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Ao menos 17 mil crianças foram separadas dos pais na Faixa de Gaza ou estão desacompanhadas desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, há quase quatro meses, segundo uma estimativa das Nações Unidas divulgada nesta sexta-feira (2).

"Cada uma delas tem uma história comovente de dor e perda", disse Jonathan Crickx, porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) nos Territórios Palestinos.

"Este número equivale a 1% de toda a população de Gaza que foi deslocada, 1,7 milhão de pessoas", declarou Crickx por videoconferência em Jerusalém, durante uma coletiva de imprensa realizada em Genebra.

O porta-voz indicou que descobrir quem são estes menores desacompanhados está sendo "extremamente difícil", já que muitas vezes eles são internados em hospitais, feridos ou em estado de choque, e "simplesmente não conseguem nem dizer os seus nomes".

Crickx afirmou que quando há guerra, é comum que uma família extensa cuide das crianças órfãs.

No entanto, em Gaza, "devido à total falta de alimentos, água ou abrigo, as famílias extensas também enfrentam momentos difíceis e desafios, como cuidar de outra criança, o que dificulta cuidar dos seus próprios filhos e dos seus familiares" mais próximos, explicou.

No geral, o Unicef define crianças "separadas" como aquelas que estão sem os pais; e as "desacompanhadas" como aquelas que foram separadas dos pais e que, além disso, não estão sob os cuidados de nenhum parente.

Além disso, o porta-voz alertou que "quase todas as crianças" da Faixa, quase um milhão, necessitam de assistência psicológica, porque sua saúde mental foi fortemente impactada pela guerra.

A guerra em Gaza foi desencadeada pelo ataque cometido por combatentes do movimento islamista palestino Hamas no sul de Israel em 7 de outubro, quando mataram cerca de 1.163 pessoas, a maioria civis, e sequestraram cerca de 250, segundo o último relatório da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Cerca de 100 reféns foram trocados por prisioneiros palestinos em uma trégua de uma semana no final de novembro.

Em resposta ao ataque, Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre para "aniquilar" o Hamas, que até agora deixou pelo menos 27.131 mortos, a maioria mulheres e menores, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

O secretário-geral da ONU pediu garantias à continuidade das operações da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), depois que uma polêmica vinculada aos ataques do Hamas em 7 de outubro provocou a suspensão do financiamento por vários países.

Doze funcionários da UNRWA foram acusados de participação nos ataques de 7 de outubro contra o território de Israel que provocaram a guerra na Faixa de Gaza.

O governo dos Estados Unidos anunciou na sexta-feira a suspensão temporária do financiamento à agência, uma decisão que também foi adotada por Austrália, Canadá, Itália, Reino Unido, Finlândia, Países Baixos e Alemanha.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, fez um apelo no sábado aos "governos que suspenderam as contribuições para que, ao menos, assegurem a continuidade das operações da UNRWA".

"Dois milhões de civis de Gaza dependem da ajuda crítica da UNRWA para sua sobrevivência diária, mas o financiamento atual da UNRWA não permitirá cobrir todas as suas necessidades em fevereiro", insistiu.

Ao mesmo tempo, o Exército israelense informou neste domingo que os "combates intensos" prosseguiam no território palestino e que eliminou "terroristas", além de ter apreendido "grandes quantidades de armas"

- "Atos abjetos" -

A guerra começou quando o grupo islamista atacou o sul de Israel em 7 de outubro, matou quase 1.140 pessoas, a maioria civis, e sequestrou quase 250, segundo um balanço da AFP baseado nos dados divulgados palas autoridades israelenses. Entre os mortos estavam mais de 300 militares.

Em resposta, Israel efetua uma ofensiva aérea e terrestre em Gaza que deixou até o momento 26.422 mortos, a maioria mulheres, crianças e adolescentes, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

Guterres confirmou que as "acusações extremamente graves" sobre 12 funcionários da UNRWA estão sendo investigadas internamente pela ONU. A agência demitiu nove deles, um foi "confirmado morto" e as identidades de outros dois estavam sendo "determinadas", acrescentou o secretário-geral.

"Os supostos atos abjetos destes funcionários devem ter consequências, mas não devem penalizar dezenas de milhares de homens e mulheres que trabalham para a agência", destacou.

O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, acusou Guterres de ignorar "as evidências" do envolvimento da UNRWA na "incitação e terrorismo".

O Hamas denunciou as "ameaças" israelenses contra a UNRWA e fez um apelo à ONU e outras organizações internacionais para que "não cedam às ameaças e à chantagem".

- "Condições de desespero" -

As relações tensas entre Israel e a UNRWA pioraram depois que a agência denunciou um ataque na quarta-feira (24) contra um abrigo de deslocado em Khan Yunis, principal cidade do sul de Gaza e epicentro da guerra.

Os hospitais Nasser e Al Amal de Khan Yunis estão quase sem condições de atender pacientes sob ataques intensos.

Segundo o Crescente Vermelho palestino, as cirurgias foram suspensas no hospital Al Amal por falta de oxigênio.

O Exército israelense acusa o Hamas de operar a partir de túneis construídos debaixo dos hospitais de Gaza, o que o grupo nega.

Os combates obrigam os palestinos a fugir para o sul, na direção de Rafah, perto da fronteira com o Egito, onde, segundo a ONU, estão concentrados 1,3 dos 1,7 milhão de deslocados em "condições de desespero".

As ruas por onde passa o esgoto estão lotadas com centenas de milhares de barracas, abrigos inúteis contra as chuvas torrenciais que caíram nos últimos dias, segundo correspondentes da AFP.

"Não encontrei refúgio, não encontrei uma tenda, não encontrei nada", lamentou Umm Imad, de 70 anos, deslocado do leste de Khan Yunis e que seguiu para Rafah.

- Cessar-fogo -

Os combates prosseguem, assim como os esforços diplomáticos para tentar obter uma trégua.

O chefe do serviço de inteligência dos Estados Unidos, William Burns, se reunirá nos próximos dias em Paris com os homólogos de Israel e do Egito, assim como com o primeiro-ministro do Catar, para negociar um possível cessar-fogo, informou uma fonte do setor de Defesa à AFP.

O jornal New York Times informou no sábado que os negociadores se aproximaram de um acordo para que Israel suspenda a guerra em Gaza por dois meses em troca da libertação de mais de 100 reféns.

Com base em fontes do governo americano não identificadas, o jornal afirmou que um rascunho do acordo será discutido em Paris.

Segundo as autoridades israelenses, 132 sequestrados permanecem retidos no território palestino e o governo acredita que 28 estão mortos.

No sábado, Tel Aviv foi cenário de uma nova manifestação para exigir o retorno dos reféns.

Porém, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reiterou sua posição: "Se não eliminarmos os terroristas do Hamas (...) o próximo massacre será questão de tempo".

Milhares de civis permanecem bloqueados neste sábado (27) em condições humanitárias desastrosas, sob chuva e frio, na Faixa de Gaza, onde os combates entre as forças israelenses e os milicianos do Hamas continuam devastando o sul do território palestino.

No território cercado, a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês) está no alvo das autoridades israelenses, que acusaram alguns funcionários da organização de envolvimento no ataque violento do Hamas de 7 de outubro que desencadeou a guerra.

Israel pretende garantir que a UNRWA não tenha nenhum papel em Gaza após o conflito, afirmou neste sábado o chefe da diplomacia do país, Israel Katz. O movimento islamista palestino Hamas denunciou "ameaças" israelenses contra a agência.

Na sexta-feira, o governo dos Estados Unidos anunciou a suspensão temporária do financiamento à UNRWA, medida que também foi adotada neste sábado por Austrália, Canadá e Itália.

O ponto de preocupação está concentrado atualmente em Khan Yunis, a maior cidade do sul de Gaza e onde os dois principais hospitais, que abrigam milhares de deslocados, mal funcionam em um cenário de ofensiva implacável.

Testemunhas afirmaram que a cidade voltou a registrar confrontos violentos neste sábado. O Ministério da Saúde de Gaza, governado pelo Hamas, anunciou que 135 pessoas morreram durante a noite.

Mais ao sul, dezenas de milhares de civis estão aglomerados em Rafah, confinados em uma pequena área na fronteira com o Egito. Quase 1,7 milhão de civis abandonaram suas casas desde o início da guerra, segundo a ONU.

- Hospitais em colapso -

Durante a noite, as chuvas intensas inundaram os campos de deslocados, que tentavam salvar seus poucos pertences no meio da lama, segundo imagens da AFP.

"As fortes chuvas inundam milhares de deslocados em Rafah, Khan Yunis, Nuseirat, Deir al Bala, assim como na cidade de Gaza, mais ao norte", declarou o presidente da Proteção Civil, Mahmud Basal.

