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O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, voltou a ameaçar romper unilateralmente o Protocolo da Irlanda do Norte - mecanismo que possibilitou um acordo comercial com a União Europeia após o Brexit. Em viagem a Belfast, ele culpou o protocolo pela crise que impede a formação de um novo governo norte-irlandês.

Johnson manteve conversas com líderes políticos da Irlanda do Norte, incluindo os nacionalistas do Sinn Fein e os conservadores do Partido Unionista Democrático (DUP). Após pedir a retomada das atividades legislativas, ele defendeu a aprovação de uma lei que permita violar o protocolo caso a UE não concorde em reabrir negociações.

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O Protocolo da Irlanda do Norte foi acertado para permitir que os britânicos deixassem o mercado único sem precisar montar novamente postos de fronteira entre a Irlanda, membro da UE, e a Irlanda do Norte, território britânico. A ausência de fronteira é parte fundamental do Acordo de Paz da Sexta-Feira Santa, firmado em 1998, que encerrou três décadas de violência sectária na ilha.

FRONTEIRA

O problema é que o protocolo, na prática, deixa a Irlanda do Norte vivendo sob regras diferentes do restante do Reino Unido - o que os unionistas consideram o equivalente à reunificação da Irlanda.

Após mais de 30 anos de integração entre Reino Unido e UE, as economias das duas Irlandas se tornaram interdependentes e a imposição de qualquer controle alfandegário cria um atrito comercial que, além de impopular, teria impacto nos preços dos produtos.

Além disso, neste período em que Irlanda e Irlanda do Norte estiveram sob o guarda-chuva da UE, uma nova geração de católicos e protestantes cresceu desabituada à violência religiosa. Pesquisas apontam que a maioria dos norte-irlandeses ainda prefere ser parte do Reino Unido, mas a diferença é bem menor hoje do que era dez anos atrás.

ELEIÇÕES

Em 2016, no Brexit, a maioria da Irlanda do Norte votou pela permanência na UE. O DUP fez campanha pela saída e, durante as negociações com a Europa, ficou cada vez mais isolado. O resultado foi a perda da maioria que tinha na Assembleia local - eleição vencida pela primeira vez pelo partido nacionalista Sinn Fein, que apoia a reunificação.

Em resposta, o DUP rejeitou formar um governo e travou o funcionamento da Assembleia. O partido exige que Londres abandone o protocolo, o que deixou o premiê na situação difícil de ter de denunciar um tratado assinado por ele mesmo.

A UE rejeita reabrir as negociações do Brexit e uma decisão unilateral do premiê significa a violação de um tratado internacional, que afetaria a credibilidade do Reino Unido e permitiria que a UE revidasse com tarifas e restrições comerciais. (Com agências internacionais)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

John Le Carré, o mestre britânico dos romances de espionagem profundamente contrário ao Brexit, adotou a nacionalidade irlandesa pouco antes de sua morte, em dezembro passado - revelou um de seus amigos nesta quinta-feira (1º).

"John Le Carré, cronista dos ingleses, morreu sendo irlandês", escreveu seu amigo, o escritor Philippe Sands, em artigo publicado pelo jornal The Times.

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Sands conta que um dos filhos do romancista, Nick, fez-lhe essa revelação enquanto preparava um programa de rádio sobre John Le Carré.

Depois de se dar conta de que tinha origens irlandesas, o escritor, cujo nome verdadeiro era David Cornwell, viajou para o sul da Irlanda.

"Foi para Cork, de onde sua avó era, e foi recebido pela arquivista da cidade em um lugar muito pequeno", que lhe "disse 'bem-vindo ao lar'", relatou seu filho a Sands.

Esta visita lhe causou um "transtorno emocional", assegura o amigo, acrescentando que, "quando morreu, já era cidadão irlandês".

Segundo Nick, "uma das últimas fotos" que ele tem de seu pai o mostra "sentado, enrolado em uma bandeira irlandesa, sorrindo".

John Le Carré faleceu em dezembro, aos 89 anos. Escreveu 25 romances e um volume de memórias, "O túnel de pombos" (2016). Vendeu, no total, mais de 70 milhões de livros no mundo inteiro.

Para sua obra literária, inspirou-se em sua carreira anterior como agente secreto, arruinada por uma agente dupla britânica que revelou sua identidade e a de muitos de seus compatriotas à KGB soviética.

Em seu último romance, "Agente em campo" ("Agent Running In The Field", 2019), este eurófilo retrata o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, como um "porco ignorante" e classifica o Brexit de "loucura".

A Comissão Europeia informou nesta segunda-feira (8) que foram concluídas as negociações para ajustar as cotas agrícolas entre os países do bloco europeu e os norte-americanos na Organização Mundial do Comércio (OMC), após a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), chamada de Brexit. Segundo comunicado, o acordo preserva os volumes originais negociados antes da separação, dando "certeza e estabilidade ao comércio agrícola e aos mercados parceiros".

Foram dois anos de negociações no âmbito da OMC para dividir parte do volume remanescente para os 27 países que compõem a UE com a saída do Reino Unido, levando em conta os fluxos comerciais recentes. O acordo cobre dezenas de cotas e bilhões de euros de comércio, incluindo carne bovina, frango, arroz, laticínios, frutas e vegetais e vinhos.

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O Comissário para a Agricultura da UE, Janusz Wojciejowski, afirmou, no comunicado, que está muito satisfeito pelo acordo com os EUA, parceiro comercial mais importante do bloco, já que "é um bom sinal na direção de um compromisso de trabalho conjunto, tanto bilateralmente quanto na estrutura da OMC".

A UE está conduzindo negociações de repartição de quotas tarifárias (TRQ, na sigla em inglês) semelhantes com 21 outros parceiros com direito de acesso a essas quotas e já concluiu negociações com Argentina, Austrália, Noruega, Paquistão, Tailândia, Indonésia e outros.

Os detalhes do acordo UE-EUA ainda serão enviados ao Conselho e ao Parlamento Europeu para ratificação, para que possam entrar em vigor o mais rapidamente possível, informou a Comissão Europeia.

Várias estrelas da música britânica, incluindo Elton John e Sting, acusaram nesta quarta-feira (20) o governo de Boris Johnson de "falhar vergonhosamente" com os músicos, que não podem mais circular livremente em suas turnês pela União Europeia, devido ao Brexit.

