Venezuelano consegue emprego com apelo em semáforo

Nilson José Bermudez, imigrante, passou por Boa Vista e Manaus com a família antes de chegar a Belém e pedir uma oportunidade na rua segurando cartaz

por Brenna Pardal qui, 14/02/2019 - 16:53

As fotos do venezuelano Nilson José Bermudez viralizaram na internet. Imigrante, na imagem ele aparece, no semáforo da esquina da avenida João Paulo II com a travessa Lomas Valentinas, em Belém, com um cartaz pedindo emprego. O apelo deu resultado.

Nilson escapou da crise na Venezuela. Está na capital paraense há três semanas e mora no abrigo no antigo Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), na avenida Perimetral. O venezuelano chegou no Brasil com a esposa e o enteado em maio de 2018 e passou por Boa Vista, em Roraima, e Manaus, no Amazonas, antes de Belém. Sem dinheiro e sem rumo, dormiu na rua e no frio. “Quando chegamos em Boa Vista, tiramos os nossos documentos, mas chegamos em um tempo de muita chuva. Nos molhamos e passamos muito frio. O menino e a minha esposa eram a minha maior preocupação e por causa deles eu buscava abrigo para que eles não tivessem frio e foi que nos indicaram um abrigo. Nesse abrigo ficamos quatro meses, mas infelizmente começaram os conflitos dos venezuelanos que não conseguiam ficar em paz entre eles, então decidimos sair do abrigo em Boa Vista e fomos para Manaus”, contou.

Nilson disse que em Manaus teve a ideia de vender água na rua para juntar dinheiro e comprar passagens de navio para Belém. “Vendiamos água nos semáforos, dormíamos na rua, às vezes em hotéis. Conseguimos o dinheiro das passagens para Belém. Temos família aqui e fiquei pensando, como conseguir trabalho? Eu tinha pena de ver minha mulher batendo de porta em porta pedindo trabalho, até que vi uns conterrâneos pedindo com um papelão e foi aí que eu tive a mesma ideia”, detalhou.

Adeilson Amorim é o dono do número de celular que estava na placa de Nilson. Ele tem ajudado os venezuelanos desde o dia em que visitou o abrigo com alguns irmãos da igreja Assembleia de Deus. “Em uma visita dessa no alojamento, encontramos alguns venezuelanos e foi quando eu vi o Nilson, vi que ele falava um pouco a nossa língua e perguntei se ele tinha vontade de trabalhar e foi quando falou que sim e que tinha todos os documentos, inclusive o documento de imigrante”, explicou.

Foi então que Nilson disse para Adeilson que tinha feito uma placa, mas as letras estavam muito apagadas. Adeilson fez outra placa e acrescentou seu número de celular para facilitar. Tirou uma foto do venezuelano e postou no Facebook. Começaram a se multiplicar os compartilhamentos.

Nilson ganhou espaço nas páginas de jornais e viu o esforço recompensado: conseguiu uma oportunidade de emprego no balneário Floresta Park, localizado na cidade de Marituba, Região Metropolitana de Belém, e está trabalhando na área de serviço gerais.

Entrevista traduzida pela professora Terezinha Berbagelata, da UNAMA - Universidade da Amazônia.

 

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