A guerra começou em 7 de outubro com o ataque de combatentes islamistas, que mataram quase 1.140 pessoas, a maioria civis, e sequestraram cerca de 250 no sul de Israel, segundo um balanço da AFP elaborado com base em dados oficiais israelenses.

As ações de represália, com bombardeios incessantes e ações terrestres em Gaza, deixaram até o momento 26.257 mortos, a maioria mulheres, crianças e adolescentes, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

"Disparos de tanques apontam desde a manhã para os setores do oeste da cidade, para o campo de refugiados de Khan Yunis e os arredores do hospital Nasser", onde provocaram "um corte de energia elétrica", anunciou o Hamas.

A organização Médicos Sem Fronteiras afirmou que a capacidade cirúrgica do hospital Nasser, o maior da cidade, é "quase inexistente" e que os poucos profissionais da saúde que permanecem no centro médico "devem trabalhar com cada vez menos material".

O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou na rede social X que 350 pacientes e quase 5.000 deslocados pelos combates estão no hospital.

O Exército israelense acusa o Hamas de ter construído túneis sob os hospitais de Gaza e de utilizar estes edifícios como centros de comando.

- Nenhum anúncio "iminente" -

Na sexta-feira, a Corte Internacional de Justiça (CIJ), com sede em Haia, determinou que Israel deve prevenir possíveis atos de "genocídio" em sua guerra contra o Hamas, classificado como organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

Israel considerou que o recurso, apresentado pela África do Sul, era "escandaloso". O governo dos Estados Unidos - principal aliado de Israel - afirmou que a decisão carece de "fundamento".

O tribunal, que não tem meios para exigir o cumprimento de suas decisões, também pediu a Israel que facilite a entrada de assistência humanitária, "necessária com urgência", em Gaza.

A guerra prossegue sem trégua, mas Catar, Egito e Estados Unidos tentam atuar como mediados para obter uma nova trégua, que incluiria a libertação de reféns e prisioneiros palestinos, como aconteceu no final de novembro.

Quase 100 reféns foram libertados na ocasião em troca de presos palestinos. Segundo as autoridades israelenses, 132 reféns continuam em cativeiro na Faixa de Gaza, dos quais 28 estariam mortos.

Uma fonte dos serviços de segurança afirmou à AFP que o diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) americana se reunirá com autoridades de Israel, Egito e Catar "nos próximos dias em Paris" para tentar obter um acordo de trégua com o Hamas.

O presidente Joe Biden conversou com o emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani, sobre os "últimos acontecimentos em Israel e Gaza, incluindo os esforços para libertar os reféns sequestrados pelo Hamas", anunciou a Casa Branca na sexta-feira, que, no entanto, deu a entender que nenhum anúncio iminente está previsto.

O governo de Israel deseja que a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês) interrompa as atividades em Gaza ao final da guerra, afirmou neste sábado o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz.

Katz fez a declaração depois que alguns funcionários da agência foram acusados de envolvimento no ataque de 7 de outubro do Hamas em território israelense.

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O governo pretende garantir que "a UNRWA não será parte" da solução no território palestino após a guerra entre Israel e o movimento islamista palestino, afirmou o ministro em um comunicado, no qual expressa o desejo de "interromper" todas as atividades da agência.

O grupo islamista palestino Hamas denunciou as "ameaças" israelenses contra a UNRWA e fez um apelo para que a ONU e outras organizações internacionais que "não cedam às ameaças e à chantagem".

A UNRWA anunciou na sexta-feira que demitiu "vários" funcionários acusados por Israel de participação no violento ataque do Hamas de 7 de outubro.

O governo dos Estados Unidos suspendeu "temporariamente o financiamento adicional" à agência, medida que foi adotada por outros países neste sábado. Doze funcionários "poderiam estar envolvidos" no ataque do Hamas, afirmou o Departamento de Estado americano.

O diretor da UNRWA, Philippe Lazzarini, se comprometeu a responsabilizar, "inclusive por meio de ações legais", qualquer funcionário da UNRWA que tenha envolvimento com "atos de terrorismo"

A guerra começou quando os combatentes do Hamas atacaram o sul de Israel em 7 de outubro, mataram quase 1.140 pessoas, a maioria civis, e sequestraram outras 250, segundo um balanço da AFP elaborado com base em dados oficiais israelenses.

Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva aérea e terrestre que deixou pelo menos 26.257 mortos em Gaza, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que governa o pequeno território palestino.

Parentes dos reféns israelenses invadiram uma sessão do Parlamento de Israel nesta segunda-feira, 22, para exigir que o governo faça mais para assegurar a libertação dos sequestrados mantidos pelo Hamas na Faixa de Gaza. Os seguranças do Parlamento de Israel não conseguiram impedir a entrada dos manifestantes, que exibiram fotos de seus parentes. "Vocês não vão ficar sentados aqui enquanto nossas crianças estão morrendo", disseram.

A manifestação é mais um ato de pressão sobre o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu. No domingo, 21, ele rejeitou os termos de um acordo oferecido pelos Hamas para libertar os reféns, que exigiam a retirada das tropas do território. "Só a vitória total garantirá a eliminação do Hamas e o regresso de todos os nossos reféns", disse o premiê.

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Os parentes afirmam que todos os dias descobrem que reféns foram mortos em Gaza. O parlamentar Moshe Gafni, que presidia a sessão no Parlamento, integra a coalizão de extrema direita de Netanyahu e disse que o governo está fazendo "de tudo" para libertar os reféns.

Os 240 reféns foram levados no dia 7 de outubro pelo grupo Hamas durante o ataque terrorista ao sul de Israel que deixou mais de 1,2 mil mortos. Desde a invasão, as forças israelenses conduzem uma ofensiva militar em Gaza com bombardeios aéreos e incursão terrestre que deixaram mais de 25 mil mortos, segundo o Ministério da Saúde do território, controlado pelo Hamas.

Em novembro, Hamas e Israel chegaram a um acordo para a libertação de reféns em troca da soltura de prisioneiros palestinos, com a mediação de Catar, Egito e EUA. O acordo envolveu uma trégua de sete dias e a libertação de mais de 100 reféns. Tel-Aviv diz acreditar que o Hamas ainda mantém mais de 130 sequestrados. As Forças de Defesa de Israel confirmaram a morte de 28 israelenses cujos corpos ainda estão sob poder do Hamas.

O Wall Street Journal apontou que EUA, Catar e Egito estão pressionando Israel e Hamas a concordarem com um pacto no qual todos os reféns seriam libertados antes de uma eventual retirada total das forças de Israel.

Na semana passada, um acordo envolvendo a entrega de medicamentos vitais a reféns israelenses foi feito com a mediação do Catar e da França.

Netanyahu se encontrou com alguns parentes ontem e disse que uma "proposta real" de negociação estaria em discussão, sem dar detalhes.

Impopular

A pressão das famílias dos reféns sobre o governo Netanyahu tem aumentado com possíveis impactos políticos. Além dos protestos durante uma sessão do Parlamento, as famílias realizam manifestações na frente da casa do primeiro-ministro e bloquearam o trânsito de uma importante avenida em Tel-Aviv, no domingo.

À frente de Israel por mais tempo do que qualquer outro primeiro-ministro, Bibi é visto internamente como o responsável pela política de segurança que vigorava no país no momento do ataque e, portanto, o principal culpado por suas falhas.

A última pesquisa de opinião realizada pelo Canal 13, divulgada no fim de semana, mostrou que o primeiro-ministro perderia uma possível eleição hoje, e seu partido, o Likud, veria suas cadeiras no Parlamento serem reduzidas à metade.

Se as eleições fossem hoje, o ministro da Defesa Benny Gantz, do partido de centro-direita Unidade Nacional, venceria a disputa com 37 assentos, bem acima dos atuais 12, enquanto o Likud ficaria com 16, metade dos 32 atuais.

Segundo a pesquisa, a atual coligação de governo, liderada por Netanyahu com seus parceiros de extrema direita e ultraortodoxos, não somaria mais de 46 assentos, muito abaixo dos atuais 64 e insuficientes para governar em um Parlamento de 120 deputados. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em um navio militar francês perto da costa do Egito, palestinos feridos recebem atenção médica, algo que se tornou inalcançável na sitiada Faixa de Gaza depois de meses de guerra.

Sentado em uma cadeira de rodas, Abdulrahman Iyad torce as mãos no colo, apoiando-as suavemente perto dos pregos que se projetam de suas coxas. No celular, ele vê fotos de sua família, todos mortos em uma explosão que destruiu seu rosto.

"Saí voando e bati na parede da casa do nosso vizinho. Minha perna ficou presa debaixo de um telhado que desabou", contou Iyad à AFP no porta-helicópteros francês "Dixmude", convertido em hospital para cuidar de civis palestinos feridos.

"Quando acordei no hospital, meus tios me disseram que tinham me visitado, mas eu não me lembrava de nada", disse ele.

