Nancy Pelosi chega a Taiwan, em aberto desafio a China

A visita mostra o "apoio incondicional" dos Estados Unidos à ilha

ter, 02/08/2022 - 14:39
Reprodução/Instagram A presidente da Câmara de Representantes (Deputados) dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi Reprodução/Instagram

A presidente da Câmara de Representantes (Deputados) dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, chegou a Taiwan nesta terça-feira (2), ignorando as advertências da China, que denunciou as ações "extremamente perigosas" de Washington e ameaçou adotar ataques "seletivos" de represália.

Imagens de televisão mostraram a representante democrata, de 82 anos, em sua chegada ao aeroporto Songshan de Taipei, onde foi recebida pelo ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Joseph Wu.

A visita mostra o "apoio incondicional" dos Estados Unidos à ilha, embora "não contradiga" a política de Washington em relação à China, disse um comunicado do gabinete de Pelosi, que pertence ao mesmo partido do presidente Joe Biden e é a segunda na linha de sucessão presidencial.

A Chancelaria de Taiwan também assegurou que a visita mostra o apoio "sólido" de Washington à ilha de 23 milhões de habitantes.

A China, que considera Taiwan uma província rebelde, anunciou pouco antes que seus aviões caça cruzaram o Estreito de Taiwan e prometeu “ações militares seletivas” de represália.

O governo de Pequim afirmou que os Estados Unidos estão fazendo ações "extremamente perigosas" e advertiu que "quem brinca com fogo morre queimado".

O Exército taiwanês negou que aviões chineses tivessem atravessado o estreito.

EUA "pagará o preço"

China e Taiwan estão separados desde 1949, quando as tropas comunistas de Mao Tsé-Tung derrotaram os nacionalistas, que se refugiaram na ilha.

Em 1979, os Estados Unidos reconheceram o governo de Pequim como representante da China, embora continuassem a dar apoio militar a Taiwan.

Pelosi, que chegou à ilha como parte de uma viagem pela Ásia. É a mais alta autoridade americana a visitar Taiwan desde seu antecessor Newt Gingrich, em 1997.

A possibilidade dessa escala atiçou as tensões regionais. "Os Estados Unidos vão assumir a responsabilidade e pagarão o preço por minar a soberania e a segurança da China", disse uma porta-voz diplomática chinesa algumas horas antes.

Nesta terça, a Rússia expressou sua "solidariedade absoluta" com seu aliado chinês, em um gesto de convergência com a recusa de Pequim em condenar a invasão russa da Ucrânia.

A "reunificação" da China é uma meta prioritária para o presidente chinês, Xi Jinping, que, na semana passada, disse formalmente a Biden por telefone que evite "brincar com fogo".

Para respaldar sua mensagem, o Exército chinês divulgou ontem, on-line, um vídeo de tom marcial. Nele, soldados gritam prontos para lutar, combatentes decolam, paraquedistas saltam de um avião, uma chuva de mísseis aniquila vários alvos.

"Direito" de visitar a ilha

Nos últimos dias, a visita de Pelosi a Taiwan foi objeto de todo o tipo de conjectura, e o governo taiwanês não a incluiu em sua agenda.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, disse na segunda-feira que Pelosi tem o "direito" de viajar para a ilha.

"Não há razão para Pequim transformar uma possível visita, coerente com a política americana de longa data, em um tipo de crise", acrescentou.

Kirby alertou para a possibilidade de a China realizar demonstrações de força que podem incluir o disparo de mísseis no Estreito de Taiwan, ou incursões de "grande escala" no espaço aéreo de Taiwan.

O Ministério da Defesa de Taiwan declarou hoje que o território tem "decisão, capacidade e confiança" para proteger a ilha.

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