da vida. O laboratório de dados da instituição produz mais de 20 indicadores inéditos sobre violência nas regiões metropolitanas do Rio e Recife. A previsão é que em breve as análises sejam estendidas a outras cidades brasileiras.

Por meio de aplicativo de celular, o Fogo Cruzado recebe e disponibiliza informações sobre tiroteios, verificadas em tempo real, que estão no único banco de dados aberto sobre violência armada da América Latina. Os dados podem ser acessados gratuitamente. 

Pernambuco

Em resposta à Agência Brasil, a Secretaria de Defesa Social (SDS) de Pernambuco, responsável pela segurança pública no estado, disse desconhecer a metodologia e a base de dados da pesquisa, mas que as estatísticas oficiais indicam queda de um ano para outro. Conforme a pasta, em 2021 houve 506 homicídios com uso de arma de fogo praticados dentro de residências, enquanto em 2020 foram 567 casos. “Ou seja, em 2021 houve redução de 10,7% em relação ao ano anterior. É importante ressaltar que 70% dos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) estão associados ao tráfico de drogas e a disputas entre grupos criminosos rivais, constituindo a motivação mais frequente”, informou em nota.

De acordo com a secretaria, as forças de segurança pública do estado têm trabalhado de “forma incansável para reduzir a criminalidade, o que se verifica com a diminuição dos índices de homicídio”. Segundo a pasta, considerando toda a série de estatísticas da SDS, iniciada em 2004, no ano passado foram registradas as menores taxas de CVLI da história em Pernambuco. Os dados indicam que 3.370 homicídios notificados em 2021 corresponderam a 33,85 por 100 mil habitantes. Essa relação supera o resultado de 2013, que até agora era o mais baixo, com 34,13 por 100 mil habitantes.

A Secretaria de Políticas de Prevenção à Violência e às Drogas (SPVD) do estado informou à Agência Brasil que a pasta foi criada em janeiro de 2019, com a função de definir medidas preventivas que resultem na redução da violência e na implementação de políticas sobre drogas. O foco do trabalho é nos territórios onde a ocorrência de crimes violentos é maior, e, a partir daí, identificar a “população sob vulnerabilidade social, que costuma ser vítima ou autora de ações ilegais”.

As informações são consolidadas na plataforma de acompanhamento dos indicadores de segurança pública e ocorrências policiais Pacto pela Vida, que funciona há 15 anos. Em 2021, a plataforma registrou as menores taxas de crimes violentos letais intencionais (CVLIs) e crimes violentos patrimoniais (CVPs), desde que os delitos passaram a fazer parte das estatísticas do estado.

As recentes mortes violentas de duas mulheres em Nova York soaram todos os alarmes e reviveram as lembranças de décadas passadas, quando a cidade dos arranha-céus era um lugar perigoso para se viver.

Michelle Go, uma asiática-americana de 40 anos, morreu no último sábado ao ser empurrada por um homem esquizofrênico de 61 anos nos trilhos do metrô quando chegava um trem em alta velocidade na estação da Times Square.

Dias antes, em 9 de janeiro, a adolescente porto-riquenha Kristal Bayron-Nieves morreu baleada por um ladrão que tentava roubar um punhado de dólares que havia no caixa de um estabelecimento do "Burger King" de East Harlem (NYC).

São homicídios com um alto impacto emocional, que comoveram uma cidade cuja recuperação das sequelas econômicas e sociais da pandemia do coronavírus se alterou com a multiplicação dos casos atribuídos à variante ômicron e que deixou restaurantes e casas de espetáculo quase desertos.

Segundo dados da Polícia, em 2021 foram registrados 488 homicídios na cidade de quase nove milhões de habitantes, 4,3% a mais que em 2020, ano em que aumentaram radicalmente (468 por 319 em 2019).

"O número é pequeno, mas preocupante, porque há um aumento e não queremos voltar para onde estávamos há 25 anos, quando os índices eram quatro vezes mais altos", disse à AFP Jeffrey Butts, professor e pesquisador do centro de Justiça Criminal John Jay, da Universidade de Nova York.

- 400 milhões de armas -

O que diferencia os Estados Unidos de outros países é o "número de pessoas que têm acesso a uma arma de fogo e isso é o que causa a violência mortal", afirma Butts.

"Quando as pessoas não sabem navegar por meio de suas frustrações e conflitos com outros e quando tem uma arma em mãos, se tornam fatais", explica.

No início da pandemia, que afetou a cidade com especial virulência na primeira onda, houve um "salto" na compra de armas, lembra Butts. Na quarta-feira, uma bebê de 11 meses foi gravemente ferida por uma bala perdida no Bronx quando estava no carro de sua mãe.

Richard Aborn, presidente da Comissão de Prevenção do Crime, uma organização que trabalha para melhorar a segurança pública, vê "uma combinação de fatores" no aumento, não só de crimes violentos, mas também de roubos e estupros.

Além da proliferação de armas - no país circulam 400 milhões, mais de uma por habitante- e da pandemia de covid, que afetou especialmente os bairros e as populações mais vulneráveis, Arborn considera que os protestos contra a atuação policial pela morte de George Floyd, sufocado pelo joelho de um policial em maio de 2020, incidiu no aumento da violência.

A isso soma-se a recente reforma da justiça penal que pode ter criado a falsa sensação de que cometer um crime está menos penalizado do que antes, quando não é assim, explica Aborn à AFP.

Após a morte de Go, as autoridades voltaram sua atenção para as doenças mentais, particularmente entre a população de rua que, com as temperaturas frias e o aumento dos contágios da ômicron nos albergues, escolhem se proteger nas estações de metrô.