A casa de Iyad, assim como grande parte do território palestino onde Israel enfrenta o movimento islamista Hamas desde o início de outubro, foi transformada em escombros.

A guerra começou em 7 de outubro, quando os combatentes do Hamas lançaram um ataque sem precedentes contra Israel. O ataque deixou 1.140 mortos, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números israelenses. Entre os mortos, estão mais de 300 soldados.

Israel respondeu com uma ofensiva militar que deixou pelo menos 25.295 mortos em Gaza, a grande maioria mulheres, adolescentes e crianças, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

As missões de busca e resgate se tornaram quase impossíveis no território, deixando milhares de pessoas presas e talvez mortas sob os escombros, segundo os médicos.

O sistema de saúde está quase completamente em colapso, com os hospitais sobrecarregados e os médicos forçados a cuidar de um número crescente de vítimas com cada vez menos recursos.

- Choque -

O navio francês começou a atender pacientes em novembro, perto da costa do porto de El-Arish, 50 km a oeste da fronteira do Egito com Gaza. No convés do navio, um grupo de pacientes e seus familiares se reúnem em torno de uma mesa, jogando cartas.

Entre eles estava Nesma Abu Gayad, uma palestina gravemente ferida quando sua casa foi bombardeada.

"Fui tratada em alguns hospitais de Gaza antes de chegar ao Egito", disse ela à AFP, que perdeu o pé esquerdo.

"O próximo passo será uma prótese, mas preciso de uma referência e de viajar para o exterior para recebê-la", explicou.

Marine, uma médica francesa do "Dixmude" que forneceu apenas seu primeiro nome, disse que o navio recebeu apenas 120 pacientes, todos casos graves que exigiram longos períodos de internação.

Trata-se de uma pequena minoria entre as mais de 62.000 pessoas feridas em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do território.

Salle, outra médica francesa a bordo do "Dixmue", ficou chocada com os ferimentos que diz ter encontrado.

"Sou militar, de modo que trato dos ferimentos de guerra dos nossos soldados franceses e aliados. Mas o que me chocou foi encontrá-los em civis", afirmou.

O Hamas reportou, nesta segunda-feira (15), mais de 24 mil mortes na Faixa de Gaza desde o início da guerra com Israel desencadeada após o ataque de 7 de outubro do movimento islamista palestino, um conflito que provocou uma onda de choque em toda a região.

A violência aumentou na Cisjordânia ocupada e na fronteira Israel-Líbano.

Os bombardeios dos Estados Unidos contra os rebeldes huthis, aliados do Irã, no Iêmen, devido aos seus ataques no Mar Vermelho, também aumentaram os receios de uma escalada do conflito para além da Faixa de Gaza.

A guerra entre Israel e o Hamas eclodiu após o ataque sem precedentes do grupo islamista em solo israelense, onde morreram cerca de 1.140 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Cerca de 250 pessoas foram sequestradas e 132 permanecem cativas em Gaza, segundo as autoridades israelenses.

Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, no poder no enclave, e desde então tem bombardeado o território sem cessar, sob um cerco apertado. Cerca de 24.100 pessoas, a maioria mulheres e menores de idade, morreram, segundo informou o Ministério da Saúde do movimento nesta segunda-feira.

- Viver "em um inferno" -

"Mais de 60 mártires e dezenas de feridos nos novos massacres cometidos esta noite e nas primeiras horas da manhã pelas forças de ocupação", afirmou a assessoria de imprensa do governo do Hamas, mencionando os bombardeios "intensos" na Faixa.

Dois hospitais, uma escola e "dezenas" de casas foram atingidos, acrescentou.

O Exército israelense afirmou que suas forças atacaram "dois terroristas que portavam armas em um veículo" em Khan Yunis, a principal cidade do sul de Gaza, e "um centro de comando do Hamas".

Segundo um comunicado do Hamas, os bombardeios ocorreram em Khan Yunis e Rafah, no extremo sul do território, onde o Exército israelense concentra agora a sua ofensiva.

Depois de mais de três meses de conflito, o pequeno território vive em condições extremas, com escassez de alimentos, medicamentos e combustível. Segundo a ONU, 1,9 milhões dos 2,4 milhões de habitantes tiveram que abandonar as suas casas.

"Não há comida, nem água, nem calefação. Estamos morrendo de frio", diz Mohammad Kahil, um deslocado do norte do enclave agora estabelecido em Rafah.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou que a população de Gaza vive "no inferno".

A Unicef, o Programa Mundial de Alimentos e a OMS alertaram em uma declaração conjunta sobre o "risco de fome" e "epidemias de doenças mortais" na Faixa de Gaza, e apelaram a "mudanças fundamentais" na prestação de ajuda humanitária, incluindo a abertura de novos pontos de entrada "mais seguros e rápidos".

- Míssil derrubado no Mar Vermelho -

O conflito teve repercussões na região, como resultado das ações de grupos armados que apoiam o Hamas.

No norte de Israel, na fronteira com o Líbano, há trocas de disparos diárias com o movimento xiita Hezbollah, apoiado pelo Irã.

O Hezbollah informou no domingo que realizou seis ataques em solo israelense, um dos quais matou dois civis, segundo as autoridades locais.

A tensão também aumentou no Mar Vermelho, por onde passa 12% do comércio mundial. Os rebeldes huthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, atacam navios vinculados a Israel em solidariedade com os palestinos de Gaza. Os Estados Unidos e o Reino Unido bombardearam posições dos insurgentes na semana passada.

O Exército dos Estados Unidos afirmou, no domingo, que derrubou um míssil de cruzeiro direcionado a um de seus navios de guerra na costa do Iêmen, lançado de áreas controladas pelos huthis.

Na Turquia, clara defensora da causa palestina, dois jogadores de futebol israelenses que jogam em clubes da primeira divisão estão no centro de uma polêmica por terem mostrado mensagens de apoio aos reféns em Gaza.

Sagiv Jehezkel, de 28 anos, jogador do Antalya, foi libertado nesta segunda-feira enquanto aguardava julgamento, depois de ter sido detido na véspera sob a acusação de "incitamento ao ódio", após ter mostrado uma pulseira no punho que dizia "100 dias. 07/10" ao lado de uma estrela de Davi.

Outro jogador israelense no campeonato turco, Eden Karzev, de 23 anos, foi punido por seu clube, o Basaksehir, por publicar no Instagram uma imagem que dizia em inglês: "100 – Devolva-os para casa AGORA", em referência aos reféns.

Milhares de pessoas protestaram neste sábado, 13, em grandes cidades do globo, como Paris, Londres, Roma, Milão e Dublin, contra a guerra no Oriente Médio entre Israel o grupo Hamas, que tem grande impacto na Faixa de Gaza. Os manifestantes agitaram bandeiras palestinas, seguraram cartazes criticando os governos irlandês, norte-americano e israelense e gritavam por uma "Palestina livre".

Em post no X (antigo Twitter), o presidente da França, Emmanuel Macron, falou sobre os 100 dias do conflito e instigou pelo retorno às negociações para a liberação de reféns feitos pelo grupo extremista Hamas.

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Centenas de manifestantes reuniram-se na Praça da República, em Paris, para iniciar uma marcha apelando ao cessar-fogo imediato, ao fim da guerra, ao levantamento do bloqueio a Gaza e à imposição de sanções a Israel.

Os manifestantes em marcha agitavam a bandeira palestina e erguiam cartazes e faixas.

Em Roma, centenas de manifestantes desceram numa avenida perto do Coliseu, alguns carregando cartazes que pediu a interrupção do genocídio em Gaza.

Um manifestante agitou a bandeira da África do Sul. A nação fez uma acusação contra Israel, o que levou o Tribunal Internacional de Justiça de Haia a assumir o caso.

*Com informações da Associated Press

O Hamas informou, neste sábado (13), dezenas de mortes na Faixa de Gaza, bombardeada por Israel e isolada do mundo, sem telefone ou Internet, às vésperas do 100º dia de guerra.

O temor de que o conflito se espalhe pela região se acentuou depois que Estados Unidos e Reino Unido bombardearam posições dos rebeldes huthis do Iêmen, aliados do movimento islamista palestino Hamas, em resposta aos seus ataques a navios no Mar Vermelho.

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Neste sábado, um novo ataque aéreo americano foi reportado no Iêmen, visando, segundo Washington, a "restaurar a estabilidade no Mar Vermelho", local de trânsito de 12% do comércio mundial.

Em Gaza, testemunhas e jornalistas relataram bombardeios israelenses à noite e na madrugada de sábado no sul da Faixa.

Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que governa Gaza, os novos bombardeios deixaram mais de 60 mortos, a maioria mulheres e crianças, e dezenas de feridos. No dia anterior, a rede de telefonia e de Internet voltou a ficar fora de serviço.

Há mais de três meses, Israel bombardeia o enclave palestino em sua guerra contra o Hamas.