Mais de 100 artistas, de cantores pop como Ed Sheeran a compositores como Judith Weir, assinaram uma carta publicada pelo jornal The Times, denunciando o "enorme buraco" que os músicos enfrentam.

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O fim da livre-circulação entre o continente e o Reino Unido em 1º de janeiro significa que os músicos devem agora obter vistos individuais antes de viajarem a trabalho para qualquer país da UE, o que também acarreta custos adicionais.

Londres e Bruxelas se culpam mutuamente por esta situação.

O governo britânico afirma ter feito propostas à UE para chegar a "um acordo ambicioso sobre viagens temporárias para viajantes de negócios que teria coberto músicos", mas afirma que a UE rejeitou.

Já o negociador europeu Michel Barnier nega ter-se oposto à livre-circulação de músicos durante as negociações, dizendo que apresentou a Londres "propostas bastante ambiciosas sobre mobilidade".

De acordo com o jornal britânico The Independent, foi Londres que rejeitou a proposta padrão da UE de conceder isenção de visto de três meses para artistas e criadores.

Segundo os signatários da carta, os custos adicionais dos novos trâmites tornarão "muitas turnês inviáveis, especialmente para os jovens músicos emergentes que já estão lutando para se manter à tona, devido à proibição de música ao vivo no âmbito do pandemia".

Na terça-feira (19), a secretária de Estado britânica para a Cultura, Caroline Dinenage, disse que a porta segue "aberta" para novas negociações sobre o assunto, "se a UE estiver preparada para considerar as propostas muito razoáveis do Reino Unido".

Um abaixo-assinado ao governo e ao Parlamento britânicos solicitando a isenção de visto para profissionais da música e para artistas reuniu mais de 263.000 assinaturas.

Várias estrelas, incluindo Louis Tomlinson (One Direction), Thom Yorke (Radiohead) e Dua Lipa, já pediram o apoio dos fãs à petição.

A indústria musical britânica já está devastada pela pandemia da Covid-19, e as novas restrições contra o coronavírus adiaram, por tempo indeterminado, o retorno às salas de concerto, turnês e festivais, aumentando as dificuldades para o setor.

O Reino Unido cortou definitivamente, em 31 de dezembro de 2020, seus laços com a União Europeia (UE), encerrando 48 anos de uma relação agitada.

Menos de duas semanas após a saída efetiva do Reino Unido da União Europeia, as empresas britânicas estão atoladas em um mar de dificuldades entre as formalidades administrativas e os imprevistos do Brexit.

O ministro do Gabinete britânico, Michael Gove, alertou que haveria "grandes interrupções" nos pontos de entrada do país nos próximos dias devido aos trâmites adicionais que atrasam o tráfego, um problema particularmente sério no caso de produtos frescos.

- Logística -

Entre a lentidão dos portos de entrada, em particular de Dover -no Canal da Mancha-, e a redução de três para uma do número de paradas permitidas para entrega ou coleta de mercadorias, o setor dos transportes vive dias difíceis.

As empresas de logística procuram formas de depender menos do Porto de Dover e, em particular na Irlanda, de evitar o Reino Unido e as suas atuais complicações, mesmo que isso signifique percorrer rotas mais longas.

- Fabricação -

Os setores mais afetados pelo Brexit neste momento são produtos minerais e metálicos, máquinas e equipamentos elétricos, produtos químicos e têxteis, altamente dependentes de importações de fora da UE e, portanto, sujeitos à chamada "regra de origem".

De acordo com essa norma, as mercadorias estão sujeitas a tarifas ao chegarem em solo britânico ou serem enviadas à UE.

- Distribuição -

De acordo com uma federação de transportadores rodoviários, a rede de abastecimento da Irlanda do Norte está "à beira do colapso", com atrasos nas entregas devido à burocracia adicional, além da regra de origem e tarifas sobre alguns produtos.

Os supermercados da Irlanda do Norte "estão enfrentando dificuldades consideráveis" para encher suas prateleiras desde 1º de janeiro, quando os controles de entrada na UE começaram entre as ilhas do Reino Unido e da Irlanda.

Como resultado, a rede de lojas de departamentos Debenhams, já em dificuldades, fechou sua loja online na Irlanda, e a famosa marca de delicatessen Fortnum and Mason suspendeu suas entregas para a UE.

"Pelo menos 50 de nossos membros estão enfrentando tarifas potenciais", disse a associação de varejo British Retail Consortium.

- Pesca -

Exportadores escoceses de mariscos relatam que se sentem ameaçados pela imposição da nova papelada após o Brexit e temem que alguns de seus produtos perecíveis destinados ao mercado europeu acabem no lixo.

O marisco escocês é exportado principalmente para o norte da França, de onde é enviado para o resto da Europa.

Pescadores europeus reclamam dos controles mais rígidos da guarda costeira britânica.

Como resultado desta vigilância pelas autoridades britânicas, um navio de pesca irlandês foi impedido de lançar as suas redes ao largo da costa da Escócia na semana passada.

Essa vigilância pode ser explicada pela decepção dos pescadores britânicos, que esperavam "recuperar o uso exclusivo de seus mares territoriais", explica à AFP Hubert Carré, diretor do comitê francês de pesca marítima e cultura marinha (CNPMEM), mas "o acordo (comercial entre Londres e Bruxelas) prevê que os "pescadores europeus" que tenham adquirido direitos possam continuar a pescar".

- Serviços financeiros -

Tratados no acordo comercial pós-Brexit apenas entre a UE e o Reino Unido, os serviços financeiros sofreram um rompimento brutal, diz Tej Patel, da consultoria Capco.

As empresas britânicas de serviços financeiros, agora privadas de seu "passaporte" para a UE, aguardam receber equivalências hipotéticas, autorizações para operar em áreas específicas (derivativos e corretagem de valores, compensação, etc.) e facilmente revogáveis.

A Comissão Europeia não parece estar disposta a conceder novas licenças além das duas já concedidas (em particular, a compensação de transações de derivados, que é predominantemente realizada na cidade de Londres), e solicitou "informações adicionais" de Autoridades britânicas.

Diante da perspectiva de meses de incerteza jurídica, muitos decidiram delegar as transações envolvendo empresas europeias para suas subsidiárias europeias, levando a uma migração estimada pela S&P de 6 bilhões de libras (8,16 bilhões de dólares, 6,71 bilhões de euros) de fundos a partir de 4 de janeiro.

