Família de Miguel fará protesto em frente às Torres Gêmeas

Ato está marcado para as 15h da sexta-feira (5)

qui, 04/06/2020 - 15:09
Cortesia A patroa Sari Corte Real foi presa em flagrante por homicídio culposo, mas responderá em liberdade após pagar a fiança de R$ 20 mil Cortesia

A família de Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, organiza um protesto para a próxima sexta-feira (5), às 15h, em frente às Torres Gêmeas, como são chamados os prédios de luxo no bairro de São José. Foi do nono andar de um dos prédios que Miguel caiu, na terça-feira (2), vindo a falecer. O fato ocorreu enquanto a mãe dele, a empregada doméstica Mirtes Renata Souza, levava o cachorro da patroa para passear. Os patrões de Mirtes são o prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker, e a primeira-dama, Sari Corte Real.

Segundo Amanda Kathllen, de 21 anos, que é prima de Miguel e uma das organizadoras do evento, os manifestantes vão usar roupa branca e cartazes pedindo justiça. "A gente está querendo total apoio, precisamos dessa ajuda, porque a vida do meu primo não vale R$ 20 mil", diz Amanda, em referência ao valor da fiança pago por Sari Corte Real. A moradora foi presa em flagrante por homicídio culposo, mas responderá em liberdade após pagar a fiança.

O prefeito de Tamandaré e sua esposa ainda não se manifestaram publicamente sobre o ocorrido. Sérgio Hacker desativou a sua conta pessoal no Instagram após internautas criticá-lo nas seções de comentário. 

Câmeras registraram o momento em que Sari deixou a criança sozinha no elevador. As imagens mostram Miguel dentro do elevador, enquanto a mulher, na porta, parece pedir que ele saia. Em seguida, ela aperta um dos botões do painel e deixa o menino só. 

O apartamento dos patrões ficava localizado no quinto andar. No nono andar, o garoto subiu uma grade na área dos aparelhos de ar-condicionado, na ala comum, e caiu.

A mãe de Mirtes também era empregada do casal. Durante a pandemia, elas continuaram trabalhando. Mirtes contou que a patroa não lhe obrigou a trabalhar, mas ela decidiu continuar para receber o salário. Em abril, o prefeito divulgou ter recebido diagnóstico positivo de Covid-19. Mirtes relatou à imprensa que ela, a mãe e o filho também contraíram a doença, mas sem sintomas graves.

Não era a primeira vez que Miguel acompanhava a mãe no trabalho. Na terça-feira, a mãe de Mirtes, que revezava o trabalho com a filha, não podia ficar com a criança em casa. 

Miguel foi socorrido ainda com vida ao Hospital da Restauração (HR), mas não resistiu aos ferimentos. Ele foi sepultado na quarta-feira (3).

Mirtes e sua mãe decidiram pedir demissão. “É terrível ver essa situação acontecer com a minha família, mas a justiça vai ser feita”, disse a prima Amanda Kathllen em lágrimas. Segundo o delegado Ramon Teixeira, trata-se de uma situação clássica de crime de omissão. "A responsabilidade legal naquelas circunstâncias jazeria sob a moradora. A criança filha da sua funcionária permaneceu na sua unidade e esteve ali sob a sua responsabilidade. Ela tinha o poder e dever de cuidar daquela criança e, em última análise, impedir a ocorrência do trágico resultado", disse em coletiva.

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