O Crescente Vermelho Palestino afirmou que a interrupção das telecomunicações está dificultando seus esforços para ajudar os feridos.

Os incessantes bombardeios israelenses em Gaza deixaram pelo menos 23.843 mortos, a maioria mulheres e menores, de acordo com os últimos números do Ministério da Saúde do Hamas.

O conflito eclodiu em 7 de outubro, com a incursão em Israel de milicianos do Hamas que mataram cerca de 1.140 pessoas, segundo um balanço estabelecido pela AFP com base em dados israelenses.

O Hamas também sequestrou em torno de 250 pessoas, das quais cerca de uma centena foram trocadas por prisioneiros palestinos durante uma trégua de uma semana no final de novembro.

A ONU lamentou as dificuldades cada vez maiores nas operações de ajuda no norte da Faixa e acusou o Exército israelense de limitar o fornecimento de combustível, usado principalmente em hospitais.

No centro de Gaza, a falta de combustível forçou o desligamento do gerador principal do Hospital dos Mártires de Al Aqsa, em Deir el Balah, informou o Ministério da Saúde.

"Ninguém se importa com a gente? Por que está todo o mundo calado?", perguntou um cidadão de Gaza que chorava no hospital pela perda de um familiar.

Na Cisjordânia ocupada, os israelenses mataram três combatentes que "se infiltraram" em um assentamento judaico, segundo o Exército. A agência palestina Wafa informou, por sua vez, que os soldados mataram um jovem de 19 anos e dois adolescentes de 16.

Desde que a guerra eclodiu em Gaza, a violência na Cisjordânia, um território ocupado por Israel desde 1967, disparou, com pelo menos 337 pessoas mortas por soldados ou colonos israelenses, segundo o Ministério da Saúde em Ramallah.

burs-mca/cwl/meb/es/tt

Necrotérios com famílias aos prantos, uma população civil exausta e aterrorizada, bairros reduzidos a escombros e um sistema de saúde sobrecarregado: depois de cem dias, a Faixa de Gaza foi devastada pela guerra entre Israel e o Hamas.

"São apenas cem dias, mas temos a impressão de que se passaram cem anos", confidencia Abdul Aziz Saadat, que como a grande maioria dos habitantes de Gaza teve de fugir da sua casa e vive em um acampamento de refugiados em Rafah, no sul da Faixa.

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Este enclave costeiro superlotado mudou muito nos últimos meses. O que antes eram bairros com ruas cheias de gente e engarrafamentos, agora são pilhas de ruínas.

"Alguns se abrigam em escolas, outros nas ruas, no chão ou em bancos. A guerra afetou a todos", descreve Saadat. Cerca de 1,9 milhão de pessoas, ou seja, 80% da população da Faixa, tiveram que deixar suas casas, segundo a ONU.

- "Morte e desespero" -

A Faixa de Gaza tornou-se "inabitável" e "um lugar de morte e desespero", como resumiu o coordenador humanitário da ONU, Martin Griffiths.

Os 2,4 milhões de habitantes de Gaza sobrevivem como podem, e são muito poucos, apenas algumas centenas, os que conseguiram abandonar o território, que está sob um cerco feroz desde pouco depois do início dos bombardeios israelenses.

Estes começaram em 7 de outubro, como uma resposta imediata aos ataques surpresa lançados nesse mesmo dia, um feriado religioso judaico, pelo movimento islamista palestino Hamas.

Os milicianos, que invadiram casas e atacaram principalmente civis, mas também policiais e militares em diversas partes do sul de Israel, deixaram cerca de 1.140 mortos, segundo uma contagem da AFP baseada em fontes israelenses.

Após uma campanha de bombardeios implacável, as tropas israelenses lançaram uma invasão terrestre em 27 de outubro para "aniquilar" o Hamas e libertar os reféns capturados.

Mais de 23 mil pessoas, a maioria civis, morreram na Faixa e quase 60 mil ficaram feridas, segundo o Hamas, que governa o território.

Os acampamentos de refugiados, as estradas e as passagens de fronteira estão repletas de crateras. Escolas, universidades e locais de culto também não escaparam aos ataques.

Israel acusa o Hamas de usar a população civil como escudo humano e de realizar as suas operações a partir de mesquitas, escolas e até hospitais. Essas acusações são rejeitadas pelo Hamas, movimento classificado como terrorista por Israel, União Europeia e Estados Unidos.

- Destruição em massa -

Com base em imagens de satélite, dois professores americanos, Jamon Van Den Hoek e Corey Scher, estimaram que até 5 de janeiro, entre 45% e 56% dos edifícios do enclave haviam sido destruídos ou danificados.

A destruição foi "muito extensa e muito rápida", segundo Van Den Hoek. A extensão dos danos "é comparável às áreas mais afetadas na Ucrânia", acrescenta Corey Scher.

O fim dos combates não significará, portanto, que os habitantes de Gaza poderão voltar às suas casas. A reconstrução é anunciada como titânica e a memória dos falecidos estará por toda parte.

Devido à falta de espaço nos cemitérios, foram cavadas valas comuns em pomares, pátios de hospitais e até em um campo de futebol, observaram jornalistas da AFP.

A cena se repete todos os dias: homens e mulheres, chorando, precisam identificar os corpos envoltos em mortalhas brancas. Os nomes foram registrados com caneta.

No caso dos feridos, aqueles que conseguem chegar a um hospital ainda em funcionamento (cerca de 15 de um total de 36) deparam-se com outro "campo de batalha", como afirma Rik Peeperkorn, representante da Organização Mundial de Saúde (OMS), nos Territórios Palestinos.

Nos hospitais que visitou, afirma ter visto situações de "caos" e "sangue no chão" e ouvido os gritos dos feridos que por vezes esperam vários dias antes de serem atendidos. Algumas salas cirúrgicas são mal iluminadas por lanternas de celulares, devido à falta de energia elétrica, e às vezes funcionam até mesmo sem anestesia.

"Há escassez de quase todos os suprimentos médicos", afirma este representante da OMS, que afirma nunca ter visto "tantas amputações" em toda a sua vida.

- À beira da fome -

"Perdemos a esperança", diz Ibrahim Saadat, deslocado em Rafah. "Como não há água, tomamos banho uma vez por mês, sofremos psicologicamente e as doenças se espalham por toda parte".

Segundo a Unicef, os casos de diarreia entre crianças passaram de 48 mil para 71 mil em uma semana no mês passado. Antes da guerra, havia 2.000 casos por mês.

"Em 30 anos não vi um déficit alimentar tão grande", observa Corinne Fleischer, diretora regional do Programa Mundial de Alimentos (PMA).

"A produção de alimentos está completamente paralisada e as pessoas não podem ir para os seus acampamentos ou pescar no mar", disse à AFP.

O porto de Gaza, onde os pescadores chegavam com as suas capturas, também foi bombardeado. As terras agrícolas, conhecidas pelos seus morangos de inverno, são inacessíveis.

Muitas padarias foram atingidas nos ataques ou tiveram que fechar por falta de combustível. "As lojas estão vazias, não há nada para comprar para comer" e "as pessoas estão morrendo de fome", lamenta Fleischer.

Além do perigo, do sofrimento, do terror e das paisagens de destruição, Hadeel Shehata, de 23 anos, resume a desesperança da juventude de Gaza, onde metade da população é menor de idade.

"Algumas crianças iam para a escola, outras para a creche... nada disso adiantou, tudo se perdeu", lamenta. "Perdemos os nossos sonhos".

Aviões israelenses bombardearam intensamente o sul da Faixa de Gaza nesta quinta-feira (11), em meio à viagem regional do secretário de Estado americano, Antony Blinken, para evitar uma conflagração do conflito.

Hoje, o diplomata americano deve se reunir no Cairo com o presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sissi, cujo país desempenhou um papel fundamental no acordo sobre uma trégua de uma semana no final de novembro.

A guerra também chega, nesta quinta-feira, à Corte Internacional de Justiça (CIJ), onde Israel enfrentará uma ação da África do Sul por suposto "genocídio" em sua ofensiva contra Gaza, acusações que o presidente israelense, Isaac Herzog, chamou de "absurdas".

No pequeno território palestino, a aviação israelense multiplicou seus bombardeios contra o setor de Khan Yunis, a principal cidade do sul de Gaza e epicentro dos combates nas últimas semanas, segundo várias testemunhas.

O Hamas disse que os ataques israelenses na noite passada deixaram 62 mortos em toda a Faixa.

"Os combates se desenvolvem no subsolo, na superfície, em um território muito, muito complexo, ante um inimigo que preparou sua defesa durante um período muito longo e de uma forma muito organizada", declarou o chefe do Estado-Maior israelense, Herzi Halevi.

- Obstáculos "quase intransponíveis" -

As organizações internacionais alertam para uma catástrofe sanitária em Gaza, onde 85% da população foi deslocada e a ajuda humanitária chega muito devagar.

