A volta 'inaceitável' do sarampo nos EUA
Seis focos de sarampo foram declarados desde 1 de janeiro nos estados de Washington, Colorado e Nova York, deixando 159 afetados pela doença.
Especialistas de saúde dos Estados Unidos alertaram, nesta quarta-feira (27), sobre a volta do sarampo nos últimos anos no país, especialmente em comunidades que rejeitam a vacinação e conseguem isenções por motivos religiosos ou pessoais.
Seis focos de sarampo foram declarados desde 1 de janeiro nos estados de Washington, Colorado e Nova York, deixando 159 afetados pela doença. Desde 2000, a cada ano foram registrados entre 50 e centenas de casos, apesar de que essa doença muito contagiosa havia sido declarada erradicada no início do século nos Estados Unidos.
Esse regresso é "inaceitável", declarou nesta quarta-feira Anthony Faucy, diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas, durante uma intervenção perante o Congresso americano. "Devemos voltar a zero", disse.
A maioria das epidemias americanas de sarampo começam quando o vírus chega no corpo de uma pessoa que regressa de uma viagem ao exterior. Depois se propaga entre as pessoas que não foram vacinadas, que tendem a viver perto uma das outras.
"Há grupos de pessoas que têm dúvidas em relação às vacinas", explicou Nancy Messonnier, diretora do Centro Nacional Para a Vacinação e as Doenças Respiratórias.
A desinformação sobre as vacinas é um dos fatores que explicam esses dados, disseram os especialistas, que culparam as redes sociais de propagar informações falsas sobre os riscos das vacinas.
A vacina contra o sarampo, a caxumba e a rubéola é "incrivelmente segura", afirmou Nancy Messonnier. Desde que foi criada, nos anos 60, foram utilizadas milhões de doses com sucesso.
E esse êxito é precisamente um dos problemas atuais, disse Messonnier. Como o número de casos de sarampo diminuiu 99% desde a descoberta da vacina, os pais já não se dão conta dos riscos.
Para obter uma imunidade coletiva, ou seja, para proteger as pessoas não vacinadas e em risco (bebês, mulheres grávidas), a taxa de vacinação deve estar entre 92% e 95% da população, explicou Fauci.
A taxa nacional nas crianças se situa perto desse nível, mas existem grandes disparidades entre os estados, e inclusive entre as cidades ou as escolas.