Adams, que assumiu o cargo em 1º de janeiro, anunciou no dia 7 que reforçará a presença policial no metrô nova-iorquino, usado todo dia por milhões de pessoas.

O tempo foi injusto com o prédio que acomodou o jornal Diario de Pernambuco por 101 anos e hoje observa a construção histórica se degradar no coração do Recife. Depredado por invasores e exposto ao vandalismo, o imóvel erguido em 1903 como um monumento da Praça da Independência se dissolve em pedaços, enquanto tenta resistir à incerteza do destino.

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Adquirido pelo Governo de Pernambuco em 2004, bastou o prédio de 118 anos ser desocupado para se tornar uma amostra do descaso com a preservação do patrimônio histórico do Recife.

Na realidade de 2021, o imóvel só permite ser referenciado como representação do abandono e da insegurança do cemitério de edifícios que é Centro da capital, cada vez mais distante da imponência que atraiu a rainha Elizabeth II em um passeio de conversível em 1968.

"É muito inseguro aqui. Semana passada eu esperava o ônibus, quando vi dois rapazes cercando um estudante. Deram um 'estouro' nele, tomaram o celular e a carteira, e saíram correndo", relata o segurança Josenildo Batista.

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Na mesma semana, um corpo foi encontrado com 16 facadas por volta das 13h, aos pés do prédio, que já repele pedestres há 17 anos. "A gente fica com medo de tá aqui na parada de ônibus porque de vez em quando saem dois caras daí de dentro. A gente prefere ficar mais lá na frente", explica o eletricista Gildo Dias.

Horas após a remoção do cadáver, ele conta que observou três homens despejando uma carroça de metralha dentro do local.

"Toda hora e todo instante é gente entrando e saindo. É um lugar que você nem pode trabalhar direito", descreve Luciano Francisco, que tem um fiteiro há mais de 10 anos ao lado da construção.

Lateral da construção coberta por uma tela desgastada para evitar acidentes. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Esconderijo para assaltantes e usuários de drogas, e banheiro público para a população que não tem um equipamento descente, o comerciante gasta cerca de R$ 30 reais por semana com incensos para que os clientes ao menos consigam se aproximar dos produtos. São duas caixas por dia.

"Se não tiver isso aqui fica difícil trabalhar. Todo dia eu tô indo comprar porque é um mau cheiro horrível", condena. "Qual o policiamento que a gente vê aqui? Nenhum. Antes tinha um trailer para enganar a gente", critica Josenildo.

Do outro lado de edificação, o taxista Pedro Rodrigues lamenta a negligência que fez as corridas despencarem. Na Praça do Diário desde a década de 80, ele lembra que a área deixou de ser lucrativa para causar prejuízo. "O povo tem medo e não vem. Para a gente fica ruim porque a clientela tem medo de vir até nosso ponto. Antes, até 22h da noite a gente tava pegando corrida", aponta.

Projetos finalistas do concurso promovido pelo Porto Digial para requalificar a edificação. Divulgação

Em 2018, o imóvel foi tombado pelo Conselho Estadual de Cultura e ganhou esperança de ser requalificado. Para Gildo, a Praça da Independência deveria ser tão preservada quanto o Marco Zero. Ele percebe o alto potencial turístico do Centro e reforça o pedido por atenção aos gestores. "Eu não sei onde tá o prefeito e o governador que não se sensibilizam com um prédio tão bonito", rechaça.

Dois anos antes, o Porto Digital lançou um concurso entre empresas de arquitetura e engenharia com contrato de R$ 420 mil para a execução de projeto de restauração e premiação de R$ 15 mil aos quatro finalistas. Apesar da escolha da proposta para readequar o prédio, a iniciativa não evoluiu.

O parque tecnológico explica que, apesar de ter aberto o concurso, "nunca chegou a receber o prédio do antigo Diário de Pernambuco em definitivo", por isso o projeto foi interrompido.

O patrimônio histórico funciona como depósito de resto de obras. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

O Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Administração, garantiu que já iniciou a fase interna para contratar projetos para reformar o imóvel. No entanto, não deu o prazo para a definição da atual etapa e ainda não sabe o que fazer com o prédio.

"O Governo está analisando os cenários para melhor utilização do patrimônio, sendo provável a instalação de órgão ou serviço público de relevância para a preservação da história de Pernambuco", sugere.

Ao LeiaJá, a Prefeitura do Recife informou que só passa a ter relação com a construção caso haja risco de desabamento e não comentou sobre a instalação de banheiros na Praça.

A última ação foi em 2018, quando a gestão trocou 9 postes, com 24 luminárias em LED e dois refletores. Um gasto de R$ 50 mil. Ainda sem apontar prazos, a Prefeitura ressaltou que está na fase final do "Escritório de Gestão do Centro do Recife", que vai ser responsável pela "gestão integrada do bairro do Recife e dos bairros de São José e Santo Antônio".

O objetivo é que o Escritório possa "promover a manutenção e limpeza urbana, a otimização de licenciamentos e autorizações municipais, articulação com o Governo do Estado para maior segurança ao comércio local e demais setores produtivos, ações de desenvolvimento econômico, urbanístico, de moradia, de mobilidade urbana, cultural, dentre outras medidas".

Local de eventos históricos, ficar próximo à antiga redação é um perigo aos transeuntes. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Em relação à insegurança da localidade, a Secretaria de Defesa Social (SDS), em nome da Polícia Militar (PM), informou que já aprimorou e dinamizou o policiamento no entorno do prédio com rondas motorizadas e a pé.

Sobre o trailer, para a SDS, a retirada "aumentou o raio de prevenção a crimes, uma vez que, fixos na base, os policiais ficavam com sua possibilidade de intervenção reduzida".

