Londres vai solicitar adiamento curto do Brexit

O governo britânico pretende, assim, solicitar uma prorrogação curta, que pode seguir até o fim de junho ou início de julho, momento em que será formado um novo Parlamento Europeu após as eleições de maio

qua, 20/03/2019 - 09:00
Niklas HALLE'N A premier britânica, Theresa May, deixa Downing Street Niklas HALLE'N

A primeira-ministra britânica, Theresa May, solicitará à União Europeia (UE) um adiamento curto, no máximo de três meses, da data do Brexit, fixada para 29 de março - informou uma fonte de Downing Street.

"A primeira-ministra não pedirá um adiamento longo", disse a fonte à imprensa. "Há motivos para dar ao Parlamento um pouco mais de tempo para chegar a um acordo sobre o caminho a seguir, mas a população deste país está esperando há quase três anos".

"As pessoas estão cansadas com a incapacidade do Parlamento de tomar uma decisão e a primeira-ministra compartilha sua frustração", completou.

O governo britânico pretende, assim, solicitar uma prorrogação curta, que pode seguir até o fim de junho ou início de julho, momento em que será formado um novo Parlamento Europeu após as eleições de maio.

Na terça-feira, o porta-voz de May indicou que ela pretendia escrever a Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu sobre uma extensão do Artigo 50 do Tratado da União Europeia, em virtude do qual o país deveria sair do bloco dentro de nove dias.

De Bruxelas, um funcionário europeu de alto escalão afirmou nesta quarta de manhã que ainda não haviam recebido a carta de May.

"Não recebemos uma carta da primeira-ministra May. Não recebemos a solicitação do Reino Unido sobre a prorrogação (...) de nenhuma outra forma", declarou essa mesma fonte, por volta das 9h30 GMT (6h30 em Brasília).

Os outros 27 países-membros devem concordar com a prorrogação por unanimidade. Alguns já advertiram que, para aprovar a medida, querem saber qual é o propósito da premiê.

O negociador europeu Michel Barnier alertou na terça-feira que "uma prorrogação é uma extensão da incerteza". "Tem um custo político e econômico", recordou.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, afirmou nesta quarta-feira que não espera uma decisão sobre o Brexit na reunião de cúpula da UE que acontecerá na quinta-feira e sexta-feira em Bruxelas.

Se Londres não conseguir o adiamento, a "opção padrão" seria uma saída "dura", pois o acordo negociado entre o governo britânico e as autoridades europeias foi rejeitado duas vezes pelo Parlamento de Westminster.

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