Chuvas em Pernambuco frustram comércio de milho

Vendedores contam que as chuvas recentes que mataram 130 pessoas no estado prejudicaram o plantio e a tradicional venda de milho no São João

qua, 22/06/2022 - 09:39
Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo Pilhas de espigas de milho no Ceasa Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo

Presente em quase todas as preparações da culinária junina, o milho dá o sabor do São João, mas os comerciantes do Centro de Abastecimento Logístico de Pernambuco (Ceasa) confessam que esperavam uma maior procura. Eles acreditam que os consumidores foram afastados em virtude dos prejuízos causados pelas chuvas recentes no estado. 

Com a valorização do milho no período, muitos comerciantes tiram o foco de outros produtos para aproveitar o bom retorno. Conhecido por oferecer abacaxi no Ceasa há 50 anos, Zé Rico diz que ano passado foi mais movimentado.  

"Começou o movimento, mas acho que daqui para amanhã melhora mais um pouco. Com essa crise que deu, a turma fica tudo cabreiro, mas estão comendo bem", apontou. Preocupado com o estoque que já esperava ter vendido, ele aposta as fichas no dia de São Pedro, celebrado na próxima quarta (29).  



Irmão Dé também deixou a venda de chuchu de lado e não esconde que havia planejado um São João melhor. “A saída tá razoável. Ano passado, por esse tempo, a gente viu que, mesmo na pandemia, teve mais saída do que hoje. A gente vendeu mais e teve mais milho”, relatou o comerciante. 

Ele cultiva a própria produção no Agreste do estado, em Chã Grande, e explica que as recentes chuvas afetaram a plantação. "Nessa chuva que deu, a gente teve uma perca de muito milho, porque quando vem o tempo da chuva, a colheita foi muito pouco", apontou. "Tem muito tempo para a gente ter muitas colheitas porque ficou muito milho para sair ainda. Ficou muito milho verde. Ele passa de São Pedro ainda", acrescentou. 



Variação no preço

O tradicional plantão do milho no Ceasa começou no dia 14 e reúne cerca de 450 vendedores para atender a demanda 24h. Logo no primeiro dia, o Procon-PE iniciou uma fiscalização, que seguiu até o dia 20, e identificou o aumento de 75% no valor da mão de milho. No geral, o preço fica entre R$ 30 e R$ 40, mas quem vende garante que está disposto a dar descontos para não perder o cliente. 

Com muita pesquisa e negociação, a advogada Teresa Cristina Gomes conseguiu comprar duas mãos por R$ 20 cada. Rendida aos festejos juninos, ela garantiu a canjica e o bolo de milho da família. “No São João o melhor que tem é a comida né? Eu moro em Pau Amarelo, mas prefiro vim comprar aqui. Por aí encontrei a R$ 40, R$ 35, mas com eles aqui comprei a R$ 20, um milho bom”, comentou.

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