Mulheres que venceram o câncer celebram remando na USP

Geani Faria faz parte de um projeto do Instituto do Câncer de São Paulo de remo para sobreviventes do câncer de mama, criado em 2013, com reuniões duas vezes por semana na raia olímpica da USP

seg, 23/07/2018 - 08:10

Quando chegou ao fim do tratamento contra um câncer, Geani Faria, de 50 anos, chorou - de alegria e de preocupação. De paciente a sobrevivente, já não tinha mais de passar por sessões agressivas de quimioterapia, mas precisava retomar a vida com algumas limitações. "Sou superativa. Quando soube que não poderia pegar peso, fiquei inconformada."

A solução veio com o esporte. A funcionária pública faz parte de um projeto do Instituto do Câncer de São Paulo de remo para sobreviventes do câncer de mama, criado em 2013, com reuniões duas vezes por semana na raia olímpica da Universidade de São Paulo (USP). Quem vê o grupo remando, todas vestidas de rosa, não diz que ali estão pessoas que passaram por doença tão agressiva. E a ideia é justamente essa.

"Queremos quebrar o estigma e mostrar que você pode fazer qualquer coisa", diz Christina May Moran de Brito, chefe do serviço de reabilitação do Icesp e coordenadora do Programa Remama. O esporte melhora a resistência durante o tratamento e o vigor depois. No caso de mulheres que tiveram câncer de mama, ajuda a reduzir o inchaço no braço, possível efeito da mastectomia.

Geani vê esses benefícios e outros, que não se medem. "Parece que me torno mais forte com elas. A gente em festa, se divertir, em estar bem", diz ela, que foi este mês à Itália para representar o País em um festival de remo para sobreviventes do câncer de mama.

Aos 70 anos, Carmen Lúcia Mazzei nunca havia se imaginado naquela atividade - hoje fica na ponta do barco, ditando o ritmo das braçadas com um tambor. "Significa que estou recomeçando, me reinventando. Depois do câncer, fica a sensação de que a morte chegou, com a autoestima lá embaixo, começa a ver o cabelo cair, a fadiga da quimioterapia. Agora, é a celebração da vida."

Livro

Conectar sobreviventes também faz parte da rotina de Fabíola La Torre, de 42 anos. Médica que trabalhava em uma UTI oncológica pediátrica, ela se viu no papel de paciente há dois anos, quando foi diagnosticada com câncer de mama.

Desde então, mantém um blog sobre a doença, já escreveu um livro e pretende lançar outro sobre a vida pós-tumor. "Você passa a valorizar o marido que fica do seu lado, a risada linda do seu filho. São outras prioridades." Na internet, troca ideias sobre casamento, libido e beleza com mulheres que passaram pelo mesmo problema. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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