A pasta acrescenta que a Praça da Independência é coberta pela operação CERNE, "através do policiamento na modalidade a pé, no 2º, 3º e 4º turnos. O local conta ainda com a Operação TELUM, que atua fiscalizando as praças do centro do Recife, a fim de inibir a criminalidade. No último trimestre, foram apreendidas 36 armas brancas através da ação".

A queda do muro do metrô em cima de Kemilly Kethelyn, de oito anos, durante uma festa de Dia das Crianças na Favela do Papelão, no bairro do Coque, área Central do Recife, evidenciou o grave risco estrutural que aflige os moradores do entorno do sistema da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). O LeiaJá percorreu os arredores de quatro estações e identificou que as condições de insegurança se repetem ao longo da extensão das barreiras que dão acesso à linha eletrificada.

Em trechos das estações Joana Bezerra, Mangueira, Santa Luzia e Cavaleiro, a falta de reparos é percebida na degradação dos muros, que vulnerabiliza até mesmo quem caminha na área. Ferragens expostas, buracos, pedaços quebrados e a instabilidade das armações expõem o perigo iminente de queda das estruturas de concreto.

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A falta de algumas placas e de arames farpados ainda facilitam a invasão ao sistema, e torna comum ver pessoas transitando próximo aos trilhos. Além do perigo à vida, a negligência quanto à manutenção incide no bolso dos usuários, já que o serviço precarizado tem uma rotina de superlotação e é, segundo a CBTU, a condição decorrente do rendimento incompatível com os gastos necessários para garantir um sistema de qualidade.

“É sabido que o orçamento de custeio da Companhia é menor do que a necessidade existente, motivo esse que se faz necessário agir sobre demandas, mas sempre prezando pela segurança e confiabilidade do sistema”, argumentou em nota enviada ao LeiaJá.

O que diz a CBTU

No comunicado, a empresa explicou que, após o acidente com a menina no Coque, realiza vistoria sobre os 71km de muros e que as demandas serão enviadas ao setor de manutenção. O levantamento ainda não foi concluído.

A companhia reforça que as placas são “constantemente perfuradas para entrada ilegal no sistema, sofrem com ação do fogo na queima do lixo por parte das comunidades, sofre com o esgoto não encanado e com construções irregulares. Onde não há ações do tipo, as placas mantêm sua estrutura em perfeito estado”.

Nos primeiros dez meses de 2021, a CBTU contabilizou 41 pedidos de manutenção em seus muros e garante que todos os locais foram vistoriados, inclusive, atendeu alguns de imediato pelo grau de urgência, enquanto os demais foram programados.

Sobre o caso de Kemilly, a CBTU explica que já atendeu aos pleitos da família e se comprometeu em oferecer “suporte social”. A empresa comunica que criou o Comitê de Monitoramento das Ações Necessárias para analisar as áreas de risco.

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Com a pandemia da covid-19, o isolamento social e as academias fechadas fizeram com que muitas pessoas tivessem que buscar novas alternativas para praticar atividades físicas e se manter em forma. Começar a pedalar pelas ruas mostrou-se uma opção muito viável. Porém, os riscos e a sensação de impotência acabaram se tornando companheiros dos ciclistas em seus giros pela cidade, após os acidentes fatais registrados nos últimos meses.

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Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), existem mais bicicletas no país do que automóveis - 50 milhões contra 41 milhões -, mas apenas 3% das viagens diárias são realizadas por ciclistas enquanto 25% são feitas por automóveis, informa a Agência Nacional de Transportes Públicos (ANTP). Muito dessa situação se deve ao medo de atropelamento e risco de morte.

Para o advogado, ciclista e administrador do grupo Bike Culture Belém, Yuri Motta, há muitas medidas que podem ser tomadas pelo governo para melhorar a condição dos ciclistas na cidade. "Uma das nossas principais reclamações é a falta de ciclovias. Em Belém, se não me engano, possuímos um pouco mais de 100km de ciclofaixas e a maioria não é interligada. Essa implementação de ciclovias é fundamental, juntamente com campanhas de conscientização sobre o uso e importância da bicicleta", disse.

Segundo a Assessoria de Comunicação do Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Asdecom, Detran- PA), estão sendo realizadas medidas de ação visando conscientizar condutores de veículos para os cuidados necessários em ruas e estradas com ciclistas. "O Departamento de Trânsito do Estado informa que tem realizado ações de educação enfatizando a segurança viária, como a campanha 'Ruas para a Vida', que propõe o estabelecimento do limite de velocidade de 30km para vias em que as pessoas e o tráfego de veículos mais se misturam. Além disso, também realizou a implantação de placas de sinalização na estrada da ilha de Mosqueiro sobre a presença de ciclistas ao longo da via e de radares nos pontos de maior incidência de acidentes", informou.

Yuri Motta comenta, no entanto, sobre o desrespeito sofrido por ciclistas tendo que dividir a rua junto com outros veículos, principalmente carros. "Eles não respeitam, eles chegam a te olhar e te ver, mas mesmo assim te ignoram, cortam cruzamentos e estacionam nas ciclofaixas", falou. 

O Departamento de Trânsito do Estado também informa sobre campanhas para diminuir os acidentes e esse desrespeito. "O Detran também reforça que, para a redução de acidentes envolvendo ciclistas, vem trabalhando intensamente em campanhas de educação voltadas para os mais diversos públicos, focando na segurança viária e direção responsável. Já em casos de acidente, o ciclista pode recorrer ao seguro DPVAT", expôs a assessoria.

O advogado Yuri desabafou sobre as recentes mortes de ciclistas que ocorreram pela cidade e sobre o sentimento que fica após esses ocorridos. "A sensação de impunidade faz com que nos sintamos impotentes e sem voz. O caso da Janice foi arquivado, o assassino da Claudinha está solto. Quantos mais vão ter que morrer para que algo seja feito? A bike cura, todos têm uma história por trás, um motivo para começar a pedalar. Então só queremos paz no trânsito e que os culpados paguem pelos seus erros", disse.

