Número de doadores de órgãos fica abaixo da expectativa

Número de transplantes no Brasil é freado por problemas de infraestrutura e objeções dos familiares

LeiaJa / Wagner Silvapor Wagner Silva ter, 23/08/2016 - 17:36

Em cada oito potenciais doadores de órgãos no Brasil, apenas um é notificado. Mesmo assim, o país é o segundo colocado no ranking de transplantes realizados anualmente. Cada estado possui uma Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos, mantida pelo Ministério da Saúde, que coordena a captação e armazenamento dos órgãos. Cerca de 80% dos transplantes realizados reabilitam o cidadão completamente. O número de doadores aumentou, de 13,1 por milhão de habitantes para 14 por milhão, entre abril e junho deste ano.

Apesar do sucesso e do crescimento no interesse em se doar órgãos, a taxa de doadores efetivos ficou abaixo do esperado pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), que era de 16 por milhão de habitantes, e ainda está bem longe do que é considerado ideal. Com o aumento na fila de espera em relação ao ano passado, de 32 mil para mais de 33 mil pessoas, os órgãos mais procurados são córneas e rins e, segundo a associação, o motivo é a baixa taxa de crescimento de doadores no sudeste, principalmente nos estados mais populosos.

Outras causas apontadas pelo coordenador da Comissão de Remoção de Órgãos da ABTO, José Lima Oliveira Júnior, são as condições para o transporte interestadual, que depende do apoio da Força Aérea, e a família dos potenciais doadores: “Podemos melhorar muito esse sistema, mas precisamos de uma infraestrutura nacional que funcione bem e, principalmente, temos que reduzir a taxa de recusa familiar que é muito alta no país, 49% é inaceitável.”

A taxa de doadores nos Estados Unidos está entre 25 a 30 por milhão de habitantes, porém são pessoas com idade avançada e diversos problemas de saúde, o que impossibilita alguns transplantes. Já no Brasil, os doadores são muitas vezes jovens, vítimas da violência ou acidentes de transito, que deixam de ser doadores por conta da vontade da família ou das más condições do serviço de saúde local que não tem infraestrutura para acondicionar os órgãos para ser transplantados.

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