Sem lockdown,Brasil pode precisar 'juntar corpos nas ruas'
Declaração foi feita pela microbiologista Natália Pasternak, que defende a restrição como medida essencial
Durante entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, nesta quarta-feira (17), a microbiologista do Instituto Questão de Ciência, Natália Pasternak, fez considerações sobre a atual fase da pandemia no Brasil, a qual ela considera um “tsunami” de casos da Covid-19. Após um ano enfrentando a doença, o país se encontra no pior momento, com mais de 250 mil mortos e aumento no número de mortes que já ultrapassa os 20%.
Para a especialista, essa “segunda onda” é ainda mais preocupante e pode levar ao colapso do sistema funerário. “Se você achar que pode esquecer do vírus e fingir que ele não existe, vamos ver corpos empilhados nas ruas, vamos colapsar o sistema funerário. Se colapsar o sistema funerário, vamos ter outros problemas sanitários para resolver. Sem dispor de corpos de maneira adequada, vamos ter contaminação de lençol freático e outras doenças”, comentou durante o encontro.
A médica ainda comenta que “não é humanamente aceitável perder três mil vidas por dia e achar que pode ignorar isso” e completa dizendo que as pessoas podem até ignorar o vírus, mas o vírus não irá ignorá-las.
Segundo a cientista, o lockdown segue sendo essencial para evitar situações ainda mais extremas e conter os avanços do vírus. Para ela, o colapso na saúde já é uma realidade latente, mas que o Brasil deve recorrer às restrições enquanto a quantidade de vacinas ainda for insuficiente.
“Lockdown é um consenso científico, é uma medida que funciona e que não é momento de ficar discutindo falsa dicotomia entre economia e vidas. Até onde sei, gente morta não movimenta a economia. A não ser o serviço funerário”, afirmou.
A microbiologista considera que a alta de mortes pela Covid-19, que chegou a quase 3 mil registros nas últimas 24 horas, pode não ser o cenário mais grave da pandemia. Segundo ela, sem uma mudança de postura na Saúde e o fim do “negacionismo da ciência”, a situação tende a piorar, e a escritora critica ainda a postura do novo responsável pela pasta da Saúde no Brasil, Marcelo Queiroga, pela insistência do médico em negar a eficácia das medidas restritivas.