Covid-19: indianos desenvolvem teste rápido e barato
Este teste utiliza a técnica de "tesouras moleculares" CRISPR-Cas9, desenvolvida pela geneticista francesa Emmanuelle Charpentier e pela americana Jennifer Doudna
Cientistas indianos desenvolveram um teste rápido, confiável e barato para detectar o coronavírus com uma tira de papel de teste, que, em breve, estará disponível na Índia.
Chama-se "Feluda", nome de um popular personagem de detetive criado pelo grande cineasta Satyajit Ray (1921-1992) e acrônimo científico de FNCAS9 Editor-Limited Uniform Detection Assay.
Este teste utiliza a técnica de "tesouras moleculares" CRISPR-Cas9, desenvolvida pela geneticista francesa Emmanuelle Charpentier e pela americana Jennifer Doudna, recém-agraciadas com o Prêmio Nobel de Química.
Esse kit, que funciona com amostras colhidas por "swabs" nasais, parece um teste de gravidez caseiro com a tira onde aparecem duas linhas coloridas se o resultado for positivo. O resultado sai em até uma hora.
"Este teste não requer nenhum equipamento sofisticado, ou mão de obra altamente qualificada", explica seu coinventor Souvik Maiti, do CSIR-Institute of Genomics and Integrative Biology (IGIB).
"Muitos lugares remotos na Índia não têm laboratórios sofisticados", explica ele.
Com mais de 7,5 milhões de casos, a Índia é o segundo país do mundo com mais infecções por coronavírus, atrás dos Estados Unidos. Os cientistas esperam que este teste ajude a detectar o vírus nas regiões mais pobres deste país de 1,3 bilhão de pessoas.
A Índia usa, atualmente, testes virológicos de RT-PCR, os testes de referência que precisam de material da laboratório avançado, assim como testes de antígenos. Estes últimos são muito mais rápidos, porque não precisam de análises laboratoriais, mas são menos precisos.
O primeiro tipo detecta o material genético do coronavírus, enquanto o segundo detecta as proteínas do vírus.
Assim como outros em desenvolvimento em outros países, o teste Feluda é considerado um grande avanço na Índia por ter a confiabilidade do teste de PCR com a acessibilidade dos testes de antígenos.
Já recebeu sinal verde das autoridades reguladoras indianas. O ministro da Saúde, Harsh Vardhan, garantiu na semana passada que poderá ser implantado no país pelo conglomerado Tata nas próximas semanas.
Seu preço não foi divulgado, mas, de acordo com a imprensa local, pode custar cerca de 500 rúpias (em torno de US$ 6,8). Um teste de PCR pode custar até 2.400 rúpias em um laboratório privado em Nova Délhi.
No momento, o protótipo requer o uso de um termociclador, ou uma máquina de PCR, mas os cientistas estão trabalhando em uma versão baseada em saliva, ou em "swabs" que possam ser usados em casa, disse o coinventor e cientista do IGIB Debojyoti Chakraborty.