Marcha da maconha reivindica a legalização do uso
Entre as outras cobranças da 11ª marcha, estão a criação de uma política de desenvolvimento da maconha medicinal e o fim do genocídio da população negra
Centenas de pessoas participaram neste sábado da 11ª Marcha da Maconha, que este ano tem o tema “Nossa intervenção é pela legalização Jah”. Concentrados desde às 14h na Praça Oswaldo Cruz, no bairro da Boa Vista, área central do Recife, os manifestantes saíram em marcha por volta das 17h com destino ao Pátio de São Pedro, onde ocorrerá o 5º Festival de Cultura Canábica.
Segurando cartazes e gritando palavras de ordem, os participantes pediam, entre outras coisas, a legalização para o uso medicinal e recreativo da erva. “Queremos uma cultura libertária de todos os tipos da maconha, por isso o dia de hoje é tão importante para que possa ser criada essa consciência”, explicou uma das organizadoras da marcha, Priscila Gadelha.
Nesta 11ª edição, a marcha traz como principais lutas e demandas a descriminalização do usuário e regulamentação do uso de todas as substâncias psicoativas no país e a luta por uma política de desenvolvimento da maconha medicinal. A manifestação também luta contra o genocídio da população negra e se posiciona contra a intervenção militar no Rio de Janeiro e a possibilidade de sua implantação em outras capitais.
Mãe de uma garota de 8 anos diagnosticada com autismo, Rosineide Almeida participava da Marcha da Maconha pela primeira vez e fez questão de chamar atenção para os benefícios medicinais da cannabis. “Minha filha não dormia direito, comia descontroladamente, e depois que começou a usar o óleo de maconha, a vida dela mudou”, detalhou.
Há oito meses, Débora Vitória Almeida passou a tomar nove gotas do remédio diariamente. “Eu fico muito feliz em ver a evolução dela. Eu nunca pensei que ela ia aprender a ler, e agora ela consegue. É visível a melhora da minha filha, hoje ela tem qualidade de vida. É por isso que estamos aqui hoje, porque eu quero que outras pessoas também consigam esse benefício. A gente tá aqui pra lutar por isso”, afirmou Rosineide, que faz parte da Associação Brasileira de Cannabis e Saúde (Acolher).
Durante o percurso até o Pátio de São Pedro, os manifestantes pararam diversas vezes para entoar músicas e fazer discursos. “A legalização não é só visando o usuário comum, que usa pelo lazer, mas também por conta das pessoas que precisam usar de forma medicinal. Além disso, legalizar vai ajudar não só os que usam, mas contribui também para economia, podendo ser uma fonte de renda pros agricultores que estão no interior do nosso Estado”, defendeu o estudante Josias Félix dos Santos, que participa da marcha pela terceira vez.
A Marcha da Maconha é um movimento que luta por profundas mudanças no modo como as drogas são vistas e tratadas pela sociedade e propõe frentes de batalha relacionadas entre si. Segundo os organizadores, desde janeiro deste ano, a Marcha promoveu reuniões abertas ao público com o objetivo de ampliar a capacidade de realização e de democratizar o acesso a sua construção. Mais de quarenta pessoas estão envolvidas na organização da manifestação.