Mais de 700 trabalhadores da área de saúde mortos na Síria

Brasileiro denunciou, em um discurso em Genebra, os bombardeios aéreos contra hospitais e clínicas

ter, 21/06/2016 - 13:24
Ghaith Omran (Fevereiro) Hospital destruído na província síria de Idlib Ghaith Omran

Mais de 700 médicos e trabalhadores do setor de saúde morreram na Síria desde o início do conflito, há cinco anos, anunciou a ONU, que também investiga o recrutamento de centenas de menores de idade por grupos islamitas.

O presidente da Comissão de Investigação da ONU sobre os Direitos Humanos na Síria, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, denunciou em um discurso em Genebra os bombardeios aéreos contra hospitais e clínicas. "Enquanto o número de vítimas civis aumenta, o número de instalações hospitalares e de médicos diminui, o que limita ainda mais o acesso ao atendimento médico", lamentou Pinheiro.

Ele destacou que "mais de 700 médicos e trabalhadores da saúde morreram em ataques contra hospitais desde o início do conflito". A guerra na Síria começou em março de 2011, após a repressão por parte do regime de Bashar al-Assad de manifestações pró-democracia. Em um primeiro momento, os rebeldes eram contrários às forças do regime, mas, com o passar do tempo, o conflito se tornou mais complicado com o envolvimento de extremistas estrangeiros e atores regionais e internacionais.

O confronto deixou mais de 280.000 mortos e obrigou milhões de pessoas a abandonar suas casas. Pinheiro também afirmou que a comissão que ele preside está investigando o recrutamento de menores de 15 anos por grupos jihadistas na província de Idleb (norte). "A comissão está preocupada com as informações de que a Frente Al-Nosra e outros grupos afiliados à Al-Qaeda teriam recrutado centenas de meninos menores de 15 anos em Idleb", disse.

Na semana passada, a Comissão de Investigação sobre a Síria, criada pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU, acusou o Estado Islâmico (EI) de cometer um "genocídio" contra os yazidis, uma minoria de língua curda também presente no Iraque.

"Além disso, a comissão detectou muitas violações contra outros grupos étnico-religiosos e continuamos investigando os crimes do ISIS (acrônimo em inglês do grupo Estado Islâmico) contra os alauitas, assírios, cristãos, xiitas e sunitas que rejeitam sua ideologia", destacou Pinheiro.

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