A janela de transferências do futebol europeu começa neste sábado com a abertura dos mercados na Inglaterra, na França e na Alemanha e a apresentação de indícios de como as negociações vão se portar pelos próximos anos. Pela primeira vez o período terá o forte impacto da saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit. Além disso, os efeitos da pandemia do coronavírus devem se fazer ainda mais presentes.

De acordo com estimativa do próprio Campeonato Inglês, os times tiveram um prejuízo de cerca de R$ 5 bilhões com as partidas disputadas com portões fechados e a perda de receitas geradas pela crise. Por isso, a imprensa local prevê que a janela será marcada principalmente por muitas operações de empréstimos entre os clubes. Já as compras devem ser feitas com pagamentos parcelados e dentro do mercado doméstico. Assim, os gigantes da Europa não devem desfalcar tanto os clubes brasileiros, como em temporadas anteriores.

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"Os clubes compradores estão atentos a esse contexto e utilizando modalidades de pagamentos parcelados feitos a partir de financiamentos com bancos e investidores", contou ao Estadão a advogada inglesa Liz Soutter, especialista na área financeira do direito esportivo do escritório Effori Sports Law.

Sócio do mesmo escritório, o advogado Nilo Effori avaliou que o mercado europeu continuará com postura cautelosa para fazer negociações ainda pelos próximos anos. "Ninguém quer contratar um jogador caro. A quantidade de empréstimos gratuitos entre as equipes aumentou muito", disse.

Apesar de a pandemia já ser uma realidade no futebol europeu desde março de 2020, a janela vai mostrar evidências diferentes das apresentadas em julho, durante o verão no Velho Continente. No meio do ano passado, boa parte das transferências havia sido encaminhada antes do início da covid-19 e foi sacramentada em um contexto de otimismo pelo retorno do calendário.

Agora, em meio ao aumento de casos, à descoberta de uma nova cepa do vírus e ao Brexit, o comportamento deve ser outro. Segundo o jornal inglês The Independent, os times locais devem movimentar neste mês de janeiro bem menos do que os R$ 3 bilhões gastos no início de 2018, período em que mais se gastou com contratações no país na janela de inverno.

Porém, ao mesmo tempo em que a pandemia tirou recursos, acelerou a necessidade por mudanças. O calendário mais apertado de jogos prejudicou bastante o atual campeão inglês, o Liverpool. O time do técnico Jürgen Klopp tem sofrido com desfalques seguidos na defesa, em especial as baixas com Van Dijk, Gómez e Matip. Por isso, uma possível saída será contratar o francês Dayot Upamecano, destaque do RB Leipzig, da Alemanha, em negociação avaliada em R$ 280 milhões.

Ainda na Inglaterra, a expectativa é pela saída do alemão Ozil, do Arsenal, e do francês Pogba, do Manchester United. A tendência é de que o início da janela tenha como grandes atrações as negociações domésticas. O meia Dele Alli, do Tottenham, e o volante Declan Rice, do West Ham, são os principais nomes envolvidos em especulações.

Outra atração desta janela é o atacante Diego Costa. O brasileiro naturalizado espanhol rescindiu com o Atlético de Madrid e está livre no mercado. Um possível destino é o Wolverhampton, da Inglaterra. A equipe também quer o sérvio Luka Jovic, do Real Madrid.

Embora com contrato em vigor, outra expectativa no mercado é saber o destino do astro norueguês Haaland. O atacante do Borussia Dortmund, da Alemanha, desperta o interesse do Barcelona e de outras equipes inglesas. As janelas na Espanha e na Itália só abrem na segunda-feira. Porém, todos os mercados vão fechar ao mesmo tempo, em 1.º de fevereiro.

O Big Ben tocará onze badaladas e, uma hora antes da meia-noite desta quinta-feira(31), o Reino Unido cortará definitivamente seus laços com a União Europeia, encerrando quase 50 anos de um conturbado relacionamento.

“Seremos um vizinho amigável, ou melhor amigo e aliado que a UE pode ter”, prometeu o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, durante a aprovação parlamentar na quarta-feira do acordo comercial pós-Brexit alcançado in extremis há uma semana com Bruxelas.

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"O destino deste grande país está agora firmemente em nossas mãos", disse Johnson, o homem que tomou as rédeas para realizar esta partida histórica no final da noite.

Se a aplicação de uma nova vacina contra a covid-19 ofuscou o Brexit na imprensa britânica nesta quinta-feira, o Daily Mail falou em "dois saltos gigantescos em direção à liberdade", o Sun comemorou que o divórcio foi "finalmente finalizado" e The Times disse "adeus a tudo isso".

Após anos de caos e confronto político, o Reino Unido deixou oficialmente a UE em 31 de janeiro, colocando em prática o que os britânicos haviam decidido por 52% dos votos em um polêmico referendo de junho de 2016.

No entanto, durante onze meses, o país viveu o chamado "período de transição", durante o qual continuou a aplicar as regras europeias enquanto negociava a sua futura relação com os seus 27 antigos parceiros.

Impedida pela pandemia do coronavírus e pela resolução de Londres de "recuperar sua total soberania" e pela UE de "proteger o mercado único", a negociação parecia condenada em várias ocasiões.

Porém, em 24 de dezembro, horas antes da véspera de Natal, acabou dando frutos: a façanha de chegar ao acordo de livre comércio mais completo e abrangente possível no prazo recorde de dez meses, em vez dos vários anos que esses acordos costumam exigir.

Com ele, a UE oferece ao seu ex-parceiro acesso sem precedentes sem tarifas e sem cotas ao seu enorme mercado de 450 milhões de consumidores em troca do compromisso do Reino Unido de respeitar uma série de regras que irão evoluir ao longo do tempo sobre o meio ambiente, trabalho e direitos fiscais para evitar qualquer concorrência desleal.

Isso evitará que o caos se instale nas fronteiras britânicas às 11:00 GMT (20h, Brasília), meia-noite na Europa continental, seus portos sejam bloqueados pelo acúmulo de cargas sujeitas a procedimentos aduaneiros deixando o Reino em escassez de produtos em meio a um terceiro pelo alta dos casos de coronavírus.

No entanto, apesar do acordo, a burocracia vai aumentar e os despachantes aduaneiros de Dover, principal porto britânico no Canal da Mancha, estão preocupados com os novos procedimentos.