A distribuição de ajuda enfrenta obstáculos "quase intransponíveis", disse o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Em Rafah, cidade no extremo-sul da Faixa de Gaza onde centenas de milhares de palestinos se refugiaram, um médico aposentado transformou sua loja em uma sala de primeiros socorros para atender os feridos.

"À noite, às vezes ficamos até as onze, ou depois da meia-noite, quando tudo está fechado e é impossível entrar no carro, ou ir ao hospital. Cuidamos dos feridos e depois eles podem ir para o hospital", disse Zaki Shaheen à AFP.

A guerra eclodiu em 7 de outubro com o ataque sem precedentes do Hamas em solo israelense que deixou cerca de 1.140 mortos, a maioria civis, segundo balanço da AFP baseada nos números das autoridades israelenses.

Israel prometeu aniquilar o movimento palestino, considerado um grupo terrorista por Israel, UE e Estados Unidos, e lançou uma operação militar contra Gaza que deixou pelo menos 23.357 mortos, a maioria mulheres e menores, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

- Ataques no Mar Vermelho -

Apesar dos inúmeros esforços diplomáticos para pôr fim às hostilidades, a guerra entrou em seu quarto mês, entre temores de uma conflagração em uma região onde o Hamas conta com vários no Líbano, na Síria, no Iraque e no Iêmen.

No norte de Israel, as trocas de disparos com o movimento libanês Hezbollah têm sido quase diárias desde o início da guerra e se intensificaram depois de um ataque atribuído a Israel ter matado o número dois do Hamas em Beirute, em 2 de janeiro.

As hostilidades também aumentam no Mar Vermelho, onde forças britânicas e americanas abateram, na terça-feira, 18 drones e três mísseis lançados pelos rebeldes huthis do Iêmen, aliados do Irã e do Hamas.

Os inúmeros ataques dos huthis nessa importante rota comercial marítima fizeram o tráfego de navios porta-contêineres cair 70%, disse à AFP Ami Daniel, fundador e líder do Windward, um grupo de assessoria sobre transporte marítimo.

Nesse contexto, Blinken faz uma viagem por diferentes países da região que o levou a se reunir com líderes israelenses e com o presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmud Abbas. A AP perdeu o controle da Faixa de Gaza para o Hamas em 2007 e agora exerce apenas um poder limitado na Cisjordânia ocupada.

Os Estados Unidos querem ver reformas nessa entidade para que ela possa assumir um papel de liderança no futuro de Gaza após a guerra.

Na reunião de quarta-feira (10), Abbas e Blinken discutiram "a importância da reforma da Autoridade Palestina (…) para que esta possa assumir, de forma eficaz, a responsabilidade de Gaza", disse o diplomata americano, que reiterou seu apoio à criação de um Estado palestino.

Depois de quase uma semana no Oriente Médio, Blinken disse que seus interlocutores transmitiram-lhe a necessidade de se "evitar" a propagação da guerra e de se "desenvolver uma melhor maneira de avançar para a região e, em particular, para israelenses e palestinos".

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, viaja nesta segunda-feira (8) para Israel, onde terá difíceis negociações sobre a guerra em Gaza, entre receios de que o conflito se espalhe pelo Oriente Médio.

Blinken chegará a Israel no final da tarde de segunda-feira e se reunirá com as autoridades israelenses na terça.

No domingo (7), no Catar, Blinken declarou que os palestinos deslocados pela guerra de quatro meses devem ser capazes de "voltar para casa", alertando, ao mesmo tempo, que a violência poderia "facilmente se alastrar" na região.

Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, a violência aumentou na Cisjordânia ocupada e na fronteira de Israel com o Líbano, enquanto os rebeldes huthis do Iêmen lançaram mais de 100 ataques de drones e mísseis contra navios no mar Vermelho e contra Israel.

Washington anunciou que Blinken pressionará Israel para cumprir o direito internacional humanitário e pedirá "medidas imediatas" para aumentar a ajuda a Gaza.

O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, relatou oito mortos nesta segunda-feira em um ataque israelense perto de Deir Al Balah.

Israel prometeu destruir o grupo islamista palestino Hamas depois do ataque realizado em seu território em 7 de outubro, que deixou cerca de 1.140 mortos, segundo uma contagem da AFP baseada em números israelenses. Entre os mortos estão mais de 300 soldados.

Além disso, pelo meno 132 reféns dos 250 sequestrados pelo Hamas permanecem em cativeiro no território palestino.

A ofensiva que Israel lançou em Gaza em retaliação deixou até agora pelo menos 22.835 mortos, a grande maioria deles crianças e mulheres, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

Ao menos 85% dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza foram deslocados pelos combates, segundo a ONU.

"Acordo pensando que isso é um pesadelo passageiro, mas é a realidade", disse Nabil Fathi, um morador de Gaza de 51 anos. "Nossa casa e a casa do meu filho foram destruídas e temos 20 pessoas martirizadas em nossa família. Nem sei para onde ir, se sobreviver".

- Jornalistas mortos -

Dois jornalistas que trabalhavam para o canal Al Jazeera morreram no domingo (7), quando uma bomba caiu sobre seu veículo na cidade de Rafah, no sul de Gaza, informou a rede.

Os mortos são Mustafa Thuria, um cinegrafista freelancer que também trabalhava para a agência AFP, e o repórter Hamza Wael Dahdouh, filho do editor-chefe do escritório da Al Jazeera em Gaza, que também perdeu a esposa e outros dois filhos em um ataque israelense.

Testemunhas disseram à AFP que dois foguetes foram disparados contra o veículo, um atingindo a frente, e outro, alcançando Hamza, sentado ao lado do motorista.

No Catar, Blinken classificou as mortes como uma "tragédia inimaginável".

Enquanto isso, grupos de ajuda internacional disseram que os ataques israelenses a um dos últimos hospitais funcionais de Gaza forçaram-nos a evacuar o estabelecimento.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse no domingo (7) que retirou mais de 600 pacientes do hospital Al Aqsa, no centro de Gaza.

A organização Médicos Sem Fronteiras informou no sábado (6) que retirou sua equipe do mesmo hospital, depois que uma bala penetrou uma unidade de terapia intensiva.

- "Vitória total" -

O Exército israelense, que afirma ter "desmantelado" o comando militar do Hamas no norte de Gaza, informou ter matado mais "terroristas" no centro de Gaza.

Um comunicado militar afirmou que os soldados encontraram um local subterrâneo de "produção de armas" operado pelo Hamas no norte de Gaza.

Em uma reunião de gabinete no domingo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insistiu em que "o que aconteceu em 7 de outubro não acontecerá novamente".

"Este é o compromisso do meu governo, e é por isso que os nossos soldados no terreno estão entregando suas vidas. Devemos continuar até a vitória total", defendeu.

A Cisjordânia ocupada vivencia um aumento da violência mortal a níveis nunca vistos em duas décadas.

Um ataque israelense no domingo matou sete palestinos na cidade de Jenin, no norte, disse o Ministério da Saúde palestino na Cisjordânia, que relatou um oitavo morto por fogo israelense em um incidente separado.

Já um agente da polícia fronteiriça israelense foi morto quando uma bomba atingiu seu veículo durante uma operação em Jenin, e um civil israelense morreu em um ataque a tiros perto de Ramallah, segundo as autoridades israelenses.

Mais tarde, a polícia israelense afirmou que, em resposta a um ataque de veículo a um posto de controle, policiais atiraram em uma menina palestina de três anos, que morreu.

- "Ninguém te apoiará" -

A violência continuou ao longo da fronteira norte de Israel. A organização Hezbollah disse no sábado que disparou 62 foguetes contra uma base militar israelense logo depois de culpar Israel pelo ataque em Beirute que matou o número dois do Hamas, Saleh al-Aruri.

Em resposta, o Exército israelense afirmou que atacou "locais militares" do Hezbollah.

No aeroporto de Beirute, hackers usaram as telas de chegadas e partidas para enviar uma mensagem contra o Hezbollah.

"Hassan Nasrallah (chefe do Hezbollah), ninguém te apoiará se você arrastar o país para uma guerra", dizia a mensagem, segundo a imprensa local.

burs-mca/ser/mas/viajzm/aa/tt

As Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram neste domingo (7) que concluiu as operações no norte da Faixa de Gaza ao desmantelar a infraestrutura militar do grupo terrorista Hamas. Segundo o porta-voz das FDI, Daniel Hagari, o foco da operação militar será "construir sobre o que foi alcançado" na região e se concentrar nas áreas central e sul do enclave. Uma guerra contra o Hezbollah, na fronteira com o Líbano, também está no radar israelense.

O fim das operações no norte de Gaza foi anunciado nas vésperas da visita do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, a Israel. Blinken e outras autoridades do governo Joe Biden pressionam o país a reduzir a campanha aérea e terrestre na Faixa de Gaza e optar por ataques mais direcionados aos líderes do Hamas, com o objetivo de reduzir danos aos civis palestinos.

