Ex-vereador é suspeito de liderar esquema de 'rachadinha'

Prejuízo aos cofres públicos teria sido de R$ 8 milhões

por Vitória Silva qui, 10/11/2022 - 12:40
Reprodução/Redes Sociais Legisladores da Câmara de Ipojuca Reprodução/Redes Sociais

Um ex-vereador de Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife (RMR), é suspeito de desviar R$ 8 milhões através de um esquema de ‘rachadinha’ que está sendo investigado pela Polícia Civil e foi alvo de uma operação deflagrada nesta quinta-feira (10).

A "Operação Compartilhado", instaurada em setembro de 2020, chegou à fase de autuações com 20 mandados de busca e apreensão, além de sequestro de bens e bloqueios bancários. As medidas foram cumpridas nos municípios de Ipojuca e Gravatá, no Agreste de Pernambuco. 

O objetivo da mobilização policial foi desmontar um esquema criminoso na Casa José Gomes de Vasconcelos, e que se dava pelos crimes de peculato (roubo ou desvio de recursos públicos) e lavagem de dinheiro. Cerca de 130 agentes da Diretoria Integrada Especializada (Diresp), da Delegacia de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Deccor) e do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco) fizeram parte da operação conjunta.

As investigações contemplam indícios de corrupção da legislatura anterior da Câmara Municipal, correspondente ao período 2017-2020. De acordo com o delegado Diogo Victor, da Deccor, a atividade criminosa consistia em um esquema de "rachadinha", ou seja, desvio dos salários de assessores e servidores, e subtraiu cerca de R$ 8 milhões dos recursos públicos. O ex-vereador envolvido no crime não teve o nome divulgado, mas foi informado que 14 pessoas estariam envolvidas na ação.

“Se instaurou uma organização criminosa no gabinete de um ex-vereador. O chefe do gabinete e os assessores especiais faziam o recolhimento de grande parte do salário. Os servidores ficavam com apenas 10% e os outros 80% a 90% eram repassados à organização, que em seguida adquiria bens. Carros, terrenos, casas de praia. Então foi necessário cumprirmos esses mandados de busca e apreensão, e os bloqueios, no valor de R$ 8 milhões, que foi o prejuízo efetivamente causado ao patrimônio”, detalhou Diogo Victor. 

Ainda de acordo com o responsável pela operação, esses servidores eram funcionários fantasmas, que não registravam ponto de trabalho e nem compareciam à Câmara ou realizavam serviços de atendimento às demandas das comunidades em Ipojuca. Diogo esclareceu ainda que a autuação feita em Gravatá foi contra um empresário da região que financiou a campanha do vereador, e para ser “ressarcido” (o que não é legal), aceitou um cargo na Casa de vereadores. A função, porém, não era exercida.

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