Ataques no sul do Iêmen deixam 49 mortos

Um dos ataques foi reivindicado pelos rebeldes huthis, que anunciaram ter usado um míssil e um drone contra o quartel da polícia em Al-Jalaa, 20 km ao oeste de Aden

qui, 01/08/2019 - 11:51
- Execução da lei iemenita em um quartel perto de Aden (Iêmen), após um ataque reivindicado por rebeldes Houthi -

Ao menos 49 pessoas, em sua maioria policiais, morreram e várias ficaram feridas nesta quinta-feira (1º) em dois ataques contra as forças de segurança em Aden, sul do Iêmen, anunciaram fontes oficiais e dos serviços médicos.

"Quarenta e nove pessoas foram mortas e quarenta e oito feridas", declarou à imprensa Mohammed Rabid, autoridade do governo reconhecido pela comunidade internacional. Ele não precisou o número de policiais entre os mortos e feridos.

Um dos ataques foi reivindicado pelos rebeldes huthis, que anunciaram ter usado um míssil e um drone contra o quartel da polícia em Al-Jalaa, 20 km ao oeste de Aden.

O general Munir al-Yafyi está entre as vítimas fatais, informaram fontes das forças de segurança. Ele foi atingido por estilhaços do míssil que caiu perto de uma tribuna, segundo um fotógrafo da AFP no local.

Perto da cratera aberta pelo míssil, o corpo de uma vítima foi coberto com uma bandeira

Poucos minutos antes, um atentado suicida com carro-bomba foi executado na entrada do quartel-general localizado no bairro Sheikh Othman, centro de Aden. A ação foi atribuída pelas autoridades aos jihadistas.

A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), que administra o hospital para onde as vítimas foram levadas, afirmou no Twitter que "10 pessoas morreram" e 16 ficaram feridas, incluindo duas gravemente.

Um primeiro balanço anunciado por um médico do hospital citava três policiais mortos e 20 feridos.

O ataque aconteceu no momento em que os policiais se reuniam para saudar a bandeira nacional.

Os dois ataques tiveram como alvos as forças do "Cinturão de Segurança", agentes de polícia treinados e equipados pelos Emirados Árabes Unidos, um dos pilares da coalizão militar liderada pela Arábia Saudita, que atua desde 2015 no Iêmen contra os rebeldes huthis.

Os ataques aconteceram após um período de relativa calma em Aden, onde o último atentado suicida havia sido registrado em 24 de julho.

No início de julho, os Emirados Árabes Unidos anunciaram a intenção de reduzir suas tropas no Iêmen, a fim de passar de uma "estratégia" de guerra para uma lógica de "paz".

Nos últimos anos, Aden, "capital" provisória do governo iemenita após a tomada de Sanaa pelos rebeldes huthis, foi palco de vários atentados que mataram centenas de pessoas.

Antigo posto comercial próspero do império britânico no Oceano Índico, Aden era a capital do ex-Iêmen do Sul, que foi um Estado independente até se fundir com o Iêmen do Norte em 1990.

Uma das consequências do conflito entre os huthis e as forças pró-governo desde 2014 foi o reforço da presença da Al-Qaeda e do grupo Estado Islâmico no sul do Iêmen, onde os extremistas reivindicaram dezenas atentados nos últimos anos.

Mais de quatro anos após o início da intervenção da coalizão liderada por Riad, os huthis ainda controlam vastas áreas do oeste e do norte do país, incluindo Sanaa.

O sul está, em grande parte, sob controle das forças pró-governamentais.

O conflito no Iêmen custou a vida de dezenas de milhares de pessoas, incluindo muitos civis, segundo várias organizações humanitárias. Quase 3,3 milhões de pessoas estão deslocadas.

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