Yuri concluiu dando dicas sobre equipamentos essenciais para um pedal seguro pelas ruas da cidade. "O uso do capacete é indispensável, ele salva vidas. Os equipamentos de led na parte traseira e dianteira da bicicleta, SEJA VISTO, isso é muito importante. E o uso obrigatório de máscara também, não podemos nos esquecer disso", finalizou.

Por Haroldo Pimentel.

 

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Influenciada majoritariamente pela alta dos combustíveis (12,51%), a prévia da inflação na Região Metropolitana de Belém (RMB) ficou em 1,49% em março. Entre as 11 regiões pesquisadas, Belém registrou a maior alta no índice. Foi o maior resultado para um mês de março de toda a série histórica da pesquisa, iniciada em 2001 na RMB. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor 15 (IPCA-15), divulgado no dia 25 de março pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE).

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A priorização da exportação de produtos, em decorrência da desvalorização do real em relação ao dólar, fez com que o preço fique mais caro para o consumidor interno. O impacto direto desses números é o reflexo na alta de produtos essenciais, como arroz, carne, além de elevar os custos do transporte.

 O cenário se agrava pela manutenção do salário mínimo – reajustado para R$ 1.100,00 em janeiro de 2021, o que implica a diminuição do poder de compra dos cidadãos em Belém, como afirma o professor de Ciências Econômicas da (Universidade Federal do Pará (UFPA) Alexandre Damasceno. “A diminuição do poder de compra do consumidor logo impactará diretamente no seu consumo, inclusive na redução da alimentação, na compra de remédios etc. Outro problema é o aumento no desemprego, sendo explicado pela diminuição da produção, consequentemente teremos menos empregos na linha de produção”, afirma.

 O economista e professor doutor da UFPA Gilberto Marques esclarece que outro efeito direto da alta inflacionária é a redução da renda real. “Se antes, com R$ 100,00, você comprava dez quilos de carne, e esse valor dobrou de preço, agora você compra apenas cinco quilos de carne. Isso significa a redução da renda da população, uma desvalorização do real”, exemplifica.

Os desdobramentos explicados pelos professores Alexandre e Gilberto são uma realidade na vida da cabeleireira e dona de salão de beleza Daniele Padilha. “Eu, como profissional autônoma, tenho sentido na pele esse momento muito difícil que estamos vivendo. Diante da pandemia, o preço de tudo ficou elevado, nos levando a priorizar o que realmente importa: alimentação e saúde, deixando de lado o lazer”, destaca.

Além disso, a compra de alimentos é um fator que se torna crítico diante do contexto inflacionário. “Todas as vezes que vou ao supermercado, percebo que cada dia os itens ficam mais caros, nos levando a rever nossa cesta básica”, afirma Daniele.

O professor Gilberto Marques acredita que, para atenuar os fortes impactos da inflação, o estímulo a geração de renda e empregabilidade pelo governo é uma saída. “Em paralelo a isso, deveríamos ter política sociais para amenizar essa situação. As famílias também precisam readequar os gastos, ou trocar o consumo para itens mais baratos, além de encontrar fontes adicionais de renda – o que não é fácil em momentos de crise”, conclui.

Por Haroldo Pimentel e Roberta Cartágenes.

 

Apesar da insegurança imperante no Níger, 7,4 milhões de eleitores votam, neste domingo (21), no segundo turno da eleição presidencial, escolhendo entre o favorito, Mohamed Bazoum, herdeiro do atual presidente Mahamadou Issoufou, e o ex-presidente e opositor Mahamane Ousmane.

Quase dois meses após o primeiro turno, realizado em 27 de dezembro, os nigerinos escolherão entre os dois candidatos mais votados, Bazoum, beneficiado pela imponente máquina do governista Partido Nigerino para Democracia e Socialismo (PNDS) e Ousmane, presidente entre 1993 e 1996.

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Bazoum teve 39,3% dos votos no primeiro turno, e Ousmane, 17%.

O estudante Idrissa Gado, de 29 anos, foi votar logo cedo em Niamey. "O próximo presidente terá que combater os rebeldes. É a grande preocupação do Níger, queremos calma e segurança", pediu.

Bazoum votou na prefeitura de Niamey, onde veículos blindados e caminhões equipados com metralhadoras garantiam a segurança.

"Espero que o vencedor tenha sorte, e que ela esteja do meu lado. E tenho muitos motivos para acreditar que seja esse o caso", disse ele após votar, manifestante o desejo de que "a consulta transcorra em paz".

Acompanhado de suas duas esposas, o presidente em final de mandato, Mahamadou Issoufou, votou na mesma circunscrição. Ele destacou que "o Níger enfrenta imensos desafios: segurança, demografia, clima, desenvolvimento econômico e social, incluindo a questão sanitária, a covid-19 de imediato".

"Tenho orgulho de ser o primeiro presidente eleito democraticamente da nossa história a entregar o cargo a outro também eleito democraticamente. É um marco muito importante na vida política do nosso país", acrescentou.

Esta será a primeira vez que um presidente eleito sucederá a outro, em um país que sofreu golpes de Estado desde sua independência em 1960.

Já Mahamane Ousmane votou em um bairro popular de Zinder (sudeste), seu reduto e cidade natal.

- Milhares de soldados nas ruas -

Em todo território, votar é um dos principais desafios destas eleições, uma vez que o oeste é palco da violência de grupos jihadistas ligados ao Estado Islâmico (EI) e, no leste, operam jihadistas nigerianos do Boko Haram.