Olhando para o futuro

Devido à pandemia, não haverá comemorações. Só o Big Ben, o imenso sino da torre norte do Parlamento britânico, em restauração desde 2017, excepcionalmente quebrará o silêncio para tocar na virada e também uma hora antes, em um dos testes de seu mecanismo.

Os desafios agora são consideráveis para o governo Johnson, que prometeu dar ao Reino Unido um novo lugar no mundo, uma ideia resumida sob o slogan do "Reino Unido global".

No entanto, ele está prestes a perder um aliado poderoso com a saída de Donald Trump, um apoiador do Brexit que será substituído na Casa Branca pelo democrata mais pró-europeu Joe Biden.

No nível nacional, o executivo conservador deve se esforçar para reunificar os britânicos, divididos por um Brexit que contrariou a Escócia e a Irlanda do Norte.

“Deixamos um lugar vazio à mesa na Europa” mas “não ficará vazio por muito tempo”, ameaçou na quarta-feira o deputado escocês pró-independência Ian Blackford, cujo partido, o SNP, exige um novo referendo sobre autodeterminação, depois do vencido em 2014, com a esperança de poder reintegrar a UE como um Estado independente.

Desde sua entrada na Comunidade Econômica Europeia em 1973, a relação britânica com o bloco tem sido marcada por conflitos.

Mais interessado na integração econômica do que política, Londres se recusou em 1985 a participar dos acordos de Schengen que permitem a circulação de pessoas sem controle de passaporte e em 1993 na moeda única europeia, o euro.

Ele também lutou para contribuir menos para o orçamento comum. Agora, a UE perde definitivamente seu primeiro membro e com ele 66 milhões de pessoas e uma economia de 2,85 trilhões de dólares.

E vence o medo de que outros nacionalismos populistas sejam tentados a seguir o exemplo. Ao mesmo tempo, livre dos freios britânicos, poderá continuar trabalhando em seu projeto de maior integração política.

"Foi um longo caminho. É hora de deixar o Brexit para trás. Nosso futuro se constrói na Europa", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nesta quarta-feira.

A União Europeia confirmou a expectativa e sacramentou nesta quarta-feira, 30, um acordo comercial e de cooperação com o Reino Unido. A informação foi divulgada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Além dela, o documento foi firmado pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

Em sua conta no Twitter, Von der Leyen disse que o documento será também assinado mais tarde em Londres, pelo primeiro-ministro Boris Johnson.

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"Foi um caminho longo. É hora agora de deixarmos o Brexit para trás", comentou a autoridade da UE. "Nosso futuro é feito na Europa", argumentou.

Michel, por sua vez, comentou o assunto também no Twitter: "Um novo capítulo, uma nova relação", disse.

Em um pregão mais curto e de baixa liquidez devido à véspera de Natal, as bolsas da Europa encerraram o pregão desta quinta-feira (24) sem direção única, com todos olhos voltados para a perspectiva de que Reino Unido e União Europeia (UE) vão anunciar o acordo comercial pós-Brexit nas próximas horas.

Britânicos e europeus continentais têm até o próximo dia 31, quando vence o chamado período de transição do Brexit, para fechar um entendimento. Investidores mantêm otimismo que o impasse será resolvido ainda hoje. "O acordo remove um freio potencial na recuperação da economia global", diz Paul Dales, economista-chefe para o Reino Unido da Capital Economics. "Como os mercados já estão esperando um acordo há algumas semanas, o escopo para mais ganhos é limitado", acrescenta.

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Na bolsa de Londres, o índice FTSE 100 avançou 0,10%, a 6.502,11 pontos. Por lá, as ações do Lloyds Banking dispararam 3,99%, compensando as perdas dos papéis de exportadoras, prejudicadas hoje pela força da libra esterlina ante o dólar no mercado internacional. A British Petroleum (BP), por exemplo, cedeu 1,03%, também com o peso do petróleo em baixa no exterior.

Seguiram a tendência londrina os índices Ibex 35, da bolsa de Madri, que subiu 0,47%, a 8.111,50 pontos, e PSI 20, da bolsa de Lisboa, em alta de 0,61%, aos 4.854,90 pontos.

Descolou-se das demais praças, porém, o índice CAC 40, de Paris, que cedeu 0,10%, a 5.522,01 pontos. A maior queda foi da fabricante de microchips STMicroelectronics (-0,96%).

As bolsas de Frankfurt e Milão, por sua vez, não operaram nesta quinta-feira.

As negociações entre o Reino Unido e a União Europeia (UE) para a relação comercial pós-Brexit foram retomadas neste domingo em Bruxelas, no que pode ser o último dia de conversações em uma corrida contra o tempo.

O negociador britânico David Frost retornou ao edifício Berlaymont, sede da Comissão Europeia, para retomar os contatos. O governo do Reino Unido informou que o primeiro-ministro Boris Johnson e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, terão uma conversa por telefone nas próximas horas para fazer um balanço.

Na quarta-feira, os dois líderes estabeleceram o domingo como prazo para decidir se valeria a pena continuar negociando ou se, diante da impossibilidade de superar as divergências, jogam a toalha.

Desde então, várias declarações pessimistas foram feitas sobre as possibilidades de alcançar um tratado de livre comércio para administrar a relação comercial entre as duas margens do Canal da Mancha após o fim do período de transição pós-Brexit, em 31 de dezembro.

"Ainda há um longo período pela frente", repetiu neste domingo o ministro britânico das Relações Exteriores, Dominic Raab, ao canal Sky News. "Algumas propostas, algumas sugestões que nos fizeram, são bastante extravagantes, francamente, e não se tornam mais razoáveis com a repetição", afirmou.

A chanceler espanhola, Arancha González, pediu às partes que evitem a qualquer custo uma ruptura sem acordo. "Nas atuais circunstâncias, em plena pandemia de covid-19, seria extremamente negativo para nossas economias", declarou a Sky News, recordando que "o Reino Unido sofreria ainda mais que a União Europeia".

O primeiro-ministro da Irlanda, Micheál Martin, cujo país seria o mais afetado da UE por um Brexit sem acordo, também pediu a continuidade dos esforços. "Seria um fracasso político se não estivéssemos em condições de conseguir um acordo", declarou à BBC.