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O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, ressaltou ontem que o fim das operações no norte não significa que a guerra está terminada. Ele diz que o Hamas ainda não foi destruído e nem todos os reféns, resgatados. Há semanas, Israel concentra as operações no sul de Gaza, onde a maioria dos 2,3 milhões de palestinos se encontram.

Mortes no sul

Na cidade de Rafah, no sul, dois jornalistas foram mortos ontem em um ataque aéreo. Dentre as vítimas, está Hamza Dahdouh, filho mais velho de Wael Dahdouh, principal correspondente da emissora Al Jazeera em Gaza, segundo informou o canal e os médicos locais.

Dahdouh já havia perdido outros quatro parentes - sua esposa, dois filhos e um neto - em um ataque em 26 de outubro, e ele próprio foi ferido em outro ataque israelense no mês passado, que matou um colega. "O mundo está cego para o que está acontecendo na Faixa de Gaza", disse.

Em Khan Younis, pelo menos sete pessoas que estavam abrigadas em uma casa morreram após o local ser bombardeado. Autoridades do hospital Nasser, na cidade, também receberam os corpos de 18 pessoas, incluindo 12 crianças, mortos em outro ataque.

Hezbollah

Enquanto os ataques continuam no sul de Gaza, as preocupações na fronteira de Israel e do Líbano continuam devido aos combates entre os militares israelenses e os militantes do Hezbollah. Em conversa com autoridades americanas que estão na região para evitar uma escalada no conflito, as autoridades de Israel deixaram claro que podem lançar uma grande operação militar no país vizinho. "Preferimos o caminho de um acordo diplomático, mas estamos nos aproximando do ponto em que a ampulheta vai virar", disse o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, no dia 5.

Os americanos estão preocupados de que uma ofensiva no Líbano seja usada por Netanyahu para se manter no poder, em meio às críticas internas sobre o fracasso do governo em impedir o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro. Caso o conflito com o Hezbollah aumente, uma avaliação da espionagem americana indica que seria difícil para as FDI serem bem-sucedidas devido a ativos e recursos militares empregados na Faixa de Gaza.

Segundo as autoridades americanas, o Hezbollah não têm interesse em uma guerra na região. Em um discurso no dia 5, o líder do grupo, Hasan Nasrallah, prometeu uma resposta à ação de Israel que matou um líder do Hamas em Beirute, capital libanesa, mas deu a entender que estaria aberto a negociações.

Os EUA afirmam que uma escalada no Líbano poderia atrair o Irã, que apoia tanto o Hezbollah quanto o Hamas, e forçar os Estados Unidos a responder militarmente em nome de Israel. As autoridades temem que um conflito desse tipo supere o derramamento de sangue da guerra entre Israel e Líbano em 2006, que afetou mais de 500 mil pessoas, devido ao arsenal maior de armas de precisão e de longo alcance do Hezbollah. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Israel bombardeou novamente o sul da Faixa de Gaza neste sábado (6), depois de quase três meses de uma guerra com o Hamas que transformou o território palestino sitiado em um "lugar de morte" que é simplesmente "inabitável", segundo a ONU.

O conflito desencadeado pelo ataque sangrento do movimento islamista palestino Hamas em 7 de outubro, que deixou cerca de 1.140 mortos em Israel, segundo uma contagem da AFP baseada em dados israelenses, também ameaça se espalhar pela região.

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Neste sábado, o Hezbollah libanês lançou a sua "resposta inicial" ao assassinato do número dois do Hamas, na terça-feira, em Beirute. Um responsável da defesa americano atribuiu o ataque a Israel, disparando dezenas de foguetes contra uma base militar em Meron, no norte do território israelense.

O Exército israelense confirmou que houve cerca de quarenta tiros disparados do Líbano e indicou que respondeu atacando uma "célula que participou dos lançamentos".

"2024 será um ano de combates", alertou o seu porta-voz Daniel Hagari na sexta-feira, relatando "um nível muito alto de preparação" das tropas na fronteira com o Líbano.

Em Gaza, jornalistas da AFP relataram ataques israelenses na manhã deste sábado em Rafah, uma cidade no extremo sul do território onde centenas de milhares de palestinos tentam se refugiar dos combates.

Lá, Abu Mohamed, um palestino de 60 anos que fugiu do campo de refugiados de Bureij (centro), disse à AFP que, à medida que a guerra entra no seu quarto mês, o futuro de Gaza parece "sombrio, obscuro e muito difícil".

- "Lugar de morte e desesperança" -

A Faixa de Gaza tornou-se "simplesmente um lugar inabitável", "um lugar de morte e desesperança", e os seus habitantes "enfrentam ameaças diárias diante dos olhos do mundo", denunciou na sexta-feira o chefe das operações humanitárias da ONU, Martin Griffiths.

A ofensiva de Israel, que prometeu "destruir" o movimento islamista palestino, deixou pelo menos 22.722 mortos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, no poder em Gaza.

Segundo Israel, cerca de 132 reféns dos 250 sequestrados em 7 de outubro pelo Hamas, grupo classificado pela União Europeia e pelos Estados Unidos como "terrorista", permanecem cativos no território palestino.

A Unicef alertou que os combates, a desnutrição e a situação sanitária criaram um "ciclo de morte que ameaça mais de 1,1 milhão de crianças" naquele território.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) indicou que a maioria dos 36 hospitais do território estavam fora de serviço devido aos combates e aqueles que continuam a funcionar enfrentam escassez.

Uma equipe da ONU entregou suprimentos médicos às autoridades de Gaza em Khan Yunis na sexta-feira. Foi "a primeira vez que conseguimos fazer esta entrega em cerca de 10 dias", disse Sean Casey, coordenador da OMS.

O Exército israelense declarou neste sábado que as suas forças "mataram vários terroristas (...) e destruíram algumas entradas de túneis" em Khan Yunis nas últimas 24 horas e que encontraram coletes militares "escondidos (...) em uma clínica médica" na cidade de Gaza.

Israel acusa o Hamas de utilizar infraestruturas civis, como escolas e hospitais, para esconder uma rede subterrânea.

- Pressão diplomática -

Na Síria e no Iraque, os ataques a bases militares dos Estados Unidos, principal aliado de Israel, dispararam nas últimas semanas.

No Iêmen, os rebeldes houthis apoiados pelo Irã – assim como o Hezbollah – multiplicaram os seus ataques a navios no mar Vermelho em "apoio" aos palestinos em Gaza.

Neste contexto, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, esteve no sábado na Turquia para conversar com o presidente Recep Tayyip Erdogan sobre a guerra de Gaza.

Blinken também visitará vários Estados árabes antes de seguir para Israel e para a Cisjordânia ocupada na próxima semana.

O seu homólogo europeu, Josep Borrell, se reunirá com autoridades libanesas neste fim de semana, também na esperança de evitar uma conflagração regional.

Os diplomatas provavelmente abordarão outra questão: o futuro a longo prazo de Gaza. O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, apresentou publicamente na quinta-feira propostas para o território palestino do pós-guerra, que defendem uma administração sem o Hamas, mas sem a presença civil israelense.

O plano ainda não conta com o aval do governo israelense, que está dividido nesta questão.

Para dois ministros israelenses de extrema direita – Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich – o futuro de Gaza é a saída dos palestinos e o retorno dos colonos judeus.

"Não cabe a Israel determinar o futuro de Gaza, que é terra palestina", disse a ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, à CNN na sexta-feira.

Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, o número de assentamentos e de novas rotas para os colonos registrou um aumento "sem precedentes" na Cisjordânia ocupada, segundo um estudo da ONG Peace Now.

Os combates voltaram a se intensificar neste sábado (30) na Faixa de Gaza, cujos habitantes, esgotados pelos deslocamentos e pela escassa ajuda humanitária, estão desesperados pelo fim da guerra entre Israel e o Hamas, que entra em sua 13ª semana.

No sul do território, fumaça era vista sobre a cidade de Khan Yunis neste sábado, enquanto em Rafah, na fronteira com o Egito, os habitantes continuavam se amontoando, tentando se salvar dos bombardeios incessantes de Israel.

Um correspondente da AFP reportou disparos de artilharia contínuos durante a noite em Rafah e Khan Yunis.

"Chega desta guerra! Estamos totalmente exaustos. Nos deslocamos constantemente de um lugar para outro com este frio", exclamou Um Louay Abu Khater, de 49 anos, em um acampamento de Rafah.

"Bombas caem em cima de nós dia e noite. Esperamos mísseis (a qualquer momento), enquanto outros se preparam para comemorar o Ano Novo", lamentou a mulher.

Apesar do repúdio internacional crescente, o exército israelense mantém sua ofensiva e informou sobre "intensos combates" e ataques aéreos no pequeno território palestino.