Milhares de soldados foram destacados para garantir a segurança da votação, "especialmente em áreas expostas à insegurança", disse um funcionário do Ministério da Defesa à AFP.

No Níger, as alianças mudam constantemente, mas são essenciais para ganhar a Presidência. Importantes partidos políticos deram seu apoio ao candidato da situação, algo crucial para Bazoum. Muitos duvidam, porém, que tal apoio se transforme em votos.

"A vitória não está garantida", disse à AFP Ibrahim Yahya Ibrahim, pesquisador do International Crisis Group (ICG).

Embora os eleitores da capital tendam a votar na oposição, em Zinder (sudeste), a segunda cidade, isso é menos previsível.

"O resultado em Zinder determinará o resultado eleitoral", disse um observador da política local à AFP, pedindo para não ser identificado.

Dezenas de observadores da Comunidade Econômica da África Ocidental (CEDEAO) foram destacados para acompanhar o processo. A oposição, que no primeiro turno se recusou a participar da Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI), agora participa dela.

Luciana Gimenez resolveu abrir o coração para os fãs e fez revelações que, certamente, surpreenderam muitos deles. A apresentadora, que trabalhou muitos anos como modelo internacional e estampou as capas de importantes publicações -, publicou um vídeo falando sobre autoestima e revelou que se acha feia. 

O vídeo, publicado no canal do YouTube da apresentadora, falava sobre autoestima. Luciana, então, revelou algumas de suas intimidades para abordar o tema. “Cheguei no meu quarto hoje, olhei para a minha cara e falei: 'Como vou olhar para a minha cara e falar de autoestima se eu estou sem nenhuma?'. Será que era para ser um vídeo motivacional? Se for, não vai dar certo. Porque eu não estou com nenhuma autoestima”.

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Além disso, a apresentadora desabafou dizendo o que acha de si mesma e como lida com as inseguranças. Eu me acho feia, acho que sou alta demais. Não gosto das minhas pernas, da minha bunda. A minha barriga é bonita, ok, mas como vou falar para as pessoas que estão me assistindo de autoestima? Estou nessa batalha todos os dias. Tento, a gente cai e levanta”, disse, acrescentando que faz terapia para trabalhar tais temas. 

Nos comentários, o público aplaudiu a coragem de Gimenez e elogiou bastante sua atitude. “A gente não conhece a pessoa e faz um julgamento errado. Lu, parabéns.  Quando a gente se enfrenta as coisas fluem melhor”; “Nunca imaginei que você tivesse problemas com autoestima, admiro sua coragem e verdade em assumir suas fraquezas. Você é inspiração”; “Fantástico seu depoimento! Que coragem”. 

A luz cai a todo momento nas casas da periferia de Macapá. Moradores reclamam que o rodízio no abastecimento não funciona como propaga o governo. O vai e volta da energia aumenta o desconforto e agrava o clima de insegurança nas ruas escuras da capital do Amapá. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro vende como normalizada a situação no Estado, a vida de moradores afetados pelo apagão segue repleta de improvisos e dificuldades.

Em transmissão ao vivo pelas redes sociais, Bolsonaro disse na segunda-feira que 70% da energia foram restabelecidos no Amapá e deu um prazo de nove dias para normalizar a situação. Quem percorre as periferia da capital percebe que a realidade é outra.

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Alguns bairros têm estruturas distintas da distribuição de luz.

Com isso, ruas da mesma área ficam com horários de rodízio diferenciados. A falta de energia afeta ainda mais a rotina dos moradores quando a cidade aparece em destaque nas listas da criminalidade. Com uma taxa de 54,1 mortes por 100 mil habitantes, Macapá está entre as dez capitais mais violentas do País segundo o Atlas da Violência 2019.

Em uma parte do bairro Pacoval, a energia só chega a partir da meia-noite e é suspensa às seis da manhã. Sem ventilador, dormir antes da madrugada é impossível. A falta de luz nos postes e dentro de casa também traz preocupação à família de Socorro Almeida, 42 anos, da professora de reforço escolar

Na casa dela moram 15 pessoas, entre adultos e crianças. Colchões são espalhados pela varanda para que os pequenos tentem descansar. A família fica do lado de fora, na calçada, em busca de ar fresco. "Como está tudo escuro, é perigoso ficar aqui", admite.

Como as baterias dos celulares acabam, é preciso recorrer a velas, que tiveram preços inflacionados. A caixa sai a R$ 7,50 e não dura mais do que uma noite. É uma despesa importante para quem tem renda baixa. Definitivamente, as coisas não estão normais na casa de dona Socorro nem na extensão dessa localidade, próxima ao centro da capital.

Para que mais luz natural entre na casa durante o dia, parte da mobília e dos eletrodomésticos da cozinha ficam de fora. A geladeira perdeu utilidade. Parte da comida estragou nos dias sem energia. Mesmo com o rodízio, os períodos não são suficientes para congelar a comida nem para gelar água suficiente para todos os moradores da casa. "Nós estamos bebendo água quente", contou a professora. Se decidem se dar ao luxo de uma coca-cola gelada no comércio local, pagam R$ 15 na garrafa, em vez dos R$ 8 cobrados antes do apagão.

Calor à noite

Na sensação térmica de quase 40ºC, a solução é beber água quente. No ócio das noites escuras, vizinhos discutem o que é pior: ter luz até meia-noite e passar a madrugada no calor ou suar até o início da madrugada para poder dormir com o ventilador ligado.

