Quatro homens se tornam réus pela morte do menino Jonatas

Relatório policial aponta o envolvimento de pelo menos oito pessoas no crime. O mandante sendo um traficante que já é detento do sistema prisional estadual

por Vitória Silva qua, 20/04/2022 - 09:48
LeiaJá Imagens/Arquivo Família e amigos de Jonatas pediram celeridade nas investigações LeiaJá Imagens/Arquivo

Quatro homens foram denunciados pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) como responsáveis pela morte do menino Jonatas de Oliveira dos Santos, de 9 anos, assassinado em fevereiro deste ano, após uma invasão domiciliar situada em um conflito fundiário. A criança era moradora do Engenho Roncadorzinho, em Barreiros, na Zona da Mata Sul, e foi morta a tiros após homens encapuzados invadirem a casa da família pela porta da cozinha.

Jonatas era filho de Geovane da Silva Santos, presidente da associação local de camponeses e sobrevivente do atentado. Geovane foi baleado no ombro. De acordo com a coluna Ronda JC, que teve acesso aos novos detalhes das investigações, um dos réus é um detento do sistema prisional do estado. As investigações da Polícia Civil apontam para uma disputa ofensiva por terras, estabelecida pelo tráfico de drogas na região. Ao se recusar a negociar o repasse de terras, Geovane e sua família foram alvo do crime.  

"Constatou-se que o denunciado e chefe do tráfico de drogas da cidade de Barreiros-PE, Antônio Carlos da Silva, vulgo Buchudo, possuía interesse na aquisição das terras pertencentes a vítima Geovane da Silva Santos. Terra esta que se encontra em litígio judicial com os proprietários da Agropecuária Javari. Ocorre que o Geovane negou-se a vender o imóvel e, por esse motivo, Buchudo deu a ordem, de dentro do presídio, para que seus comparsas fossem até a casa da vítima e o assassinassem", pontuou a denúncia do Ministério Público publicada pela coluna.  

Ainda segundo as investigações, sete homens receberam a ordem, sendo três adultos e quatro adolescentes. Durante o crime, Jonatas estava deitado no sofá da sala. Ele chegou a ser agredido fisicamente e correu para debaixo da cama da mãe, mas foi alcançado e morto a tiros na frente dela e dos irmãos.   

Na decisão de tornar réus os quatro adultos (o mandante e os três participantes diretos), o juiz Rodrigo Caldas do Valle destacou que o detento, "apesar de se encontrar preso há mais de dez anos, continua comandando o tráfico de drogas na cidade de Barreiros, bem como continua praticando os mais diversos crimes de dentro do sistema penitenciário de Pernambuco, utilizando-se de aparelhos celulares e familiares para realizar comunicação externa".

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