Em Beit Lahia, no norte de Gaza, "as tropas desmontaram dois complexos militares do Hamas", informou no sábado um comunicado militar, e dezenas de "terroristas" morreram na Cidade de Gaza.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, reafirmou na sexta-feira seu apelo por "um cessar-fogo humanitário imediato" e a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para a ameaça crescente de doenças infecciosas.

- Disposto a negociar -

Israel iniciou em 7 de outubro uma devastadora campanha aérea e terrestre contra Gaza, que deixou aos menos 21.507 mortos, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde deste território, governada pelo Hamas.

A guerra em Gaza se seguiu aos sangrentos ataques do Hamas contra Israel naquela data, que deixaram 1.140 mortos, a maioria civis, segundo contagem da AFP com base em dados israelenses.

O movimento islamista palestino também fez cerca de 250 reféns, mais da metade dos quais são mantidos em Gaza.

Segundo o exército israelense, 168 de seus soldados morreram no território.

As forças armadas de Israel publicaram no sábado um vídeo de túneis do Hamas, equipados com eletricidade, sistemas de ventilação e inclusive salas de oração, que o exército israelense destruiu na sexta-feira.

Ahmed al-Baz, nascido em Gaza há 33 anos, afirmou que o ano que termina foi "o pior de [sua] vida".

"Foi um ano de destruição e devastação. Passamos pelo inferno e conhecemos a própria morte", relatou. "Só queremos o fim da guerra e começar o novo ano nas nossas casas, com uma trégua declarada".

Enquanto isso, os mediadores internacionais continuam se esforçando para conseguir uma nova pausa nos combates.

O veículo de comunicação americano Axios e o site israelense Ynet, citando funcionários israelenses que não se identificaram, informaram que, segundo os mediadores cataris, o Hamas estaria disposto a retomar os diálogos sobre novas libertações de reféns em troca de um cessar-fogo.

Na sexta-feira, uma delegação do Hamas chegou ao Cairo para discutir um plano egípcio que contempla tréguas renováveis, a libertação escalonada de presos palestinos e, por último, o fim da guerra, segundo fontes próximas do movimento islamista.

Israel não comentou formalmente o projeto, mas o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou na quinta-feira às famílias dos reféns que o governo está "em contato" com os mediadores egípcios e que trabalha "para trazer todos de volta".

Mia Shem, refém franco-israelense libertada no acordo de trégua de novembro, declarou à imprensa israelense que seu cativeiro foi marcado pelo "medo de ser estuprada, pelo medo de morrer".

- Venda emergencial de munições -

Segundo a ONU, mais de 85% dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza deixaram suas casas e muitos passam fome e são obrigados a se abrigar das chuvas em barracas improvisadas.

Israel impôs um certo total ao território, que provocou escassez de comida, água potável, medicamentos e combustível. As caravanas de ajuda só chegam para mitigar esporadicamente a situação.

Segundo a OMS, cerca de 180.000 pessoas sofrem de infecções respiratórias e foram registrados 136.400 casos de diarreia, a metade entre menores de cinco anos.

Na sexta-feira, a África do Sul, que apoia longamente a causa palestina, solicitou à Corte Internacional de Justiça que iniciasse um processo contra Israel por "ações genocidas contra o povo palestino em Gaza". Israel repudiou estas acusações.

Os Estados Unidos, por sua vez, anunciaram na sexta a venda para Israel de munições explosivas de artilharia por 147,5 milhões de dólares (R$ 714 milhões, na cotação atual).

"É uma prova clara do apoio total da administração americana a esta guerra criminosa", denunciou o Hamas em um comunicado.

O conflito em Gaza também acentuou a violência no outro território palestino, a Cisjordânia ocupada, onde pelo menos 317 palestinos morreram desde 7 de outubro.

Neste sábado, soldados israelenses mataram perto de Hebron um palestino que teria atacado um posto militar com seu carro, segundo as forças armadas de Israel.

Além disso, a guerra intensificou as tensões na região.

Bombardeios aéreos "provavelmente israelenses" mataram 19 combatentes afins ao Irã e feriram cerca de 20 no leste da Síria, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

O governo paquistanês proibiu as celebrações do Ano Novo em espaços públicos em solidariedade aos palestinos na Faixa de Gaza, palco de uma guerra devastadora entre o Exército israelense e o Hamas desde 7 de outubro.

O primeiro-ministro do Paquistão, Anwaar-ul-Haq Kakarm, anunciou na noite de quinta-feira (28) "a proibição total de qualquer ato público para celebrar o Ano Novo" e pediu que a data seja celebrada "de forma simples", devido à situação em Gaza.

A véspera de Ano Novo costuma ser uma ocasião especialmente animada no Paquistão, com habituais fogos de artifício e disparos para o alto.

"Toda a nação paquistanesa e a comunidade muçulmana estão profundamente tristes pelo genocídio dos palestinos oprimidos e, em particular, pelo massacre de crianças inocentes em Gaza e na Cisjordânia", afirmou Kahar.

Com esta decisão, o Paquistão se soma à cidade de Sharkhah (nos Emirados Árabes Unidos), que já havia anunciado a proibição dos tradicionais fogos de artifício em solidariedade com os habitantes de Gaza.

O intenso bombardeio aéreo e a invasão terrestre israelenses deixaram pelo menos 21.320 mortos, a maioria mulheres e crianças, no território palestino, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Israel prometeu destruir o grupo islamista palestino Hamas em represália ao ataque de 7 de outubro, que deixou cerca de 1.140 mortos, a maioria civis, conforme balanço da AFP baseado em números israelenses.

As forças israelenses intensificaram nesta quinta-feira (28) os ataques contra a principal cidade do sul e outras áreas do centro da Faixa de Gaza, depois que o Ministério da Saúde do território palestino anunciou que mais de 21.000 pessoas morreram em 11 semanas de guerra.

Os bombardeios contínuos e a expansão das operações acontecem no momento em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que a população de Gaza está em "grave perigo". O presidente da França, Emmanuel Macron, fez um apelo para que Israel aceite um cessar-fogo de longo prazo.

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O porta-voz militar israelense, Daniel Hagari, afirmou na quarta-feira que os ataques contra um campo de refugiados no centro de Gaza entraram no terceiro dia e que uma brigada adicional foi enviada à cidade de Khan Yunis, no sul do território e que virou um recente foco de combates urbanos.

Ele também insinuou uma possível "expansão dos combates no norte", na fronteira com o Líbano, cenário de trocas de tiros constantes entre as forças israelenses e o movimento islamista Hezbollah desde o início da guerra.

O comandante do Exército israelense, Herzi Halevi, afirmou que a instituição aprovou "planos para várias contingências. Devemos estar preparados para atacar quando for necessário".

- "Cessar-fogo duradouro" -

A pressão por uma trégua aumentou na quarta-feira, quando Macron insistiu, em uma conversa telefônica com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na "necessidade de trabalhar para alcançar um cessar-fogo duradouro".

Ele também expressou uma "profunda preocupação" com o número de civis mortos em Gaza, informou seu gabinete em um comunicado.

Desde que Israel impôs o cerco ao território no início da guerra, os moradores de Gaza enfrentam a escassez de comida, água, combustível e medicamentos.

O direto-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, também pediu uma trégua e afirmou que a comunidade internacional deve "adotar passos urgentes para aliviar o grave perigo que a população de Gaza enfrenta, que coloca em risco a capacidade dos trabalhadores humanitários de ajudar as pessoas com ferimentos graves, fome e que estão expostas a doenças".

Em um comunicado, a OMS afirmou que seus funcionários relataram que "pessoas com fome novamente interromperam nossos comboios com a esperança de encontrar comida".

- Quadrigêmeos em Gaza -

Israel prometeu manter a campanha para destruir o Hamas como resposta ao ataque de 7 de outubro do movimento islamista, que deixou quase de 1.140 mortos em território israelense, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em informações divulgadas pelas autoridades do país.

O movimento palestino também sequestrou quase 250 pessoas, das quais 129 continuam como reféns.

A campanha implacável de Israel, com bombardeios e uma ofensiva terrestre, matou pelo menos 21.110 pessoas, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

Um total de 167 soldados israelenses morreram desde o início das operações terrestres, no fim de outubro.

Segundo a ONU, 1,9 milhão de moradores de Gaza estão deslocados.

Uma delas, Iman al-Masry, deu à luz recentemente a quadrigêmeos em um hospital no sul de Gaza, depois de fugir da casa da família no norte do território, uma área devastada pela guerra.

A viagem "afetou minha gravidez", declarou a mulher de 28 anos, que teve dois meninos e duas meninas em um parto cesárea.

Ela precisou desocupar rapidamente o leito no hospital para dar espaço a outros pacientes, mas deixou um dos filhos no hospital porque ele estava com a saúde muito frágil para receber alta.

