Papa visita a Macedônia do Norte para pregar a unidade
Diante das autoridades locais, Francisco elogiou o patrimônio e a 'composição multiétnica e multirreligiosa' do pequeno país de 2,1 milhões de habitantes
O papa Francisco desembarcou nesta terça-feira (7) na Macedônia do Norte, onde pregará a unidade neste pequeno país, mosaico de nacionalidades e confissões, com maioria ortodoxa.
Diante das autoridades locais, Francisco elogiou o patrimônio e a "composição multiétnica e multirreligiosa" do pequeno país de 2,1 milhões de habitantes, fruto, segundo o papa, de uma "historia rica e, por quê não, também complexa de relações interligadas no decorrer dos séculos".
O papa também destacou o "generoso esforço feito pelas autoridades" da Macedônia do Norte "com a valiosa contribuição de várias organizações internacionais, Cruz Vermelha, Cáritas e algumas ONGs, para receber e socorrer um grande número de migrantes e refugiados procedentes de diversos países do Oriente Médio".
O avião do pontífice pousou às 8H15 (3H15 de Brasília) no aeroporto de Skopje - a capital do país, repleta de fotografias do papa sorridente -, onde foi recebido pelo presidente Gjorge Ivanov e o primeiro-ministro Zoran Zaev.
Zoran Zaev foi o idealizador do recente acordo com a Grécia, que encerrou uma longa disputa entre os dois países.
Os católicos, uma pequena comunidade que representa menos de 1% dos 2,1 milhões de habitantes do país, contam, no entanto, com a força da herança de Madre Teresa.
Nascida em 1910 em Skopje, então sob a tutela do Império Otomano, ela se tornou o que o papa descreveu em uma mensagem de vídeo divulgada antes da viagem como "uma corajosa missionária da caridade de Cristo no mundo, dando consolo e dignidade aos mais pobres entre os pobres”.
Na Macedônia do Norte, assim como na Bulgária - a primeira etapa da viagem do papa aos Bálcãs no domingo e segunda-feira -, os ortodoxos são maioria e representam quase dois terços da população. O outro terço é composto por muçulmanos, principalmente procedentes da comunidade albanesa.
Independente da confissão, os habitantes do país disputaram os 15.000 ingressos gratuitos para acompanhar a missa do pontífice na praça central, muito próxima do local de nascimento de Madre Teresa, cuja família pertencia à minoria albanesa.
A Macedônia do Norte é um dos países mais pobres da Europa, com um salário médio de quase 400 euros e mais de um terço dos jovens desempregados.
Na mensagem de vídeo, Francisco celebra o mosaico religioso, cultural e étnico da Macedônia do Norte, onde, afirmou, pretende semear a fraternidade.
"De fato a particular beleza da face de seu país se deve precisamente à variedade de culturas, etnias e religiões que o habitam".
"A convivência nem sempre é fácil, sabemos. Mas é um esforço que vale a pena ser feito porque os mosaicos mais bonitos são os mais ricos em cores".
A mensagem de unidade do pontífice chega poucos meses depois do país aceitar a mudança de nome para Macedônia do Norte, abandonando o simples Macedônia, para encerrar uma antiga disputa com a Grécia.
O primeiro-ministro Zoran Zaev, que liderou o processo de reconciliação e é ortodoxo, considera a visita especialmente simbólica "na cidade natal da santa Madre Teresa, símbolo de reconciliação e solidariedade".
O arcebispo da Macedônia do Norte, Kiro Stojanov, considera a visita um "estímulo poderoso" para continuar com "a democratização da sociedade e promover justiça e igualdade".
O papa se reunirá com líderes políticos e religiosos do país. Francisco também visitará o memorial dedicado à Madre Teresa, que abandonou Skopje no fim dos anos 1920, antes de passar a maior parte de sua vida na ciddade indiana de Calcutá. Ela foi canobizada em 2016.