Ele destacou que "97%" do tratado comercial foi negociado. "E parece que os 3% restantes não deveriam estar além da capacidade das partes de superar as diferenças", acrescentou.

Johnson e Von der Leyen advertiram nos últimos dias que o fracasso das negociações era mais provável. Mas o secretário francês para Assuntos Europeus, Clément Beaune, considerou que sempre existe a possibilidade de que Londres e Bruxelas decidam continuar conversando "por mais alguns dias, no máximo".

Anos de negociações

O Reino Unido abandonou oficialmente a UE em 31 de janeiro e a partir de março Londres e Bruxelas começaram a negociar um acordo comercial que deveria entrar em vigor em 1 de janeiro de 2021.

Mas as negociações ficaram bloqueadas em três temas: acesso dos navios pesqueiros europeus a águas britânicas, normas de concorrência para o acesso de empresas britânicas ao mercado europeu e o futuro mecanismo de solução de divergências.

Dos três, a questão sobre as normas de concorrência é a que apresenta os maiores desafios. Londres informou no sábado que quatro navios da Marinha Real estão preparados para proteger as águas britânicas de potenciais tensões com embarcações europeias, em caso de fracasso das negociações.

A hora da verdade se aproxima, quatro anos e meio depois do histórico referendo de 2016 em que o Reino Unido decidiu por 52% dos votos acabar com quase cinco décadas de uma relação tensa com a UE e tornar-se o primeiro país a sair do bloco.

Londres acusou nas últimas semanas Bruxelas de endurecer repentinamente sua posição, talvez motivada pelo temor de países como a França - que ameaçou vetar o acordo - de fazer muitas concessões para obter "um acordo a qualquer preço". A UE negou qualquer mudança de atitude.

A saída enfraquece a unidade do Reino Unido, dando argumentos aos independentistas da Escócia, uma nação de 5,5 milhões de habitantes profundamente pró-europeus e que votaram em sua maioria contra o Brexit.

Durante a semana, a UE apresentou medidas de emergência para o caso de não alcançar um acordo, com o objetivo de manter o bom funcionamento do transporte terrestre e aéreo durante seis meses, desde que Londres faça o mesmo, e garantir que os barcos de pesca tenham acesso às águas dos dois lados em 2021. O plano será examinado na quarta-feira no Parlamento Europeu.

Frutas, peixes, farinhas, óleos vegetais, mel, bebidas alcoólicas e couro estão na lista de 50 produtos com alto potencial para ampliação de vendas para o mercado britânico com a formalização da saída do Reino Unido da União Europeia. O estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso, será divulgado oficialmente aos exportadores na semana que vem.

O levantamento tem como ponto de partida o anúncio feito em maio pelo governo britânico de que a partir de 2021 entrarão em vigor mudanças no regime tarifário de importações. Entre elas, estão reduções de tributos - alguns, inclusive, a zero - e simplificações sobre 563 produtos do agronegócio, quase metade de todo o comércio do setor do Reino Unido com o restante do mundo.

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No caso das vendas brasileiras para o país, 37% da pauta será beneficiada de alguma forma, tendo como base o comércio de 2019, e 15% dela foi classificada como os produtos com maiores oportunidades depois do Brexit, como é chamada a saída do país da UE. De acordo com a confederação, o montante que será beneficiado de alguma forma equivale a US$ 533 milhões das vendas brasileiras para o país no ano passado. Já os produtos listados como os que têm maior potencial para o comércio futuro entre os países representaram US$ 79,3 milhões das transações de 2019.

A CNA ressaltou, porém, que as alterações tarifárias são válidas para todos os países, e não apenas para o Brasil, e que, portanto, é preciso que o exportador se apresse para conseguir espaço no mercado. "É complicado fazer uma estimativa de quanto as exportações vão aumentar porque a liberalização das tarifas não é apenas para o Brasil. Isso vai depender de como os agentes daqui e de outras partes do mundo vão se posicionar", explicou o economista e assessor de relações internacionais da CNA, Pedro Rodrigues.

Frutas

As frutas foram apontadas pela equipe que confeccionou o estudo como a maior aposta de ampliação do comércio. "As frutas, principalmente as tropicais, são o maior destaque da pauta futura", previu a superintendente de relações internacionais da CNA, Lígia Dutra. Ela lembrou que a Europa continental é responsável por mais de 60% das vendas brasileiras para o exterior e que o Reino Unido praticamente não tem produção doméstica.

O trabalho revela que as compras de limão, por exemplo, passarão a contar com redução tarifária de quase 14 pontos porcentuais em relação às taxas adotadas pelo bloco. A de uvas e maçãs, que são itens bastante produzidos no velho continente, também foi diminuída. No caso de vinhos e cacau em pó, o ingresso no mercado britânico passará a ser feito com imposto menor. Um dos segmentos mais beneficiados, segundo o estudo, é o de óleos essenciais, que tiveram tarifas zeradas em todos os produtos. A entidade ressaltou que o Brasil é um importante fornecedor de óleos essenciais de laranja ao Reino Unido, tendo ocupado um terço das importações no ano passado. O item surpreendeu os porta-vozes da entidade, que explicaram que o produto é usado na indústria alimentícia, de limpeza, de cosméticos e que o óleo essencial de tangerina também é usado para curtir couro.

Em 2019, os cinco principais grupos de produtos do agronegócio brasileiro vendido para o país foram responsáveis por 62% das exportações: carne de frango (14,9%), madeira (14,5%), frutas - exceto nozes e castanhas (12,5%), celulose (11,5%) e soja em grãos (9,1%).

As importações britânicas de produtos agrícolas somaram US$ 106 bilhões no ano passado e os países da UE foram os principais fornecedores, com uma fatia de 64%, de acordo com um estudo. O Brasil ficou na 16ª colocação, com vendas totais de US$ 1,4 bilhão ou fatia de 1,3%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A maioria das bolsas da Ásia encerrou o pregão desta terça-feira (8) em baixa, mirando a ampliação de restrições para conter a segunda onda de Covid-19 e o impasse do Brexit. As perdas foram atenuadas, contudo, pela aposta de investidores em mais estímulos fiscais nos Estados Unidos.

Justamente o "sopro de otimismo" com mais apoio na maior economia do mundo permitiu ao índice de Shenzhen encerrar o dia na estabilidade, aos 13.973,89 pontos.