Filha de Socorro, Maria Clara Barbosa de Almeida, 20, cursa Serviço Social. Sonha dar uma vida melhor à família e ajudar profissionalmente pessoas que precisam. No período de apagão, estudar está fora de cogitação. Manter-se segura, ter comida e água limpa são as preocupações centrais. "É sobre o nosso dia a dia, nossa rotina, que está completamente mudada. Tem muita gente se aproveitando de apagão, bandido aproveitando para roubar", disse. "Estão tendo acidentes também. Meu marido é ajudante de pedreiro e vigilante da obra. Ele precisa trabalhar e quase caiu de bicicleta em um buraco. O trabalho dele fica mais perigoso também."

Saúde

Há uma semana, desde o início do apagão, a UPA da Zona Norte de Macapá, no bairro Novo Horizonte, é auxiliada por um gerador que precisa ser ligado manualmente quando há pique de energia. Durante a hora em que a reportagem permaneceu na unidade, caiu o abastecimento do entorno por alguns minutos, derrubando luz e sinais de telefonia. "Já aconteceu outras duas vezes", contou uma mulher que acompanhava o marido em atendimento.

Segundo funcionários da unidade, o atendimento não é prejudicado porque equipamentos como respiradores têm baterias que são acionadas entre a queda da luz e a ativação do gerador. A unidade lida, também, com pacientes com a suspeita da Covid-19. Banhos e lavagem de roupas e de máscaras perderam frequência. Autoridades sanitárias ainda têm dúvidas sobre como a doença afetará as aglomerações e falta de higiene.

Na última segunda (20), o sambista Neguinho da Beija-Flor enterrou um neto de apenas 20 anos. Gabriel Ribeiro Marcondes foi baleado durante uma batida policial em um bairro funk, em uma comunidade do Rio de Janeiro, e faleceu. A tragédia abalou toda a família e Neguinho revelou que cogita sair do Brasil pela segurança dos seus. 

Durante o sepultamento do neto, Neguinho falou sobre a violência urbana. Em entrevista ao Extra, ele classificou as operações policiais nos morros do Rio como “desastrosas” e manifestou o desejo de sair do país. “No Brasil, basta nascer pobre para ser suspeito. Por isso, estou metendo o pé do país”.

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Gabriel trabalhava montando toldos em evento. Segundo Neguinho, o rapaz estava a serviço quando ocorreu a ação policial que lhe ceifou a vida. O sambista também revelou que um de seus filhos trabalha no mesmo ramo e que vai abandonar o segmento. “Além do Gabriel, tenho um filho que também trabalha nisso. A partir de agora não vai mais exercer esta atividade. É perigoso”. 

O novo sistema de transferências e pagamentos instantâneos, o Pix, já está disponível para cadastro e iniciará sua fase experimental a partir do dia 3 de novembro. Apesar de estimular novos modelos de negócio, por meio da agilidade e da comodidade oferecida aos clientes, o método que pode pôr fim às TEDs e DOCs deve aumentar a insegurança pessoal.

A partir do dia 16 de novembro, o Pix vai garantir a gratuidade nas transações entre pessoas físicas, o que deve incentivar a inclusão financeira e a reduzir a movimentação nos caixas de auto atendimento. Para aproveitar a ferramenta, o acesso à internet é fundamental e pode ser uma adversidade para moradores de áreas sem cobertura, como zonas rurais.  

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O secretário jurídico do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, João Rufino, aprova a relação direta entre pagador e recebedor, e explica que a atualização vai reduzir os custos de transações menores com objetivo de alavancar o mercado. Por outro lado, os clientes devem redobrar a atenção para o aumento de golpes virtuais.

“Eles não podem colocar um valor muito alto para não expor o cliente a assalto e sequestro relâmpago. Com o Pix isso pode ficar maior. Os bandidos já estavam fazendo essa modalidade antes, imagine agora? A polícia vai ter que ficar muito mais atenta”, adverte Rufino, que critica o Banco do Brasil por ainda não ter informado o valor limite de transferência.

Ainda que apoie a novidade, para Rufino, a possibilidade de movimentar valores pelo smartphone evidencia a fragilidade dos profissionais da categoria, que terão seus postos de trabalho ameaçados. “Tudo é motivo para o banqueiro manter sua taxa de lucro alta. Não é coincidência que em meio ao lançamento do Pix, a gente esteja assistindo ondas de demissões nos maiores bancos privados do país. Ele traz ao trabalhador bancário uma certa insegurança em relação a manutenção do emprego”, lamentou.

Para reforçar a segurança, o primeiro passo é ficar atento ao processo de cadastramento, que deve ser solicitado pelo próprio cliente através dos aplicativos ou sites oficiais dos respectivos bancos. “O banco não procura ninguém para fazer cadastro de nada. A única opção é você entrar na página e fazer o cadastro”, reforça.

Outra prevenção é estar em um ambiente seguro no momento de efetuar a transação virtual. “As transferências não devem ser feitas na rua. O celular vai ser um alvo maior ainda de ações de roubo e as quadrilhas que fazem golpe pela internet vão aumentar ainda mais”, advertiu o representante dos bancários.

A violência urbana é um problema com altos números no Estado de Pernambuco: apenas no primeiro semestre de 2019, segundo divulgado pela Secretaria de Defesa Social (SDS) em 11 de julho do último ano, foram registradas 42 mil ocorrências classificadas como roubo, assalto ou furto. Também em 2019, dados do Atlas da Violência produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) classificou o Recife como a sétima capital mais violenta do Brasil. 

No contexto da pandemia de Covid-19, porém, os dados têm mostrado uma redução no número de crimes do Estado em relação ao último ano. Segundo a SDS, em maio de 2019 foram registrados 7.457 crimes contra o patrimônio, enquanto no mesmo mês de 2020 foram 3.360, uma redução de 54,9%. Apesar disso, em ruas da área central do Recife, o cenário tem sido marcado, em meio à pandemia, por relatos de insegurança. 

