Opas exprime preocupação sobre situação da covid no Brasil
Nesta terça, o País registrou 1.972 mortes pela doença, um recorde, no momento em que o sistema de saúde está sobrecarregado e a vacinação avança lentamente
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) expressou nesta quarta-feira (10) preocupação com o aumento dos casos de covid-19 no Brasil, depois que o país bateu mais um recorde de mortes nesta semana, com um aumento dos casos em quase todos os estados.
"Estamos preocupados com a situação no Brasil. Esse é um duro lembrete da ameaça de ressurgimento, já que áreas muito afetadas pelo vírus continuam bastante vulneráveis às infecções", disse em coletiva de imprensa virtual a diretora da Opas, Carissa Etienne.
Nesta terça-feira, o Brasil registrou 1.972 mortes por covid-19, um recorde, no momento em que o sistema de saúde está sobrecarregado e a vacinação avança lentamente. Com um total de 268.000 óbitos, o país é o segundo mais afetado pela pandemia, depois dos Estados Unidos.
"Os casos estão em alta em quase todos os estados brasileiros", alertou Carissa. "Não podemos esperar até que nossos sistemas estejam lotados para implementar medidas de saúde pública", assinalou.
Na semana passada, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, exortou o país a adotar medidas "agressivas" contra a pandemia e alertou que a situação poderá afetar "todos os vizinhos". “Se o Brasil não levar a sério, isso afetará todos os vizinhos e além, então não se trata apenas do Brasil, acho que diz respeito a toda a América Latina”, disse.
- Doses limitadas de vacinas -
Em relação à situação no restante do continente, a Opas relatou que Estados Unidos, Canadá e México continuam registrando queda nos casos, apesar dos focos muito ativos no estado americano da Virgínia e na cidade de Nunavut, comunidade indígena no ártico canadense.
A Opas também informou sobre uma queda dos casos na América Central, embora com um aumento em algumas regiões da Guatemala e da região indígena de Guna Yala, Panamá. Na América do Sul, o órgão apontou um aumento dos casos no Paraguai, Uruguai e Chile e uma queda em Peru e Bolívia, mas que, nesses dois países andinos, o nível das infecções permanece alto.
Carissa Etienne anunciou que, nos próximos dias, Honduras, El Salvador, Guatemala e Jamaica receberão doses da vacina AstraZeneca por meio do sistema de acesso global Covax, administrado pela OMS. “É encorajador que as vacinas estejam começando a chegar em nossa região, mas como as doses são limitadas, a maioria das pessoas ainda tem que esperar vários meses para ser vacinada”, disse.
Com relação à possibilidade de grupos indígenas - que foram gravemente atingidos pela pandemia - receberem vacinas diretamente por meio do Covax, a Opas destacou que os Ministérios da Saúde são responsáveis pela distribuição, mas que a recomendação é que esses grupos possam ser designados como população vulnerável. “Recomendamos que, em alguns países, a população indígena seja incluída nos grupos prioritários”, disse o vice-diretor da Opas Jarbas Barbosa.