Pandemia agravou insônia dos brasileiros, aponta estudo
Especialista dá dicas para o momento de dormir e o que fazer para evitar a falta de sono
De acordo com os dados da Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS), em janeiro de 2020, cerca de 15% da população sofria de insônia. Com a chegada da Covid-19, a rotina de distanciamento social e a constante preocupação com o vírus, casos e relatos de problemas na hora de dormir aumentaram. Sete meses após o início da pandemia, o número de brasileiros com falta de sono subiu para 34%, segundo um novo levantamento da ABMS.
Este é o caso da diarista Neide do Carmo, 55 anos, que sofre de insônia desde os 25 anos. Aos 42, o processo de menopausa fez com que o sono dela fosse ainda mais afetado. "Ficava quatro, cinco dias sem dormir. Quando dormia, era porque já estava no meu limite. Cerca de uma ou duas horas por noite era suficiente", lembra.
Neide decidiu fazer tratamento e teve recomendação médica de tomar um comprimido por noite. Porém, a chegada da pandemia foi o agravante para que o quadro de insônia da diarista voltasse. "Só ficava em casa, 24 horas por dia com a televisão ligada, vendo os acontecimentos, como até hoje eu fico vendo, e não dormia", conta. Após outros diagnósticos, foi recomendado a ela consumir três comprimidos por noite.
A diarista Neide do Carmo toma remédio para dormir | Foto: Arquivo Pessoal
Segundo a neuropsicóloga Janaite Simon, o processo de insônia está atrelado a causas psicológicas, que podem desenvolver um quadro maior em situações diferentes, como depressão, ansiedade e estresse. "Existem casos de pacientes com insônia em que é necessário o diagnóstico de um psiquiatra para avaliar o que está acarretando a falta de sono, e o mesmo prescreverá um medicamento de acordo com o diagnóstico", explica.
Já o coordenador de marketing Gabriel Carvalho, 29 anos, descobriu estar com quadro de insônia por causa de fatores ligados à apneia. "Eu costumava dormir muito tarde e acordava cedo. Percebi que meu problema era a qualidade de sono, não o fato de ficar rolando na cama até dormir", explica. Ele conta que a chegada da Covid-19 foi um "grande motivador" no processo de insônia. "Fui diagnosticado com apneia, mas eu consigo notar uma piora de 80% do meu quadro de insônia depois da pandemia. Principalmente depois que eu perdi meu pai neste processo da Covid", complementa.
Além da preocupação quanto às causas do vírus, a rotina de home office afetou o trabalho de Carvalho. "Faço aquilo que preciso, mas sei que renderia melhor se tivesse uma noite de sono melhor. Depois de me forçar a estar 100% produtivo no trabalho, eu fico esgotado. Como o hábito do sono é danificado, eu não durmo e canso cada vez mais. É um ciclo sem fim", afirma.
Insônia do coordenador de marketing Gabriel Carvalho se agravou na pandemia | Foto: Arquivo Pessoal
Para minimizar o problema, o coordenador de marketing conta que passou a se conhecer melhor. Ele usa um aplicativo, que permite acompanhar a rotina do sono e dá dicas para melhorar o momento de dormir. Segundo Carvalho, esse processo de "higiene de sono" também inclui fatores, como hábitos alimentares.
De acordo com a neuropsicóloga Janaite, uma parcela dos casos de insônia pode estar ligada a hábitos alimentares que prejudicam o organismo, como ingestão de bebidas à base de cafeína e refrigerantes, que podem acarretar no agravamento do mal desempenho no momento do sono. "Uma recomendação para quem sofre de insônia é praticar exercícios físicos e meditação. Também é preciso verificar se o quarto está propício para dormir e, assim, avaliar a qualidade do colchão e a claridade do ambiente", orienta.