PM é indiciado por atirar em trabalhador durante protesto
Vítima não fazia parte da manifestação e acabou sendo atingida no olho, tendo a visão parcialmente comprometida. Agente responsável deve responder por lesão corporal gravíssima e omissão de socorro
O policial militar Reinaldo Belmiro Lins, do Batalhão de Choque de Pernambuco, será indiciado pelos crimes de lesão corporal gravíssima e omissão de socorro. Afastado por medida disciplinar da corporação desde junho, o sargento entregou o armamento e carteira funcional da Polícia Militar, após ser identificado como o responsável por disparar uma bala de borracha contra o trabalhador Jonas Correia de França, durante um protesto contra Jair Bolsonaro (sem partido) no Recife, capital pernambucana, em maio deste ano.
A vítima, um arrumador de contêiner de 29 anos, era alheia ao protesto e estava cumprindo jornada laboral quando atravessou a Avenida Conde da Boa Vista, no Centro da cidade, onde o protesto estava sendo finalizado e os disparos policiais começaram. Jonas foi atingido no olho esquerdo, perdeu parte da visão e terá que fazer uso de prótese ocular. Daniel Campelo, de 51 anos, foi a segunda vítima do mesmo protesto e também teve a visão comprometida.
A Secretaria de Defesa Social (SDS-PE) informou que foi concluído também o inquérito sobre o caso da vereadora Liana Cirne (PT), agredida com spray de pimenta no rosto por PMs, mas não divulgou o resultado da investigação. O boletim-geral da SDS trouxe, no dia 5 de junho, a informação de que a Corregedoria instaurou um Conselho de Disciplina para apurar a conduta do sargento e realizou o afastamento por meio de portaria no dia 15 do mesmo mês.
Jonas fez um acordo, em junho, com o governo estadual; o mesmo acordo atendeu também às demandas da família de Daniel Campelo. À época, ficou definido que as vítimas passariam a receber do Governo de Pernambuco um auxílio emergencial no valor de dois salários mínimos. O anúncio do benefício ocorreu em 4 de junho, na Procuradoria Geral do Estado de Pernambuco (PGE-PE), após reunião entre os familiares das vítimas, advogados, defensores públicos, além do procurador-geral de Pernambuco, Ernani Medicis, o procurador Antiógenes Viana, e o secretário executivo de Direitos Humanos, Diego Barbosa.
De acordo com a Corregedoria Geral da SDS, dois dos sete Procedimentos Administrativos Disciplinares (PAD) foram finalizados. A instituição informou que os dois relatórios concluídos foram enviados para a análise do corregedor militar, mas não detalhou quais sobre quais casos eles tratam.