“Há bombardeio para todo lado”, diz palestino-brasileiro

Hasan Rabee mora no Brasil e foi visitar a família há 12 dias em Gaza

qui, 12/10/2023 - 16:07
Reprodução/CNN Brasil Bombardeio na Faixa de Gaza Reprodução/CNN Brasil

Sem conseguir sair da Faixa de Gaza, o palestino-brasileiro Hasan Rabee, de 30 anos, conversou com a Agência Brasil nesta quinta-feira (12) e contou como tem sido viver na região sob intenso bombardeio de Israel. Ele está na cidade de Khan Younis, no Sul da Faixa de Gaza, próximo à fronteira com o Egito. Desde que os bombardeiros começaram ele tenta sair do local, mas não consegue.

O palestino-brasileiro conta que estão vivendo sem água e sem luz, que há dificuldade em encontrar comida, que a maioria da população fica trancada dentro de casa e que os bombardeiros são contínuos e diários. “Estamos em uma casa familiar de mais ou menos 20 pessoas e há bombardeio para todo lado. A gente só escuta barulho de bomba. Bastante gente no bairro foi atingido e muita gente morre sem nada”, relatou.

Rabee é naturalizado brasileiro e trabalha como vendedor na cidade de São Paulo (SP) há 10 anos, desde que resolveu deixar a Palestina por causa dos conflitos com Israel. Há 12 dias, ele chegou à Gaza para visitar a família com as duas filhas brasileiras, de três e seis anos, e a esposa também brasileira.

“Um dia estava na casa da minha mãe e houve um bombardeiro do lado. Com isso, a gente teve que sair. Outro dia na casa da minha irmã, outro na casa do meu sobrinho. É assim que funciona. A gente está correndo de um lado para outro que nem doido”, afirmou.

Hasan Rabee também contou que não vê movimentação de militantes do Hamas e que as bombas têm caído em prédios residenciais. “Não existe movimentação do Hamas aqui. Não vejo isso. O que estou vendo é que quem está morrendo são pessoas normais, vizinhos, trabalhadores, pessoas de bem que estão morrendo”, descreveu.

A esposa de Hasan não quis falar por esta abalada pela situação. As filhas pequenas estão assustadas e eles criam desculpas para justificar os barulhos das bombas e dos aviões militares que sobrevoam a cidade.

“As crianças bem assustadas, cada bomba que cai, ou quando elas escutam o avião do bombardeio chegando, elas colocam a mão na orelha e fala ‘ó mamãe, chegou’. A gente fica tentando enganar elas, dizendo que é um time de futebol ganhou, que são festas, que são raios e que vai chover, cada hora é uma mentira diferente”, revelou o Hasan Rabee.

Saída

A família brasileira tentou sair da Faixa de Gaza pela fronteira de Rafah, que separa a Palestina do Egito, mas o local foi destruído pelo bombardeio de Israel. “A fronteira está fechada, por isso vai ser muito difícil para a gente sair. O governo brasileiro está fazendo a maior força para a gente sair, mas até agora nada”, afirmou.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, há 30 brasileiros em gaza que querem deixar a região. O governo tenta negociar uma forma de retirá-los por terra.

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