Colômbia autoriza eutanásia de mulher sem doença terminal
Decisão histórica no país atende à alteração legal de julho deste ano, que aprovou a medida para pessoas que 'padeçam de um intenso sofrimento físico ou psíquico', independente do estado terminal
Pela primeira vez na história do país, a Colômbia autorizou a eutanásia – ou morte assistida – de uma paciente que não apresenta diagnóstico de doença em estado terminal. Martha Sepúlveda, de 51 anos, sofre de esclerose lateral amiotrófica (ELA) há três anos e além das dores intensas, alega ter perdido o movimento das pernas. A morte de Sepúlveda está marcada para este domingo (10), às 7h no horário da Colômbia (9h no de Brasília).
A eutanásia é legal pela legislação colombiana desde 1997, que se tornou a primeira na América do Sul a legalizar o procedimento. Mas assim como na maior parte dos demais países que autorizam o procedimento, a morte assistida só era válida para doentes em estado terminal. Atualmente, por decisão da Corte Constitucional em julho de 2021, a medida é aprovada para pessoas que não estejam em estado terminal, “sempre que o paciente padecer de um intenso sofrimento físico ou psíquico, proveniente de lesão corporal ou doença grave e sem cura”.
"Estou mais tranquila desde que me autorizaram o procedimento. Sorrio mais e durmo mais tranquila", afirmou Martha em entrevista à emissora colombiana Caracol. A mulher disse que, embora seja católica, está tranquila e não se arrepende de ter tomado essa decisão, e que não vê como pecado ter optado pela morte. "Eu me considero muito crente em Deus. Mas Deus não quer me ver sofrendo, e acredito que a ninguém. Que pai quer ver os seus filhos sofrendo?", disse na entrevista.
Segundo a colombiana, os últimos dias serão aproveitados “com cerveja, comida e na companhia da família”.
O filho e os 11 irmãos de Martha inicialmente não concordaram com o plano, mas também não querem vê-la sofrendo. "A priori eu preciso de minha mãe, a quero comigo, quase que em qualquer condição, mas sei que em suas palavras já não vive mais, apenas sobrevive", disse o seu filho, Federico Redondo, ao Caracol. "Estou focado basicamente em fazê-la rir e que sua estada na Terra seja um pouco mais amena".