Estudo: um caso de câncer a cada 25 está ligado ao álcool
Isso mostra 'a necessidade de pôr em prática políticas e intervenções eficazes para conscientizar o público sobre a ligação entre o consumo de álcool e o risco de câncer, e para reduzir o consumo geral'
Estimativas divulgadas nesta quarta-feira (14) pela Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer (Circ) apontam que 4% dos casos de câncer no mundo (cerca de 740 mil) estão ligados ao consumo de álcool, mesmo moderado.
A maioria (86%) dos cânceres atribuídos ao álcool estão ligados ao consumo "de risco e excessivo" (mais de duas doses por dia), segundo o estudo. Mas mesmo o consumo leve ou moderado representa "um a cada sete casos atribuídos ao álcool, ou seja, mais de 100 mil novos casos de câncer no mundo", em 2020, anunciou a Circ, ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS).
Isso mostra "a necessidade de pôr em prática políticas e intervenções eficazes para conscientizar o público sobre a ligação entre o consumo de álcool e o risco de câncer, e para reduzir o consumo geral", declarou a médica Isabelle Soerjomataram, funcionária da Circ.
Publicado na revista médica "The Lancet Oncology", o estudo listou sete cânceres cujo risco é aumentado pelo consumo de álcool: boca, faringe, laringe, esôfago, colorretal, fígado e mama em mulheres (ou seja, 6,3 milhões de casos em 2020). Cruzando esses dados com os do consumo de álcool por país há uma década (tempo que a doença leva para ser declarada), os pesquisadores calcularam que 741.300 desses cânceres (ou seja, 4% do total de novos casos de câncer no mundo em 2020) poderiam estar diretamente relacionados ao álcool.
“Em 2020, os tipos de câncer com maior número de novos casos ligados ao consumo de álcool foram os de esôfago (190.000 casos), fígado (155.000 casos) e mama em mulheres (98.000 casos)”, segundo a Circ. A Mongólia é o país com maior incidência de novos casos de câncer relacionados ao álcool (10%, ou 560 casos), e os homens respondem por três quartos de todos os casos de câncer atribuíveis ao álcool (567.000).
O estudo, no entanto, apresenta limitações, assinalou a The Lancet Oncology. Por um lado, não considera a interrupção dos atendimentos devido à pandemia, que pode ter levado à subnotificação de alguns casos de câncer no ano passado. Por outro, não leva em consideração interações entre o consumo de álcool e outros elementos, como o tabaco ou a obesidade, que também podem causar a doença.