Dia dos Pais em tempos de Covid: amor e cuidados

Famílias se adaptam à situação causada pela pandemia e optam por comemorações mais íntimas, com menos pessoas

por Alex Dinarte sex, 07/08/2020 - 15:10

No próximo domingo (9) o Brasil vai celebrar o Dia dos Pais. Comemorado no país desde o início da década de 1950, desta vez a data será em meio à pandemia do novo Coronavírus (Covid-19). Com a recomendação de que se deve manter o isolamento social, muitas famílias vão se organizar de maneira improvisada para brindar mais uma reunião entre os entes mais próximos.

A cidade de Santo André, na região metropolitana da capital paulista, será o local em que a família do ator e publicitário Álvaro Leonn, 29 anos, vai se reunir. Segundo ele, embora a comemoração tenha que ser bem mais reduzida em relação aos outros anos, a celebração será importante para o momento delicado que os entes vivem nos dias atuais.

“Meu pai está fazendo radioterapia para ser curado do câncer e ele gosta muito de reunir os três filhos nessas datas então, esse Dia dos Pais a gente vai passar junto. Esse afeto o alimenta e a gente acredita que também cura”, considera Leonn, que se mantém em isolamento social e só sai para visitar o pai.

De acordo com o artista, além dos irmãos Jair e Lucas, o progenitor é tido como “paizão” de muita gente próxima. “A gente fala que ele não é só nosso, pois outras pessoas o consideram como pai, então nossas festas têm pelo menos 50 pessoas em casa e nessa teremos no máximo dez”, afirma o publicitário, que promete uma homenagem marcante a quem ele se refere como herói. 

Leonildo Leôncio e seu filho, o ator e publicitário Álvaro Leonn. Foto: arquivo pessoal 

“Vou fazer uma homenagem para ele com um vídeo dos sobrinhos, cartazes. Nesse dia costumamos fazer várias reflexões”, cita Leonn.

Já o pai do ator, Leonildo Leôncio, 58 anos, lamenta a impossibilidade de ter mais gente durante os festejos. “Temos o hábito de comemorar junto com o meu pai e essa reunião engloba, filhos, netos, bisnetos, noras, genros e esse ano terá que ser diferente, mas faremos chamadas de vídeo para parabenizar o meu pai, pois devemos nos precaver”, reflete o professor aposentado.

Acostumada a reunir muita gente, a família de Álvaro Leonn vai restringir o número de convidados para o Dia dos Pais deste ano. Na foto: Leonildo (de terno) rodeado pelos filhos e pela esposa.

Foto: arquivo pessoal

Para Leôncio, o maior presente da data seria a vacina para a Covid-19, mas na impossibilidade, ele deseja sucesso aos filhos. “Que as coisas caminhem para que os meus filhos possam realizar seus sonhos ou a maior deles pois fundamental é a vida em meio a pandemia”, conclui.

Dia dos Pais e aniversário

No bairro do Jardim Brasil, região norte da capital paulista, a reunião familiar é diária, mas tem um toque especial na homenagem aos pais. A assessora de imprensa Fernanda Barbosa, 30 anos, conta que o aniversário do pai é no próximo sábado (8) e, em geral, a festa é sempre em dose dupla.

“Ele nasceu em oito de agosto, que sempre cai próximo à data do Dia dos Pais. A comemoração é sempre especial e mais alegre”, comenta.

Segundo ela, o volume de pessoas nos festejos tradicionais passou a ser menor de um tempo para cá. “Ficamos em três, minha mãe, meu pai e eu. Quando meus avós eram vivos, reuníamos muita gente, mas depois que eles faleceram, ficamos apenas entre nós mesmos e vamos almoçar juntos”, afirma a filha única.

Fernanda Barbosa tem motivos em dose dupla para comemorar: o pai dela faz aniversário no dia 8, véspera do Dia dos Pais. Na foto, a assessora posa com a mãe e o pai. Foto: arquivo pessoal

Fernanda revela que já comprou um presente para o pai, mas lamenta não poder realizar seu maior sonho. “Ele faria qualquer coisa por um dia ao lado do meu avô novamente”, lembra Fernanda.

É com saudades que o pai de Fernanda, o motorista José Grimário Barbosa, 59 anos, se recorda de Pedro Barbosa, avô da assessora de imprensa, que morreu em maio de 2018.

Para ele, o dia passou a ser mais emblemático após a morte do genitor. “A data se tornou ainda mais especial depois de não ter mais meu pai por perto”, destaca Mário, nome pelo qual é mais conhecido o motorista.

Ele ainda comenta que, além de poder celebrar a data com a família unida, tem dado muito mais importância à existência em um momento de crise sanitária mundial.

“Devido à pandemia, damos mais valor à vida e o dia dos pais é ainda mais emocionante pra mim”, considera Barbosa.

O motorista, que tem como hobby a reforma de carros antigos, fica satisfeito com o presente dado pela filha, mas sonha com o dia de ser presenteado com a cura para a Covid-19. “Se pudesse, queria um carro bem antigo para poder reformar, mas o que eu gostaria mesmo era de ter a cura do Coronavírus para todos”, completa Mário.

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