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No bairro de Santo Antônio, as queixas de quem trabalha, mora ou circula pela área apontam para um aumento da frequência de assaltos a quem passa pelas ruas, mesmo após a reabertura do comércio das 9h às 18h, desde o dia 15 de junho. Lá a sensação de insegurança aumentou durante a pandemia, na percepção de populares da região.

*Bia - nome fictício - tem 47 anos e nos últimos 18 tem trabalhado em um ponto comercial na área central da capital pernambucana. Ela aponta tanto o desemprego causado pela Covid-19 quanto a violência urbana como motivos para a redução do movimento no bairro que, segundo ela, tem problemas com o policiamento e é palco de ocorrência de crimes diariamente, cometidos quase sempre pelas mesmas pessoas, e à mão armada. 

“Muito assalto. De faca, peixeira, facão. Aqui na Rua Pedro Ivo tem um homem de facão que fica atrás de uma palmeira. Eles não mexem com os comerciantes, mas qualquer pessoa que passar nessa rua depois das 18h é roubada com um facão. Eles tiram onda dizendo que não têm medo, o centro do Recife dá pena. Viatura aqui é rara e eles só passam”, disse. Ela citou também outros locais que considera perigosos, como a Praça da Independência (popularmente conhecida como Praça do Diario), a Rua Nova e as proximidades da Igreja de Santo Antônio, onde ela afirma que dias atrás um homem foi ferido por dois golpes de faca e o socorro só chegou duas horas depois. 

Uma pessoa que trabalha no bairro de Santo Antônio e não quis se identificar por motivos de segurança, após ter sofrido um assalto na última quarta-feira (19) quando esperava por um ônibus na Rua do Sol, entre a Ponte Duarte Coelho e Ponte da Boa Vista (conhecida como Ponte de Ferro), contou que também já ouviu relatos de outros conhecidos que foram vítimas na mesma área. “Normalmente eu largo às 22h, mas durante a pandemia estou saindo do trabalho às 20h por causa do horário dos ônibus e por segurança”, acrescentou o entrevistado. Segundo ele, foram quatro meninos, adolescentes, que saíram da Rua Matias de Albuquerque, um deles armado com uma faca. “Levaram minha mochila com a carteira, dois celulares e outros itens de uso pessoal. O prejuízo foi de R$ 2.950, além de ter precisado tirar novamente documentos e bloquear cartões”, relatou.

Filipe* - nome fictício - afirma que, em sua opinião, o bairro ficou mais perigoso no período de pandemia. “Tem pouca gente circulando nas ruas e nas paradas de ônibus, fica esquisito a partir das 18h e depois das 20h não tem mais ninguém. Também sinto falta de policiamento e nunca vi guarda municipal aqui, só na praça [do Diario], ficam zanzando e não fazem nada”, disse ele. 

Na ocasião do assalto, Filipe usou o celular de um vigia para chamar a polícia, que tardou a chegar ao local. “Demorou uns 10 minutos, aí [os ladrões] já estavam longe. Se desse para acionar a viatura que fica na praça, em um minuto estaria lá”, afirmou o rapaz, alegando também que na sua opinião, uma presença de policiais na rua onde o crime ocorreu “poderia intimidar os bandidos a fazer alguma ação”. 

Lucas* nome fictício - tem 23 anos e trabalha como comerciante na Avenida Guararapes, localizada no bairro de Santo Antônio, centro do Recife. Ele já presenciou várias situações de violência, vê assaltos cotidianamente e em sua avaliação, a insegurança reduz a circulação de pessoas a pé na região do centro por medo da criminalidade. 

“Antigamente, a gente vendia muito bem, as pessoas transitavam andando, vinham de ônibus e desciam na Conde da Boa Vista e iam a pé para o Marco Zero, mas agora decidem não ir a pé por causa de assalto. Eu via policiamento um tempo atrás, chegavam 6h saíam às 9h, enquanto tiver aglomeração de pessoas ficam só para fazer plantão. A hora que alguém estiver vulnerável com celular na mão, tem hora não, basta ver a oportunidade”, contou o rapaz. 

Perguntado sobre como os assaltos ocorrem, Lucas afirma que há tanto à mão armada como apenas com ameaças, e que as rotas de fuga dos assaltantes comumente são parecidas, bem como os crimes cometidos pelas mesmas pessoas. “[Assaltam com] arma branca, faca, tesoura. As pessoas evitam muito passar aqui pela Avenida Guararapes com medo de ser assaltadas. Muito furto de celular por intimidação fingindo estar armado. Em outras regiões está bastante frequente. Na Rua do Sol, na Ponte de Ferro, [Rua] Siqueira Campos. Eles cometem um assalto aqui, trocam de roupa e vem assaltar de novo. Costumam correr muito por aqui [apontou para a Rua Siqueira Campos] e Rua do Sol, é difícil correr para a Praça do Diario, mas às vezes correm”, afirmou ele.

Juliana* (nome fictício), comerciante que trabalha na Rua Matias de Albuquerque, se queixa de violência, sujeira e falta de iluminação na região onde tem seu ponto de vendas. “Aqui não tem nenhuma vigilância, só o vigia que a gente paga para tomar conta da barraca de noite. A gente abre de 9h até 18h, mas deu 4 da tarde não tem mais ninguém aqui, as pessoas vão embora com medo de assalto. A rua é mal iluminada porque essa lâmpada de luz amarela do poste não clareia nada, tem que ser luz branca”, reclamou a comerciante.

