França: morte de jovem judeu invade campanha presidencial

Jeremy, que já havia sido agredido por vários jovens, morreu no hospital após sofrer parada cardiorrespiratória e traumatismo craniano

ter, 05/04/2022 - 12:41
Ludovic Marin O presidente da França e candidato à reeleição pelo partido LRM, Emmanuel Macron, fala com a imprensa durante visita a Spezet, no oeste do país, em 5 de abril de 2022 Ludovic Marin

A morte de um jovem judeu atropelado por um bonde invadiu a eleição presidencial na França e levou o presidente Emmanuel Macron a entrar em contato com sua família, diante da pressão de seus adversários que veem no episódio uma possível agressão antissemita.

O gabinete de Macron telefonou para o pai e para a mãe de Jeremy Cohen na segunda-feira (4), a pedido do presidente, grande favorito nas eleições marcadas para 10 e 24 de abril, informou a Presidência francesa nesta terça (5).

Os pais foram informados de que "serão usados todos os meios de investigação para identificar os autores deste ataque e esclarecer este caso", acrescentou o Palácio Eliseu, confirmando informação publicada pelo jornal Le Figaro.

Os fatos remontam a 16 de fevereiro, quando um bonde atropelou o jovem, no momento em que ele atravessava os trilhos em Bobigny, a nordeste de Paris. Em entrevista à Rádio Shalom, sua família disse que ele tinha uma deficiência não visível.

Jeremy, que já havia sido agredido por vários jovens, morreu no hospital após sofrer parada cardiorrespiratória e traumatismo craniano. A Justiça solicitou uma investigação para que as causas do óbito sejam determinadas.

"A Justiça deve ficar encarregada. Tudo deve ser esclarecido", declarou Macron durante um ato eleitoral em Spézet, no extremo-oeste do país, ressaltando que este tipo de tragédias não deve gerar "manipulações políticas".

Imagens do drama inundaram as redes sociais na segunda-feira. Os oponentes de Macron na eleição presidencial reagiram rapidamente, pedindo que se esclareça se, por trás da morte, há uma possível agressão antissemita.

Em segundo lugar nas pesquisas de intenções de voto, a ultradireitista Marine Le Pen tuitou ontem que pode ter-se tratado de um "homicídio antissemita" e, em declarações à na Rádio France Inter nesta terça, questionou se não houve uma tentativa de "esconder" o caso.

"Por que as famílias têm de realizar as investigações? Normalmente é a polícia", afirmou Jean-Luc Mélenchon (esquerda radical), em entrevista à Rádio Sud, reforçando o coro por esclarecimentos sobre se houve "uma motivação antissemita".

Em um comunicado divulgado ontem, o procurador de Bobigny, Éric Mathais, disse que, na investigação aberta em 29 de março, "levou-se em conta, é claro, a hipótese de que a vítima atravessou os trilhos do bonde para escapar de seus agressores".

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