Crianças e jovens autistas enfrentam desafios diários

Famílias recorrem a instituições que auxiliam na evolução do aprendizado investindo em atividades cotidianas

por Julia Klautau ter, 05/04/2016 - 00:29
Rayanne Bulhões/LeiaJáImagens Aprendizado de crianças e jovens evolui a partir da prática diária Rayanne Bulhões/LeiaJáImagens

Laura, de 14 anos, desde o momento em que sai de casa é alvo de olhares preconceituosos. A mãe dela, Maria Ruth Guimarães, passou por muitas dificuldades para encontrar um local que acolhesse a adolescente autista. A exemplo de famílias que passam pela mesma situação, Maria teve que recorrer a instituições especializadas. Agora, a menina não sofre com indiferença ou estranheza.

Matriculada em um instituto educacional que atende crianças e jovens com autismo, síndrome de Down e paralisia cerebral em Belém, Laura recebe o auxílio de pedagogas para alfabetização e acompanhamento psicológico.

A principal proposta do espaço é realizar atividades práticas com os alunos, chamadas de AVDs (Atividades da Vida Diária), que se referem ao auxílio motor e cognitivo através de aulas de dança e culinária, além de ensinar tarefas comuns como contar dinheiro e usar o banheiro.

“Trabalhamos conteúdos que vão ajudar na independência dessas crianças e adolescentes”, afirma a pedagoga Noah Chiavenato, uma das coordenadoras do Instituto Educacional Chiavenato (Ieduchi), especializado neste tipo de atendimento.

Para Noah, um dos obstáculos de escolas integrais na formação educacional destes alunos é a falta de preparo. “O professor com uma turma com trinta alunos e só uma criança especial, não consegue chegar até ela. Então há uma dificuldade, porque todas as crianças da turma vão avançando, vão seguindo, e este aluno vai ficando para trás”.

Segundo a pedagoga Wane Mesquita, também coordenadora do Ieduchi, cada aluno apresenta níveis de dificuldade diferenciados. “Dentro do autismo, por exemplo, temos diversos níveis. Por isso é importante a parceria com os pais e nossa avaliação”, afirma. Wane é mãe de Davi, que tem problemas de interação social. Para ela, a interação e a base precisam estar na família.

Interação – A psicopedagoga Ilka Pamponet diz que, dependendo do grau da dificuldade, é necessário ter métodos de ensino para o letramento destes alunos nas escolas regulares. Porém, os profissionais da área de educação infantil muitas vezes não sabem por onde começar.

“Acaba sendo muito bom para o auxílio nessas dificuldades, porque os profissionais da área tem mais conhecimento da melhor forma de repassar para as crianças”, afirma Ilka, referindo-se à proposta das AVDs. 

Sobre a integração social, a psicopedagoga aponta outra visão. “O mais importante é trabalhar as outras crianças para a aceitação do diferente”, explica. Para ela, as crianças com deficiência cognitiva precisam interagir com as que não possuem. “Quando a criança se sente aceita no grupo e interage adequadamente, o aprendizado flui muito melhor”. 

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