Corpo de jovem desaparecido no rio Capibaribe é encontrado

De acordo com a PM, vítima de afogamento era suspeito de assalto que mergulhou durante fuga

por Vitória Silva seg, 21/11/2022 - 13:00
Google Street View Trecho do rio onde Lucas mergulhou, próximo à Fundaj e Memorial de Medicina Google Street View

O corpo do jovem Lucas Elifaz, de 19 anos, foi encontrado no último sábado (19), às margens do Rio Capibaribe, próximo à região central do Recife. Apontado como suspeito de um assalto a um adolescente no último dia 13 de novembro, Lucas teria sido perseguido pela Polícia Militar e, durante a fuga, pulado nas águas do rio, em um trecho próximo ao Memorial de Medicina de Pernambuco, no bairro do Derby. Após esforços da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros, o corpo do suspeito foi encontrado e reconhecido no Instituto de Medicina Legal (IML).  

De acordo com as polícias Militar e Civil, a cronologia dos fatos envolve, primeiramente, uma ocorrência registrada por um adolescente, de 17 anos, assaltado no bairro do Derby. À ocasião, uma viatura de Polícia Militar, que retornava de outra ocorrência, passava pelo local e a equipe iniciou as buscas por uma dupla de suspeitos, conforme relatado pela vítima. O adolescente, que posteriormente foi identificado e ouvido pela Polícia Civil, também relatou que foi agredido com uma arma de fogo nas mãos e na cabeça. 

Iniciadas as buscas, a PM chegou a ver os dois suspeitos em fuga, mas alega que a distância era grande e os policiais não chegaram a ter contato com a dupla. Os fugitivos, ambos maiores de idade, pularam no rio Capibaribe e depois disso, não foram mais vistos. O segundo suspeito se apresentou voluntariamente à Polícia, quase 48h depois, mas Lucas foi dado como desaparecido. 

A família, após notar que o jovem não voltou para casa, buscou a Polícia Civil. No entanto, a versão apresentada pela família e pelo outro suspeito, de que houve tiroteio e de que Lucas poderia ter sido atingido por disparos de arma de fogo de autoria da PM, foi desmentida. De acordo com a Civil, o exame no IML não indicou agressões, lesões ou perfurações no corpo do rapaz. A vítima do assalto e outras testemunhas teriam atestado que o encontro entre os suspeitos e os policiais não chegou a acontecer. 

“Eles mergulharam no rio na intenção de fugir. Os policiais militares não abordaram e nem efetuaram os disparos. Dois dias depois houve uma divulgação de informação, afirmando que os PMs haviam disparado contra os jovens, mas isso não aconteceu. O próprio suspeito deu, falsamente, essa versão. A gente já tem, preliminarmente, a informação de que não houve disparo e nem contato, porque a distância entre a polícia e os suspeitos era razoável”, informou o coronel Alexandre Tavares, diretor especializado da PM, ao LeiaJá

Diante das informações, a PM pediu o apoio dos bombeiros para encontrar o corpo. O reconhecimento aconteceu no sábado (19), mas as informações foram divulgadas nesta segunda-feira (21), com a continuidade das apurações e o resultado do exame. “Foi encontrado, na região abdominal [de Lucas], um simulacro de arma de fogo. O que bate com a versão do adolescente, que foi agredido fisicamente com o simulacro, na face e na mão”, concluiu. 

Versão da família 

De acordo com a advogada Adriana Souza, durante o trajeto com saída do bairro do Cordeiro, os jovens pegaram o ônibus CDU Boa Viagem e pararam no Derby para pegar outro coletivo. Após cinco minutos, eles teriam sido abordados por agentes da PM e acusados de terem roubado uma bicicleta. Os jovens negaram e a partir disso começaram as agressões. Adriana contou que para fugir dos policiais eles correram no sentido da Fundação Joaquim Nabuco. 

Mas, segundo informações do jovem que estava ao lado de Lucas, os policiais sacaram a arma e atiraram em direção a eles. Nesse momento, o jovem de 19 anos foi atingido, caiu no chão e foi algemado pelos agentes. Ao ver a cena, o amigo pulou no rio Capibaribe, nadou até a margem e conseguiu chegar em casa e contar aos pais o que aconteceu. 

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