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Entre os demais mercados do continente, porém, as perdas foram generalizadas: no Japão, o índice Nikkei encerrou o dia em queda de 0,30%, aos 26.467,08 pontos, acompanhado pelo Kospi, de Seul, que caiu 1,62%, para 2.700,93 pontos.

O índice Hang Seng, de Hong Kong, recuou 0,73%, aos 26.314,00 pontos, e, na China continental, o índice de Xangai cedeu 0,19%, para 3.410,18 pontos.

O pessimismo vem na esteira da segunda onda de covid-19 no planeta, que já leva importantes centros econômicos globais, como a Califórnia, a endurecerem medidas restritivas para conter o repique de casos. Além disso, o desconforto com a falta de acordo para o Brexit persiste e contém a tomada por risco.

Via imprensa, autoridades britânicas e europeias sinalizaram ao longo de ontem que o acordo comercial para vigorar após o período de transição do Brexit pode, de fato, não sair, já que os dois lados não conseguem chegar a um consenso.

Essa hipótese - conhecida como "hard Brexit" - era temida pelo mercado desde o plebiscito que deu início à saída do Reino Unido da União Europeia, feito em 2016.

O ministro das Relações Exteriores da Irlanda, Simon Coveney, por exemplo, afirmou que as negociações estão pendendo para a falta de acordo.

Na Oceania, a tendência de recuperação se uniu à iminência dos estímulos fiscais em solo americano e levou o índice S&P/ASX 200, da Bolsa de Sidney, a fechar em alta de 0,19%, aos 6.687,70 pontos.

As negociações entre União Europeia (UE) e Reino Unido por um acordo pós-Brexit permaneciam bloqueadas nesta segunda-feira, apesar do esforço anunciado pelas duas partes no fim de semana, afirmaram fontes diplomáticas europeias.

O principal negociador europeu, o francês Michel Barnier, comunicou aos embaixadores dos países membros da UE que não foram registrados avanços nos três temas que bloqueiam o acordo.

Trata-se dos mesmos temas que impediram um acordo nos últimos dois meses: garantias de concorrência leal exigidas a Londres por Bruxelas, o acesso dos barcos europeus às ricas águas de pesca britânicas e a forma de resolver as futuras divergências.

Os contatos devem prosseguir nas próximas horas, de acordo com Barnier. Durante a noite de segunda-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, devem conversar por telefone, o que pode selar o destino das negociações.

Na sexta-feira, as equipes de negociação anunciaram uma "pausa" das conversações em Londres diante da impossibilidade de resolver as divergências. Von der Leyen e Johnson já conversaram por telefone no sábado.

Durante o contato, Von der Leyen e Johnson concordaram com um encontro dos negociadores no domingo em Bruxelas para avaliar mecanismos de solução de diferenças.

O Reino Unido saiu formalmente da União Europeia no início do ano e as partes estabeleceram um período de transição até 31 de dezembro, quando Londres deixará de modo definitivo o mercado único e a união alfandegária.

O período de transição foi definido justamente para que Londres e Bruxelas negociem um acordo sobre como funcionaria a relação comercial a partir de 1 de janeiro de 2021, mas até agora os esforços para alcançar o entendimento não deram resultados.

Caso as partes não consigam um acordo, a partir de 1 de janeiro de 2021 as relações comerciais passariam a ser pautadas pelas normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), um cenário que os dois lados desejavam evitar.

As delegações da União Europeia e do Reino Unido terão neste domingo uma nova rodada de conversas para um acordo pós-Brexit e, no dia seguinte, haverá um novo contato entre a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o premier Boris Johnson.

"Nenhum acordo é alcançável" se não forem resolvidas as diferenças que persistem, assinalou Ursula neste sábado em Bruxelas, após um conversa telefônica com Johnson. Por isso, os líderes deram instruções às equipes para que organizem uma nova rodada amanhã na capital belga. "Conversaremos novamente na segunda-feira", informou a presidente da Comissão Europeia.

Negociadores da União Europeia e do Reino Unido mantêm, nesta segunda-feira (28), a corrida contra o tempo para avançar nas negociações comerciais, apesar da disputa sobre uma polêmica lei britânica sobre o Brexit que ameaça prejudicar a relação bilateral.

Autoridades dos dois lados têm uma nova sessão de negociações na agenda em Bruxelas, em um esforço para alcançar um compromisso em negociações que não progrediram em áreas essenciais em seis meses de discussões.

Tanto Londres quanto Bruxelas argumentam que um acordo de livre comércio entre a Europa e o Reino Unido deve ser alcançado em meados de outubro, para permitir que seja ratificado antes de sua entrada em vigor em 1º de janeiro do próximo ano.

Do contrário, o comércio passaria a ser regido pelas regras da Organização Mundial do Comércio, com tarifas e cotas mais altas e um caos econômico quase certo para o Reino Unido e a Europa.

Em Bruxelas, o vice-presidente da Comissão Europeia, Maros Sefcovic, se reúne com seu colega britânico, Michel Gove, como vice-presidente de um comitê de coordenação UE-Reino Unido, que supervisiona a implementação do acordo de divórcio.

Os dois principais negociadores, o francês Michel Barnier e o britânico David Frost, se reuniram na semana passada para se preparar para a rodada de negociações, em encontros que Londres chamou de "construtivos".

Mas os diplomatas europeus permaneceram cautelosos sobre a possibilidade de qualquer progresso, apontando que esta rodada de reuniões prepararia o terreno para um impulso final no final de outubro.

A atmosfera é tão rarefeita que o primeiro-ministro da Irlanda, Micheál Martin, disse à imprensa que "para ser honesto, não estou muito otimista" em algum acordo de curto prazo.

Em sua opinião, a decisão britânica de lançar uma lei sobre o mercado interno que modifica aspectos do Acordo de Retirada "corroeu a confiança".

O ministro das Relações Exteriores da Irlanda, Simon Coveney, cujo país tem mais a perder do que a maioria se as negociações fracassarem, disse que Bruxelas não aprovará um acordo comercial se Londres continuar com ameaças de rompimento de acordos.

O CEO da BusinessEurope, a maior entidade empresarial da Europa, afirmou em uma entrevista que a mudança de uma integração total do Reino Unido e UE para uma separação sem acordo terá "consequências devastadoras" para as empresas.

"Estamos caminhando para um penhasco", opinou.

