João Victor voltou ao Recife para tratamento com drogas
A tia materna do acusado da Tragédia da Tamarineira contou que o sobrinho passou parte da adolescência morando com a mãe em Aracaju
A tia materna de João Victor Ribeiro de Oliveira, motorista responsável pela colisão no bairro da Tamarineira, Claudia Noemia Ribeiro, afirmou, no júri popular, na 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, no bairro de Joana Bezerra, área central do Recife, nesta terça-feira (15), que o sobrinho passou um tempo morando com a mãe em Aracaju e voltou para o Recife por ter "pedido socorro" para fazer tratamento pelo vício em drogas.
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A tia de João Victor contou que ele não morou a vida toda no Recife. "Minha irmã, a mãe dele, foi transferida para Aracaju a trabalho durante a adolescência dele, e ele passou um tempo morando com o pai, porque os pais se separaram e ele passou um tempo vivendo com a avó em Barbalha. Com uns 13/14 anos ele foi para Aracajú. Sempre foi um menino bom, honesto, correto, carinhoso. Ele nunca fez mal nenhum a ninguém", defendeu Cláudia.
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"Voltei a conviver com ele quando ele voltou para Recife, com uns 16/17 anos, porque ele voltou por conta da bebida. Nessa época, ele já tinha problema de alcoolismo e voltou porque pediu ajuda para se tratar, e teve dois internamentos aqui em Recife. Até onde eu saiba, ele tinha envolvimento com maconha, mas quando a pessoa inicia com maconha não fica só nela, parte para outras drogas", explicou.
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De acordo com a tia, a mãe de João Victor também veio para Recife para fazer o internamento do filho. "Ele pediu socorro à mãe. Quando chegou aqui, a irmã dele, Bruna, já tinha entrado em contato com as clínicas e já sabia para onde ia levar ele, lá em Aldeia. Ele passou seis meses internado, a alta foi tranquila, ele saiu limpo, ficou um tempo sem bebida nenhuma".
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No entanto, o acusado, que fazia acompanhamento nos Narcóticos Anônimos, recaiu na bebida. "Ele recaiu depois de mais de um ano e pediu socorro novamente. Deu entrada em um novo internamento dele, que passou só três meses, porque ele fez um comentário na clínica que estava com vontade de usar maconha. Lá, pegaram ele, colocaram num quarto e começaram a dar excesso de medicações, e ele passou vários dias dopado e não conseguia nem falar. A família achou melhor tirá-lo da clínica", disse.
"Ele passou um tempão limpo, tanto que quando saia com os amigos, muitas vezes, pensavam que ele estava bebendo, mas ele estava tomando redbull. Às vezes ele tomava no copo e as pessoas pensavam que ele estava bebendo".
Ela detalhou que no dia do acidente ele ia almoçar com a família, como era de costume aos domingos. "No dia do acidente ele não saiu de casa dirigindo. Antes de chegar em Zé Perninha, ele ligou lá para casa dizendo que ia almoçar com a gente, mas quando desceu do prédio se encontrou com amigos, que ele achava que eram amigos dele e chamou ele para ir para Zé Perninha. Ele foi, chegou lá, tomaram uma cerveja e de lá foram para o AutoBar".
O caso
Na colisão, a esposa Maria Emília Guimarães, de 39 anos, o filho Miguel Arruda da Motta Silveira Neto, de três anos, e a babá Rosiane Maria de Brito Souza, grávida de quatro meses, morreram. A filha mais velha do casal, Marcelinha, hoje com nove anos, sofreu um grave traumatismo craniano e ficou internada por dois meses após o acidente, e faz tratamento até hoje. A menina vive com o pai, o advogado Miguel Arruda da Motta Silveira Filho, de 49 anos, e único outro sobrevivente da tragédia.
De acordo com a Polícia Civil, João Victor havia ingerido álcool por muitas horas consecutivas, em uma festa local, misturando, inclusive, bebidas como cerveja e uísque. Perícias técnicas apontaram que o veículo conduzido pelo estudante de engenharia estava a 108 quilômetros por hora, quando o máximo permitido na via em que ele trafegava é de 60 quilômetros por hora.
A batida aconteceu por volta das 19h30, no cruzamento da Estrada do Arraial com a Rua Cônego Barata, no bairro da Tamarineira. Ainda de acordo com a polícia, o veículo onde viajava a família de quatro pessoas e a babá, que estava grávida, seguia pela Estrada do Arraial, no sentido Casa Forte, na mesma região, quando o outro carro avançou o sinal e causou a colisão. A caminhonete da família estava a cerca de 30 quilômetros por hora.