Hidrantes do Mercado da Encruzilhada não funcionaram
Os comerciantes denunciaram uma série de falhas que agravaram os prejuízos do incêndio
Os comerciantes do Mercado da Encruzilhada, localizado na Zona Norte do Recife, acreditam que o incêndio que destruiu metade dos boxes, na manhã deste domingo (3), poderia ter sido evitado ou o prejuízo ter sido menor. Eles denunciam que os extintores e hidrantes do mercado não funcionaram quando o fogo atingiu o primeiro estabelecimento.
Os permissionários apontam que um curto-circuito causou as chamas em uma tentativa de furto de fios, por volta das 8h50 da manhã. Pelo menos 10 boxes do corredor direito foram consumidos pelas chamas, que se propagaram com facilidade pelo teto de madeira.
À frente da Sapataria dos Irmãos, local que se tornou o foco do incêndio, Fernando Lima apontou que o sistema anti-incêndio do mercado não funcionou.
"Quando a gente tentou apagar o fogo, a mangueira não tinha água, o extintor não funcionou. A gente não conseguiu apagar porque nada funcionou. A gente correu para o banheiro para pegar baldes de água, foi quando a gente percebeu que não dava mais", relatou o sapateiro que trabalha há 31 anos no box da família.
Fernando e a tia Rizoline da Silva (Foto: LeiaJá)
É do estabelecimento fundado junto com o Mercado da Encruzilhada que seus tios, irmãos e primos, em uma operação de 10 pessoas, tiram o sustento. "É um sonho que meu avô construiu há 70 anos, que foi destruído dentro de minutos por causa de vandalismo", disse Fernando.
Há 30 anos ao lado da sapataria, Edson Monteiro mantém a Canário Rações junto com a esposa. Ele explica que o mercado passou por uma reforma recente, por isso não imaginava a falha do sistema. "Instalaram uns sprinkler de incêndio, mas não funcionou nada", destacou.
Edson Monteiro (Foto: LeiaJá)
Os comerciantes e clientes se uniram para evitar que todo o local fosse destruído. Maria José tem um box de carne de sol no corredor que não foi afetado e conta que botijões de gás e materiais inflamáveis dos estoques foram retirados conforme o fogo avançava.
"É triste ver meus amigos nessa situação. Eu tô sentindo porque eu sei que não vai ser fácil eles ficaram dois, três, quatro meses parada, sem funcionar. Sabe Deus quando vão entregar os boxes para eles", lamentou a permissionária.
Maria José lamenta a perda dos colegas dos boxes (Foto: LeiaJá)
O sentimento de que o incêndio poderia ter sido menos grave vai através da falha dos equipamentos. Além da falta de seguranças para evitar o furto dos fios elétricos, mais de 50 ligações não teriam sido atendidas pelo plantão do Corpo de Bombeiros. A falta de resposta fez um dos lojistas ir de moto até o quartel para buscar ajuda, que só teria chegado por volta das 9h40.
Em nota, o Corpo de Bombeiros rebate a versão e aponta que a primeira equipe chegou ao local 7 minutos após o acionamento, registrado às 9h30. Ninguém ficou ferido, informou a corporação.
O local foi isolado e os danos na estrutura serão avaliados da Defesa Civil do Recife. Por volta das 13h30, a entrada dos comerciantes foi liberada em pares para a retirada de equipamentos e mercadorias.