Brasileira perde R$ 99 mil para falso namorado americano

Através do Facebook, casal estabeleceu relação de confiança e o homem solicitou ajudas financeiras recorrentes da aposentada

por Vitória Silva seg, 13/12/2021 - 14:01
Pixabay Homepage do Facebook PC Pixabay

Uma professora aposentada de 68 anos perdeu quase R$ 100 mil para um golpista, que a fez acreditar ser um empresário milionário, residente na Califórnia, Estados Unidos. O casal se conheceu no Facebook, a partir de uma abordagem do falso estadunidense, que enviou uma solicitação de amizade para a brasileira. O fake Gary Rone Wolfgang fingia ser um engenheiro químico californiano, do ramo de vacinas. As informações são do UOL. 

Wolfgang fingia estar em uma viagem de negócios à Austrália, em um navio, e prometia com frequência que iria visitar a namorada no Brasil. Usando dessa narrativa ao seu favor, afirmou que o capitão do navio alertou a tripulação sobre um possível assalto em alto-mar, uma abordagem por piratas, e que isso o fez enviar seus bens pessoais, incluindo dinheiro, em uma caixa endereçada ao Brasil. 

Os bens teriam ficado presos na alfândega brasileira, ainda de acordo com a versão do golpista. Assim, ele pediu à professora que pagasse as taxas aduaneiras para que seus bens pudessem ser liberados. A professora fez quatro depósitos na conta indicada por ele, num total de R$ 98,9 mil. 

De acordo com seu depoimento feito à Justiça, a mulher somente começou a desconfiar de que caíra em um golpe quando ele indicou uma rota absurda para o seu navio. O filho também, ao usar o computador da mãe, percebeu que ela havia feito as transferências de dinheiro em grandes quantias. Ao questioná-la, descobriu a história e a levou para prestar queixa à polícia. 

A partir da quebra de sigilo bancário da conta que recebeu os depósitos, a polícia afirma que o milionário americano é, na verdade, Fidelis Isolor, um nigeriano residente no Brasil. 

Nas duas vezes em que foi interrogado, Fidelis optou pelo silêncio. A defesa apresentada por seus advogados à Justiça afirma que "as provas colhidas pela investigação não são aptas a ensejar uma sentença condenatória, pois não ficou clara qual foi a atuação do acusado". 

De acordo com a defesa, a professora aposentada não teve contato pessoal com os estelionatários, "o que traz dúvida insuperável quanto à autoria criminosa". "Não se sabe nem em que país o estelionatário se encontra. A investigação policial também foi inconclusiva, não se podendo afirmar com certeza qual foi a participação do acusado." 

Declarou ainda que a versão da acusação não é crível. "Não é lógico que um grupo de pessoas capaz de articular uma fraude tão bem desenvolvida forneça, para o depósito dos valores pelas vítimas, contas bancárias de titularidade de seus próprios integrantes." 

Fidelis foi condenado em primeira instância a devolver o valor à vítima, bem como a uma pena de reclusão de três anos e seis meses em regime inicial aberto. A pena foi substituída por prestação de serviços à comunidade. Damaris Pereira, titular da conta bancária para a qual a professora transferiu o dinheiro, recebeu a mesma condenação. 

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