As capitais europeias não escondem sua indignação com a decisão do primeiro-ministro britânico Boris Johnson de aprovar uma lei sobre o mercado interno que seu próprio governo admite que violaria a lei internacional ao substituir o Acordo de Retirada.

Bruxelas pretende entrar com uma ação judicial contra a medida, mas decidiu continuar as negociações sobre um futuro acordo comercial.

As duas partes continuam divididas sobre as regras de concorrência entre as empresas, auxílios estatais ou subsídios para empresas da UE e do Reino Unido e o acesso dos navios de pesca da UE às águas do Reino Unido.

Os diplomatas esperam um progresso significativo em tempo para uma cúpula de líderes da UE no final do mês, embora, de acordo com as expectativas, a disputa possa se estender até novembro.

O vice-presidente da Comissão Europeia para Relações Interinstitucionais, Maros Sefcovic, disse nesta terça-feira (22) que a próxima reunião do comitê conjunto da União Europeia (UE) e do Reino Unido será realizada na próxima segunda-feira (28), em Bruxelas. "Estamos dedicados à plena implementação do Acordo de Retirada", afirmou Sefcovic, referindo-se ao pacto que governa as condições para a saída do Reino Unido da UE.

O comitê conjunto é um órgão no qual Reino Unido e UE discutem como implementar o chamado Brexit, como é conhecido o processo de ruptura entre os dois lados. Recentemente, o governo do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, propôs uma controversa legislação que se sobrepõe ao Acordo de Retirada.

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A União Europeia (UE) completará as negociações com o Reino Unido para tentar alcançar um acordo sobre sua futura relação, afirmou nesta sexta-feira (11) o comissário do Mercado Interno, Thierry Breton.

"Estamos na reta final das negociações. Do nosso lado, as negociações seguirão até o fim. Não praticaremos a política da cadeira vazia, está muito claro", declarou ao canal francês BFM Business.

"Toda a Europa, e isto é suficientemente sem precedentes para destacar, está ao lado do nosso negociador Michel Barnier, que está fazendo um trabalho bastante notável e que pode ser apreciado (...) com calma", completou.

"Mas também é certo que estamos decididos", insistiu Breton, antes de acrescentar que se britânicos querem os benefícios do mercado interno europeu depois da saída da UE, "terão que aceitar e respeitar todas as normas".

O governo do Reino Unido confirmou na quinta-feira a intenção de apoiar um projeto de lei que questionaria alguns compromissos assumidos no acordo de saída da UE, apesar do ultimato de Bruxelas apresentado a Londres até o fim do mês para renunciar ao projeto ou enfrentar recursos jurídicos.

O governo britânico apresentou, na quarta-feira, seu projeto de lei, que aproveita uma harmonização pós-Brexit do comércio entre as quatro nações do Reino Unido para modificar a aplicação de tarifas e possíveis controles aduaneiros na Irlanda do Norte, segundo o acordo de divórcio com a UE.

Este tratado internacional, em vigor desde 31 de janeiro, prevê um dispositivo pelo qual essa província britânica manterá as regras do mercado comum europeu para evitar reimpor uma fronteira com a vizinha República da Irlanda.

Seu objetivo é não colocar em risco a frágil paz que reina na ilha desde o Acordo de Belfast de 1998, que encerrou três décadas de um conflito violento entre republicanos católicos e unionistas republicanos.

As autoridades europeias, lideradas por Dublin, denunciam os planos do primeiro-ministro britânico Boris Johnson como uma ameaça à essa estabilidade.

Nesta sexta-feira, o ministro alemão das Finanças, Olaf Scholz, afirmou que "os acordos devem ser respeitados".

"Está claro que todos devem ater-se ao que foi aceito", insistiu, antes de uma reunião de ministros das Finanças da UE em Berlim.

O ministro das Finanças da Irlanda, Paschal Donohoe, também enfatizou que o respeito aos tratados "é um requisito prévio para o aspecto de qualquer relação futura".

"Todo este processo de negociação me lembra um pouco o filme 'Groundhog Day' (Feitiço do Tempo no Brasil), no qual o protagonista acorda todas as manhãs para viver eternamente o mesmo dia", declarou o ministro austríaco das Finanças, Gernot Blümel.

O governo britânico defendeu nesta quarta-feira (9) a sua decisão de reverter alguns compromissos assumidos no âmbito do Brexit, em uma suposta violação do direito internacional, o que dificulta ainda mais as já complexas negociações com a União Europeia (UE) sobre a sua futura relação.

Publicadas no início da tarde, as alterações visam "garantir a fluidez e segurança do nosso mercado interno britânico", explicou o primeiro-ministro Boris Johnson aos deputados.

No que diz respeito, em particular, aos regimes aduaneiros na Irlanda do Norte, destinam-se a facilitar o comércio dentro do Reino Unido após o final do período de transição pós-Brexit, que terminará no final de dezembro.

Mas, ao modificar um documento com status de tratado internacional, o texto "viola o direito internacional de uma forma muito específica e limitada", como admitiu o próprio ministro responsável para a Irlanda do Norte, Brandon Lewis.

O projeto de lei britânico "violaria o direito internacional e minaria a confiança" entre os dois parceiros, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

A mudança surpreendente de Londres acrescenta combustível às já difíceis negociações com a UE sobre um acordo comercial pós-Brexit. Expõe Londres a "graves consequências" de Bruxelas, advertiu o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli.

O vice-primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, comparou a manobra do governo britânico a um ato "suicida", que "saiu pela culatra", desencadeando uma onda de reações negativas.

Criticado até em seu próprio campo, inclusive pela ex-chefe de Governo Theresa May, Boris Johnson defendeu seu projeto diante dos deputados durante a sessão semanal de perguntas ao primeiro-ministro.

O líder dos separatistas escoceses do SNP na Câmara dos Comuns, Ian Blackford, acusou-o de se considerar "acima da lei".

- Barnier quer explicações -

Enquanto defende sua manobra, o governo conduz uma delicada oitava sessão de negociações com a UE, que teve início na terça-feira e deve prosseguir até quinta-feira.

Em Londres, o negociador da UE Michel Barnier buscará esclarecimentos sobre os últimos desenvolvimentos.

"Estamos com um espírito construtivo, mas firmes", disse à AFP o secretário de Estado francês para Assuntos Europeus, Clément Beaune, em coletiva conjunta com seu colega alemão, Michael Roth, em Berlim.