A queixa é pertinente. Durante a entrevista e em outras rondas pelo centro do Recife, a equipe de reportagem do LeiaJá encontrou mau cheiro na Rua Matias de Albuquerque durante o dia, horário em que os clientes fazem compras. Após o anoitecer, foram encontrados vários pontos mal iluminados na Rua Barão da Vitória, Ponte Velha, junto à Casa da Cultura (perto do rio e da estação de metrô), nas imediações da Rua da Concórdia (próximo ao metrô da Estação Recife), na Rua Doutor Sebastião Lins (próximo ao cinema São Luís), atrás do Mercado da Boa Vista e também na Rua da Aurora. 

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Procurada pelo LeiaJá, a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb), que é responsável pela iluminação pública da cidade junto a empresas terceirizadas para a realização do serviço, afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que “sobre estas vias do centro, iremos solicitar a nossa equipe de fiscalização para que sejam vistoriados os logradouros informados”. 

A vendedora Ana Cristina Rodrigues de Souza, 44, trabalha em uma loja da Rua Nova e contou que desde a reabertura do comércio, está muito difícil de bater as metas de vendas necessárias para compor o salário do mês devido ao movimento fraco, que ela atribui, em grande parte, à violência urbana no centro do Recife. “Realmente aumentou muito devido à pandemia. Eu achei que de fato aumentou muito a incidência de assalto aqui no centro da cidade. Se você olhar, as ruas estão vazias”, disse ela.

De todas as pessoas ouvidas na reportagem, Fátima Santos, de 66 anos, foi a única que afirmou não sentir medo da violência urbana do centro do Recife. Ela, que está aguardando a liberação de sua aposentadoria e deu entrevista enquanto esperava um ônibus em frente à Igreja de Santo Antônio, afirmou que percebe que a região é violenta, mas entrega sua vida “a Deus”. 

“Eu já vi gente passar por mim e dizer ‘irmã eu fui assaltada ali, como é ruim, irmã, perdi isso, roubaram celular’. Quanto mais a gente tem medo as coisas acontecem. Eu não tenho medo não, só entrego a minha vida a Deus e saio para a rua. Vai roubar de mim o que? Eu sou uma idosa, nem aposentada eu estou ainda. Até aqui nunca fui atingida e creio que nunca vou, nem eu, nem meus familiares”, disse ela. 

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Diante da percepção de aumento da criminalidade por parte da população no período de pandemia de Covid-19 no centro do Recife, o LeiaJá procurou a Polícia Militar de Pernambuco para saber quantas ocorrências foram registradas no bairro de Santo Antônio desde que o comércio foi reaberto em 15 de junho, como é feito o policiamento da área e quais providências podem ser adotadas para solucionar o problema. Confira, a seguir, a nota enviada como resposta: 

“A Polícia Militar informa que mantém o policiamento no bairro de Santo Antônio através de Motopatrulheiros, Guarnições Táticas e Grupo de Apoio Tático Itinerante (GATI), que atuam em toda a área, além de contar com operações planejadas de combate ao CVP (Crimes Violentos contra o Patrimônio) e CVLI (Crimes Violentos Letais Intencionais). O comandante do 16º Batalhão, tenente-coronel Rogério Manoel, informa que, de acordo com as informações do Pacto Pela Vida, do dia 15 de julho de 2020 ao dia 18 de agosto de 2020, foram registrados 135 CVP’s no bairro de Santo Antônio. Enquanto que no mesmo período do ano passado houve o registro de 223 casos, o que representa uma diminuição de 39%".

Ainda na nota, "o comando reforça que o Núcleo de Inteligência da Unidade continuará realizando o levantamento dos criminosos que possam estar atuando na respectiva área, a fim de serem repassadas as informações para o policiamento ostensivo no intuito de prendê-los no caso de praticarem algum tipo de delito”.

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O medo do desconhecido, a insegurança de enfrentar algo novo. Por vezes, na vida, nos pegamos paralisados ou perdidos com receio de iniciar um novo empreendimento – e aqui entenda-se qualquer coisa que nos propomos a realizar, não apenas abrir uma empresa. Pode ser pela grandiosidade do projeto ou da ideia, ou pelos percalços que prevemos no caminho. No entanto, há que se ter em mente, sempre, que toda realização, qualquer que seja, só é possível quando decidimos dar o primeiro passo.

Sair do lugar pode ser incômodo. É muito mais confortável permanecermos onde nos sentimos seguros, em uma zona controlada. Imagine quantos grandes feitos no mundo deixariam de ser realizados se ninguém se propusesse a ousar, sair da zona de conforto, buscar algo diferente. E tudo isso teve um ponto de partida. Para mim, esse ponto de partida, o primeiro passo, chama-se decisão. É o momento em que você determina que irá realizar algo, seja um sonho, um propósito, ou qualquer coisa que o faça se mover do estado atual. A verdade é que a falta de ação e atitude é um dos maiores matadores de sonhos que existem.

Chegam momentos na vida em que precisamos nos lançar ao desconhecido, em uma nova aventura, algo que faz nosso coração bater mais forte. Para que essa jornada seja a menos traumática possível, é preciso também segurança. Daí a importância de traçar as estratégias que o farão chegar à concretização daquele desejo. Se, por um lado, temos que dar o primeiro passo, por outro, não podemos caminhar a esmo, sem rumo ou direcionamento. Quem tem um mapa dificilmente se perderá em sua trilha – esse mapa é o planejamento. Erros ocorrerão no processo, será necessário improvisar e desviar a rota, mas tudo isso pode ser previsto a fim de que sejam minimizados os percalços.

Em um mundo tão competitivo e hiperconectado, quem não se arrisca ou não se propõe a ir além pode acabar ficando para trás. Não dá mais para aceitar viver no mesmo status quo, manter-se na inércia, deixando a vida levar. É preciso assumir o controle do seu destino e começar uma caminhada decidida em direção aos seus desejos. Em frente é que se segue, para cima é que se cresce.

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