Biden sanciona lei que protege casamento homossexual
O momento foi especial para Biden, que quando era vice-presidente de Barack Obama, há dez anos, declarou-se a favor do casamento para todo
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinou nesta terça-feira (13) uma lei que protege o casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo o país, em um ambiente festivo na Casa Branca para milhares de convidados.
Ao sancionar o texto, o presidente afirmou que "os Estados Unidos dão um passo vital em direção à igualdade, à liberdade e à justiça, não só para alguns, mas para todos".
O momento foi especial para Biden, que quando era vice-presidente de Barack Obama, há dez anos, declarou-se a favor do casamento para todos. Também o foi para a vice-presidente, Kamala Harris, e a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, ambas muito comprometidas com a defesa dos direitos das pessoas LGBT+.
- Lady Gaga e Cindy Lauper -
A lei "é um golpe contra o ódio em todas as suas formas", destacou o democrata, de 80 anos. "Uma coisa é a Suprema Corte proferir uma sentença, outra são os representantes do povo que foram eleitos votarem no Congresso para dizer alta e claramente: amor é amor", comemorou Biden, sob aplausos de 5.300 pessoas. Essa expressão se tornou um lema da luta pelo casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Na sequência, o presidente sentou-se para assinar o texto. Quando ele entregava a caneta a Kamala Harris, a canção de Lady Gaga "Born This Way" era reproduzida no volume máximo, e a Casa Branca, iluminada com as cores do arco-íris.
A cerimônia contou com uma apresentação de Cindy Lauper que cantou "True Colors", e o depoimento do casal de lésbicas Gina e Heidi Nortonsmith, que lutaram na Justiça para ter a sua união e família reconhecidas.
O ato também teve um lado político, como quando Biden abraçou o secretário de Transportes, Pete Buttigieg, que se tornou a primeira pessoa assumidamente gay confirmada pelo Senado para um cargo dessa responsabilidade.
A aprovação final da lei pelo Congresso, na semana passada, foi uma das poucas demonstrações de bipartidarismo em Washingon, uma capital dividida. Para comemorar, Biden se reuniu com um grupo de congressistas republicanos e democratas no jardim da Casa Branca, além de ativistas e pessoas envolvidas em ações legais a favor do casamento para todos no país. Também havia convidados do mundo da música e do entretenimento.
Tammy Baldwin, primeira senadora americana assumidamente homossexual, disse ter ficado muito feliz com a assinatura da lei, que ajudou a redigir no Congresso.
"Hoje fazemos história e a diferença para milhões de americanos. Estamos dizendo a milhões de casais do mesmo sexo e interraciais que os enxergamos e respeitamos."
- Tranquilidade -
Esta lei "dará tranquilidade a milhões de casais LGBTQI+ e interraciais, a quem finalmente serão garantidos os direitos e proteções a que eles e seus filhos têm direito", declarou ontem Karine Jean-Pierre, primeira mulher negra e lésbica no cargo de porta-voz da Casa Branca.
A Suprema Corte americana, de maioria conservadora, anulou em junho o direito ao aborto, vigente desde 1973. Por conta disso, políticos de ambos os partidos atuaram rapidamente para evitar uma medida similar com o casamento entre pessoas do mesmo sexo, como alguns temiam que pudesse acontecer.
A nova lei revoga a legislação anterior, que definia o casamento como a união entre um homem e uma mulher, e proíbe funcionários americanos de discriminar os casais "por sexo, raça, etnia ou origem".
A lei foi aprovada por todos os congressistas democratas e 39 republicanos. Um total de 169 membros do partido conservador se opuseram.
A grande maioria dos americanos apoia o casamento entre pessoas do mesmo sexo, inclusive simpatizantes dos republicanos, embora a direita religiosa o rejeite.
Uma vez empossado como presidente, Biden nomeou Pete Buttigieg. Além disso, autorizou passaportes americanos que permitem a declaração do gênero "X", e não apenas "M" (masculino) ou "F" (feminino).
O presidente democrata também levantou a proibição de que pessoas transgênero sirvam no Exército, que havia sido implementada pelo ex-presidente republicano Donald Trump.