Ibovespa fecha em baixa de 0,47% com resultados ruins
Durante todo o dia, as ordens de venda foram lideradas por investidores estrangeiros, justamente os que vêm dando sustentação ao mercado nos últimos dias
A Bovespa chegou a esboçar uma alta pela manhã desta quinta-feira, 25, mas acabou registrando sua terceira queda consecutiva. Depois de ter subido até 0,58% e caído até 1,53%, o Índice Bovespa terminou o dia em baixa de 0,47%, aos 41.887,90 pontos. O volume de negócios foi de R$ 4,874 bilhões (preliminar). O principal motivo para a queda, segundo profissionais do mercado, foram resultados corporativos que desagradaram aos investidores.
A queda não foi maior porque os preços do petróleo tiveram uma forte recuperação no meio da tarde, o que aliviou as perdas das ações da Petrobras e reduziu a pressão vendedora sobre o índice. Durante todo o dia, as ordens de venda foram lideradas por investidores estrangeiros, justamente os que vêm dando sustentação ao mercado nos últimos dias.
O prejuízo de US$ 8,569 bilhões no quarto trimestre de 2015 pesou muito negativamente sobre as ações da Vale. O valor foi 4,6 vezes superior ao prejuízo do mesmo período de 2014. No acumulado de 2015, a Vale transformou um lucro em prejuízo líquido de US$ 12,129 bilhões (cerca de R$ 44,2 bilhões). Segundo levantamento da Economatica, o prejuízo anual é o maior registrado entre as companhias abertas brasileiras em 30 anos. Como resultado, Vale ON e PNA terminaram o dia em queda de 5,89% e 5,23%, respectivamente.
Outro papel que se destacou na queda, por conta de resultados financeiros e guidances divulgados, foi Ambev. O lucro líquido atribuído à participação dos controladores no quarto trimestre ficou 26% abaixo das estimativas do mercado. O Itaú BBA rebaixou a recomendação de "outperform" para "market perform", destacando, entre outros pontos, a expectativa de alta no Custo de Produto Vendido (CPV) em 2016. Uma das ações de maior peso no Ibovespa, Ambev ON fechou em queda de 2,59%.
As ações da Petrobras tiveram uma influência secundária sobre o desempenho do índice, ora ajudando a pressionar para cima, ora pressionando para baixo. Os papéis da estatal petrolífera iniciaram o dia em alta com expectativas positivas em relação à possibilidade de venda de ativos e de mudanças no marco regulatório do pré-sal. Depois passaram a cair junto com os preços do petróleo e, à tarde, subiram junto com a forte recuperação da commodity. Depois de uma intensa alternância de sinais, Petrobras ON fechou em baixa de 0,71%, enquanto Petrobras PN subiu 0,41%.
O noticiário político/policial também exerceu influência no mercado, por meio de ações contra o grupo Gerdau. A Polícia Federal deflagrou hoje mais uma fase da Operação Zelotes, com alvo na siderúrgica, investigada por suposta compra de decisões no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão ligado ao Ministério da Fazenda que julga recursos de contribuintes a multas aplicadas pela Receita Federal. As ações preferenciais da Metalúrgica Gerdau mergulharam em forte queda e chegaram a entrar em leilão à tarde, antes de fechar em queda de 10,85%.
Com as três quedas consecutivas, o Ibovespa perdeu 3,12%. No acumulado de fevereiro ainda há alta de 3,67%. Em 2016, o índice contabiliza queda de 3,37%.
O noticiário doméstico foi acompanhado de perto mas, segundo operadores, teve pouca ou nenhuma influência sobre os negócios com ações. Um dos destaques do dia foi o resultado do governo central, que começou o ano com superávit de R$ 14,835 bilhões em janeiro, o melhor resultado para o mes desde 2013. O montante reúne as contas do Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social. O resultado veio em linha com o esperado pelo mercado, segundo levantamento feito pelo AE projeções (de R$ 1,898 bilhão a R$ 20,300 bilhões).
Pela manhã, o IBGE informou que a taxa de desemprego na Pesquisa Mensal de Emprego (PME) em janeiro foi de 7,6%. O resultado ficou abaixo da mediana das previsões do mercado, que era de 7,90%, e também não fez preço.