Ciência no Brasil está desprestigiada, diz ex-ministro
Sérgio Rezende, professor e pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), comandou o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) de 2005 a 2010
A fusão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com a pasta das Comunicações enfraquece a ciência brasileira e compromete o futuro do País, segundo o ex-ministro Sérgio Rezende, professor e pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
"A economia de recursos é irrisória, praticamente nula", diz o físico, que comandou o MCTI de 2005 a 2010, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Já o desestímulo para se investir em ciência, tecnologia e inovação é enorme, segundo ele, sinalizando "mais uma vez" que o setor não é visto como prioridade.
"Nos últimos dois anos, o orçamento de ciência e tecnologia caiu muito. Vários programas foram interrompidos, congelados, e não acredito que vai haver melhora, porque a situação é ruim e a ciência está desprestigiada", disse Rezende, em entrevista à reportagem.
Ele cita a recente suspensão da Lei do Bem, que permitia a empresas abater do Imposto de Renda os investimentos feitos em inovação. "É um tiro no pé", afirma Rezende. "Quando você não investe em ciência, tecnologia e inovação, você está comprometendo o futuro." O resultado, segundo Rezende, é um ambiente de desânimo que ameaça fomentar a fuga de cérebros para o exterior, além de desestimular a entrada de jovens talentos nas carreiras acadêmicas e científicas.
Um dos grandes problemas na gestão de Dilma Rousseff, segundo Rezende, foi a troca constante de ministros - seis em apenas cinco anos e meio. "Não há como ter continuidade dessa forma." Para ele, uma medida importante do ministro Gilberto Kassab, portanto, seria manter as lideranças das principais agências de fomento da pasta: a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). E obter recursos para elas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.