No texto original, o protocolo norte-irlandês visa garantir a ausência de uma fronteira física entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, membro da UE, e evitar tensões nesta região, marcada por três décadas de agitação até a assinatura dos Acordos de Paz da Sexta-feira Santa em 1998.

O retorno dos controles alfandegários aumenta os temores de novas tensões na província britânica.

Trata-se de "proteger o nosso país da interpretação extrema ou irracional do protocolo, que poderia conduzir a uma fronteira no Mar da Irlanda de uma forma que, na minha opinião, seria prejudicial para os interesses do acordo da Sexta-feira Santa e prejudicial aos interesses da paz em nosso país", defendeu Johnson.

O Reino Unido deixou formalmente a UE em 31 de janeiro, quase quatro anos após um referendo que marcou o fim de 46 anos de um casamento difícil.

Mas o país de seguir as regras europeias até o final de dezembro, um período de transição durante o qual as duas partes tentam concluir um acordo de livre comércio. O resultado das negociações permanece incerto.

Antes do início da oitava rodada de negociações, o negociador britânico David Frost pediu à UE que "seja mais realista sobre o status de país independente" do Reino Unido.

As negociações esbarram, em particular, na pesca e nas condições de concorrência. O tempo está acabado. Bruxelas quer um acordo até o final de outubro para permitir a ratificação a tempo.

O primeiro-ministro Boris Johnson, por sua vez, alertou que, na falta de um acordo até a reunião de cúpula europeia de 15 de outubro, ele ficaria satisfeito com um "no deal", apesar dos riscos econômicos.

O governo britânico está preparando um texto legislativo que pode anular partes do acordo de retirada da União Europeia (UE) firmado em 2019. Isso ameaça prejudicar as negociações comerciais entre Londres e Bruxelas.

A informação, adiantada pelo jornal Financial Times, coincide com o ultimato dado pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, para que Londres e Bruxelas cheguem a um acordo sobre sua futura relação comercial para este 15 de outubro.

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Caso contrário, seu país finalizará a desconexão do bloco europeu sem pacto quando o período de transição terminar, em 31 de dezembro. As ameaças do Executivo conservador do Reino Unido vêm à tona antes que outra rodada de conversações entre o negociador britânico, David Frost, e o principal representante da União Europeia para o Brexit, Michel Barnier, comece hoje.

Ontem, Barnier, alertou que todos os compromissos alcançados "devem ser respeitados". "É um sinal de confiança no futuro", insistiu Barnier em entrevista à rádio France Inter.

O representante da UE disse que abordará esta questão com seu homólogo britânico durante a oitava rodada de negociações sobre as relações pós-Brexit entre a comunidade europeia e o Reino Unido esta semana. "O que é importante para mim é o que o primeiro-ministro diz e faz, e o que o governo britânico diz e faz", enfatizou.

Quanto à Irlanda do Norte, Barnier insistiu que não deveria haver fronteira terrestre. "É a condição para uma economia unida e coerente em toda a ilha e também para que todo o mercado único seja respeitado."

O Reino Unido deixou formalmente a UE em 31 de janeiro - no chamado Brexit -, cerca de quatro anos depois de um referendo histórico que marcou o fim de quase 50 anos de adesão ao bloco. Até o final deste ano, o país continuará regido por regulamentações europeias. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Britânicos e europeus voltaram a expressar, nesta sexta-feira (15), sua "decepção", após uma terceira rodada de discussões sobre o relacionamento pós-Brexit, com negociações cada vez mais tensas e um resultado muito incerto.

Além de "algumas propostas modestas, nenhum progresso foi possível nos outros assuntos mais difíceis", declarou o negociador-chefe da UE, Michel Barnier, em entrevista coletiva em Bruxelas. Ele julgou esta rodada "decepcionante".

Seu colega britânico, David Frost, criticou-o pelos "pequenos progressos" feitos e pediu "uma mudança na abordagem da UE" antes da próxima rodada de negociações em 1º de junho.

"Nada de muito novo sob o sol", resumiu uma fonte próxima às discussões. Com exceção, talvez, do tom das trocas, desta vez mais "firmes, às vezes um pouco viris".

"O tom aumentou um pouco mais nesta sessão", segundo uma fonte europeia, que evocou uma semana "frustrante". Falta uma "visão comum sobre o que estamos tentando fazer", explicou.

As discussões anteriores, no final de abril, já haviam terminado com o reconhecimento do fracasso, deixando uma forte incerteza sobre a capacidade de Londres e Bruxelas de se entender, como esperado, até o final do ano.

Os britânicos, que deixaram formalmente a UE em 31 de janeiro, entraram em um período de transição até o final do ano, durante o qual continuam a aplicar as normas do bloco.

Os negociadores devem, teoricamente, decidir em junho se prorrogam ou não esse período, a fim de permitir mais tempo para negociar.

Mas Londres rejeita categoricamente essa ideia, mesmo que a epidemia de coronavírus tenha alterado o calendário das discussões, bem como sua forma: exclusivamente por videoconferência.

"Eles parecem convencidos de que podem ficar sem (extensão). Mas é um pouco absurdo", comentou a fonte europeia, para quem os britânicos estão mostrando "má fé".

Uma extensão "apenas prolongaria (...) a incerteza das empresas" e implicaria "novos pagamentos ao orçamento da UE", disse um porta-voz britânico no início desta semana.

Outro ponto de discórdia: a forma do acordo. Os europeus pedem um relacionamento amplo e ambicioso, quando o Reino Unido exige nada mais do que um clássico acordo de livre comércio - o mesmo tipo que o celebrado pela UE com o Canadá -, em torno do qual vários pequenos textos setoriais poderiam ser negociados.

Para David Frost, esses acordos poderiam "ser concluídos sem grandes dificuldades no tempo disponível".

Mas a UE só está disposta a aceitar um acordo comercial com o Reino Unido se for acompanhado de garantias em termos de concorrência social, ambiental ou fiscal. O que os britânicos não querem ouvir.

Esse pedido europeu, segundo David Frost, é "o principal obstáculo" a um acordo, porque Londres não pretende estar ligada no futuro "às leis ou normas da UE".

"A UE exige muito mais do Reino Unido do que de outros países soberanos com os quais concluiu acordos", disse um porta-voz do governo britânico na quinta-feira.

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