Mundo se prepara para um Natal sob fortes restrições

A Covid-19 provocou mais de 1,7 milhão de mortes em todo o planeta

qui, 24/12/2020 - 18:19
STEFANIE LOOS Mulher pede esmola diante de lojas fechadas em Berlim e de cartaz que pede à população que permaneça em casa STEFANIE LOOS

O Natal este ano será triste em muitos países, com milhões de pessoas obrigadas a cancelar seus planos ou a limitar as celebrações devido às restrições impostas para lutar contra a propagação da pandemia do novo coronavírus.

A Covid-19 provocou mais de 1,7 milhão de mortes em todo o planeta e os focos de contágios que continuam surgindo servem de recordação que, apesar da chegada das primeiras vacinas, a vida não voltará rapidamente à normalidade.

O papa Francisco celebrou sua tradicional missa de Natal com duas horas de antecedência, com apenas 200 convidados, rigorosamente separados e usando máscaras, na imensa Basílica de São Pedro.

"O tempo que temos não é para sentirmos pena de nós mesmos, mas para consolarmos as lágrimas dos que sofrem", declarou o papa argentino, segundo a homilia, dirigida a mais de 1,3 bilhão de fiéis em todo o mundo.

"Falamos muito, mas muitas vezes somos analfabetos quanto à bondade", acrescentou o papa. "Insaciáveis de possuir, nos lançamos em tantos presépios de vaidade, esquecendo o presépio de Belém", explicou.

Do lado de fora, a monumental Praça de São Pedro, iluminada com sua grande árvore de Natal, estava completamente deserta.

Procissão em Belém

Sob um céu nublado, poucas pessoas acompanharam a tradicional procissão de Natal nas ruas de Belém, que normalmente atrai milhares de peregrinos.

Pouco mais de 100 pessoas, de máscara e guarda-chuva, assistiram ao desfile, com bandeiras palestinas e do Vaticano.

"Apesar do medo e da frustração, superaremos esta prova porque Jesus nasceu em Belém", declarou o patriarca latino de Jerusalém, Pierbattista Pizzaballa.

"Este ano é diferente porque não viemos para rezar na igreja da Natividade, nem conseguimos reunir a família. Todos estão com medo", confessa Jani Shaheen, ao lado do marido e dos dois filhos, diante da basílica construída onde teria nascido Jesus Cristo.

Devido à pandemia, a noite de 24 de dezembro não terá missa com público, nem a presença de dirigentes palestinos, apenas uma cerimônia de Natal com a presença do clero e que será transmitida pela televisão.

"Ano triste"

A Austrália, que chegou a ser mencionada como exemplo de boa gestão da crise sanitária, enfrenta atualmente uma nova conda de casos no norte de Sydney, onde os habitantes só podem convidar a suas casas 10 adultos e apenas cinco se moram no epicentro do foco de contágios.

Jimmy Arslan, que possui dois cafés localizados nos bairros mais afetados, registrou queda de 75% no volume de negócios. E não poderá encontrar a família, que mora em Canberra e não pode viajar para o Natal.

"Deveríamos dar as boas-vindas em 2021 e chutar 2020 no traseiro", brinca o homem de 46 anos.

Nas Filipinas, alguns optaram por passar as festas sozinhos devido ao risco de contrair o vírus no transporte público.

"Vou pedir comida, assistir filmes antigos e fazer uma chamada de vídeo com a família", afirma Kim Patria, de 31 anos, que mora sozinha em Manila.

No nordeste da Síria, controlado pelos curdos, os residentes ignoraram a pandemia e participaram de uma cerimônia de iluminação de um pinheiro em um bairro cristão, sob o olhar atento das forças de segurança.

A maior parte da Europa enfrenta um de seus invernos mais tristes, com a aceleração da epidemia em vários países.

A Alemanha cancelou os famosos mercados de Natal e o papa Francisco decidiu antecipar em duas horas a Missa do Galo no Vaticano, para cumprir as restrições na Itália.

Natal em Dover

Milhares de caminhoneiros europeus se preparavam para passar a noite em condições difíceis, bloqueados ao redor do porto de Dover, no Reino Unido, que sai lentamente do isolamento provocado pela detecção em seu território de uma nova cepa do coronavírus.

"Todos nos dizem para esperar, mas não queremos esperar", lamentou na quarta-feira o motorista polonês Ezdrasz Szwajan no aeroporto de Manston, onde o governo britânico organizará testes de Covid-19 em milhares de caminhoneiros.

As festas de Ano Novo também sofrerão as consequências. A cidade do Rio de Janeiro vai fechar o acesso à praia de Copacabana durante a noite do último dia do ano para evitar aglomerações diante do novo aumento de infecções da Covid-19.

A tradicional festa com shows e fogos de artifício que atrai multidões à praia de Copacabana todos os anos já havia sido descartada devido ao vírus, que já deixou quase 25 mil mortos no estado do Rio.

Até o momento, Sydney ainda prevê receber 2021 com o famoso espetáculo de fogos de artifício. A primeira-ministra de Nova Gales do Sul, Gladys Berejiklian, prometeu um show de sete minutos.

COMENTÁRIOS dos leitores