Índia tem protesto contra lei considerada antimuçulmana

Lei prevê dar a nacionalidade indiana a refugiados do Afeganistão, Paquistão e Bangladesh, desde que não sejam de confissão muçulmana

sex, 27/12/2019 - 12:22
Jewel SAMAD Os manifestantes prometeram manter a pressão até que a lei seja revogada Jewel SAMAD

A Índia foi palco nesta sexta-feira de novas manifestações contra a lei sobre cidadania, consideradas antimuçulmana, enquanto as autoridades cortaram o acesso à Internet em vários lugares e mobilizaram milhares de policiais de choque.

Centenas de pessoas começaram a se reunir em frente à grande mesquita de Nova Délhi após a oração de sexta-feira na cidade velha, cheia de forças de segurança. A polícia de choque e os paramilitares ergueram barricadas nas ruas que levam à mesquita, onde confrontos violentos eclodiram em manifestações anteriores.

Os manifestantes declararam-se determinados a continuar seus protestos, enquanto o governo nacionalista hindu de Narendra Modi não retirar sua lei controversa, que prevê dar a nacionalidade indiana a refugiados do Afeganistão, Paquistão e Bangladesh, desde que não sejam de confissão muçulmana.

"Eles querem expulsar os pobres, os muçulmanos e aqueles que discordam deles", declarou à AFP um manifestante, Muntazir Bashir.

Pelo menos 27 pessoas morreram em duas semanas de confrontos com a polícia.

Essa lei gerou o maior movimento de protesto na Índia desde a chegada a poder dos nacionalistas hindus em 2014.

Em Mumbai, capital econômica, centenas de policiais também foram destacados e controles foram estabelecidos. Uma contra-manifestação de 200 pessoas, apoiadoras da lei, ocorreu nesta cidade.

O texto controverso, descrito por seus detratores como inconstitucional e antimuçulmano, foi votado em 11 de dezembro.

Antecipando novas manifestações nesta sexta-feira, dia da grande oração muçulmana, as autoridades de Uttar Pradesh (norte) suspenderam a Internet móvel e os SMS em 21 dos 75 distritos, inclusive na capital regional, Lucknow. Esta região de 220 milhões de habitantes possui 20% de muçulmanos.

Bloquear o acesso à Internet para limitar protestos é uma prática comum entre as autoridades da Índia, um país líder mundial em cortes intencionais da rede. Em 2019 foram cerca de 100 interrupções, de acordo com o site internetshutdown.in.

Antes da oração semanal, milhares de policiais armados patrulhavam os distritos de maioria muçulmana de Uttar Pradesh. Cinco mil pessoas foram presas preventivamente e mais de mil já foram presas em conexão com os protestos.

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