"Estão muito magro", afirmou sobre os filhos em um abrigo improvisado em Deir al Balah.

"Com a falta de leite em pó para bebês, tento amamentá-los, mas não há nada nutritivo que eu possa comer para amamentar três bebês", lamentou.

No campo de refugiados de Al Maghazi, uma escola da ONU transformada em abrigo foi atingida por um bombardeio.

"Eles dizem que existem zonas verdes e zonas com outras cores. São apenas boatos, não há zonas seguras em Gaza", declarou à AFP um homem no território que não revelou seu nome.

- "Ação direta" -

A guerra aumentou o temor de um conflito regional, com ataques frequentes entre Israel e o Hezbollah na fronteira com o Líbano, assim como os ataques dos rebeldes huthis do Iêmen contra navios no Mar Vermelho, em solidariedade com o Hamas.

Todos os grupos são apoiados pelo Irã.

A Guarda Revolucionária do Irã advertiu Israel que Teerã e seus aliados adotarão uma "ação direta" para vingar a morte do comandante Razi Moussavi, que aconteceu na segunda-feira em um ataque com mísseis na Síria atribuído às forças israelenses, que negam qualquer envolvimento.

Milhares de pessoas compareceram nesta quinta-feira ao funeral de Moussav em Teerã. Ele era comandante da Força Qods, setor de operações no exterior e unidade de elite da Guarda Revolucionária, o exército ideológico do Irã.

A violência também explodiu na Cisjordânia ocupada, com mais de 310 palestinos mortos por soldados ou colonos israelenses desde 7 de outubro, segundo o Ministério palestino da Saúde.

Uma operação israelense em um campo de refugiados no norte da Cisjordânia matou seis pessoas na quarta-feira, informou o ministério.

Os cortes nas telecomunicações se tornaram recorrentes na Faixa de Gaza, mas graças aos chips virtuais eSIM, seus habitantes podem acessar a internet e comunicar-se com seu contatos no exterior.

"Sem eles estaríamos isolados do mundo", afirma Hani al Shaer, um jornalista local que depende do chip para suas transmissões ao vivo.

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"Ninguém saberia o que ocorre em Gaza", afirma. Na terça-feira, o território enfrentou o quarto corte de serviços de telecomunicações desde o início da guerra entre Hamas e Israel em 7 de outubro.

Os eSIM são uma versão digital dos chips habitualmente inseridos nos telefones para conectá-los à internet. De funcionamento simples, se tornaram fundamentais em Gaza.

Familiares que vivem no exterior se encarregam de comprá-los e enviar um QR-code. Para ativá-los, basta escanear o código com a câmera de um celular compatível com o sistema. Assim, o usuário em Gaza se conecta em modo 'roaming' a uma rede exterior, geralmente israelense ou egípcia.

- Uma "bênção" -

O sistema tem sido uma bênção, comenta Samar Labad. A mulher de 38 anos deixou sua casa na Cidade de Gaza, no norte, e fugiu para o sul, onde milhares de palestinos deslocados vivem em acampamentos improvisados.

Agora em Rafah, Samar perdeu contato com sua família por uma semana, até que seu irmão, na Bélgica, enviou um eSIM. "A conexão não é estável, mas funciona", afirmou. "Ao menos podemos estar em contato para tranquilizá-los, mesmo que seja intermitente".

Ela também tem pessoas queridas em Khan Yunis. "Posso saber como estão por meio de alguém que vive com eles cujo telefone seja compatível com um eSIM", comentou.

O serviço está disponível apenas em regiões próximas à fronteira com Israel. Em outras áreas, é necessário subir no telhado para captar o sinal.

- Buscas por vítimas -

Ibrahim Mujaimar, proprietário de uma loja de telefones celulares, disse que seus principais clientes são jornalistas que usam os eSIM para divulgar a situação de Gaza no exterior. Os profissionais da imprensa informam sobre "a escassez de itens básicos necessários para a sobrevivência" no território cercado.

Seus clientes de eSIM incluem também "médicos e trabalhadores da defesa civil que buscam saber a localização dos bombardeios para ajudar as pessoas", acrescentou Mujaimar. Trabalhadores da agência da ONU para refugiados palestinos, a UNRWA, os utilizam para organizar caravanas de ajuda.

Embora os chips ajudem a enfrentar os apagões das telecomunicações, é necessário ter conexão para ativá-los.

O preço varia de "15 a 100 dólares, dependendo do tempo de validade", indicou o jornalista de vídeo Yasser Qudieh.

Hani al Shaer indicou que muitos jornalistas com eSIM acabaram se tornando mensageiros. "Muitas pessoas no exterior nos procuram para saber as últimas notícias de Gaza e informações sobre suas famílias", contou.

A guerra começou após o ataque surpresa do movimento islamista Hamas em 7 de outubro que deixou 1.140 mortos em Israel, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais israelenses.

Em resposta, Israel prometeu destruir o Hamas e iniciou uma campanha em larga escala por ar e terra contra o movimento palestino. A ofensiva devastou a Faixa de Gaza e matou mais de 21.100 pessoas, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território controlado pelo Hamas.

A Human Rights Watch advertiu que os cortes nas telecomunicações em Gaza podem "encobrir atrocidades e criar impunidade, e, ao mesmo tempo, minar os esforços humanitários além de colocar vidas em perigo".

As forças israelenses bombardearam os campos de refugiados palestinos na região central da Faixa de Gaza e emitiram ordens para que os moradores evacuassem nesta terça-feira, 26, num sinal de que os militares planejam expandir sua ofensiva terrestre para outra parte do território sitiado. O principal provedor de telecomunicações de Gaza, a Paltel, anunciou outra "interrupção completa" dos serviços.

Uma nova zona de batalha em potencial ameaça trazer mais destruição em uma guerra que, segundo os militares israelenses, durará "muitos meses", pois eles prometem esmagar o grupo terrorista Hamas, que está no poder, após o ataque de 7 de outubro. As forças israelenses têm se envolvido em pesados combates urbanos no norte de Gaza e na cidade de Khan Younis, ao sul, levando os palestinos a áreas cada vez menores em busca de refúgio.

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Apesar da pressão internacional por um cessar-fogo e dos apelos dos EUA por menos vítimas civis, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirma que a luta "não está perto de terminar".

A ofensiva de Israel é uma das campanhas militares mais devastadoras da história recente. Mais de 20.900 palestinos, dois terços deles mulheres e crianças, foram mortos, de acordo com o Ministério da Saúde em Gaza, cuja contagem não diferencia entre civis e combatentes. Na tarde de terça-feira, o ministério informou que 240 pessoas haviam sido mortas nas últimas 24 horas.

"Estamos seriamente preocupados com o contínuo bombardeio da Faixa de Gaza Central pelas forças israelenses, que já causou mais de 100 mortes de palestinos desde a véspera de Natal", disse o escritório de direitos humanos da ONU, observando que Israel ordenou que alguns moradores se mudassem para a área.

Em resposta ao que há muito tempo considera críticas desproporcionais da ONU, Israel disse que não concederia mais vistos automáticos aos funcionários da ONU e acusou o órgão mundial de ser "parceiro cúmplice" das táticas do Hamas. O porta-voz do governo, Eylon Levy, disse que Israel consideraria os pedidos de visto caso a caso. Isso poderia limitar ainda mais os esforços de ajuda em Gaza.

Os moradores da região central de Gaza descreveram uma noite de bombardeios e ataques aéreos que abalaram os campos de Nuseirat, Maghazi e Bureij. Os campos são cidades construídas que abrigam palestinos expulsos de suas casas no que hoje é Israel durante a guerra de 1948, juntamente com seus descendentes. Os campos agora estão lotados de pessoas que fugiram do norte.

"O bombardeio foi muito intenso", disse Radwan Abu Sheitta, um professor, por telefone, de Bureij.

À tarde, os militares israelenses ordenaram que os moradores saíssem de um território com a largura da região central de Gaza, incluindo Bureij, pedindo-lhes que se mudassem para a vizinha Deir al-Balah.

O braço militar do Hamas, as Brigadas Qassam, disse que seus combatentes atingiram dois tanques israelenses a leste de Bureij. Seu relatório não pôde ser confirmado de forma independente, mas seria um indício de que as forças israelenses estariam se aproximando.

O anúncio de interrupção dos serviços de telecomunicações feito pela empresa Paltel repete outras situações similares desde o início da guerra. O NetBlocks, um grupo que monitora interrupções da internet, confirmou que a conectividade de rede em Gaza foi interrompida novamente e "provavelmente deixará a maioria dos residentes sem acesso à internet."

Repercussão regional

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que o país enfrenta uma "guerra de várias arenas" em sete frentes diferentes - Gaza e a Cisjordânia ocupada, Líbano, Síria, Iraque, Iêmen e Irã. "Já respondemos e agimos em seis delas", disse ele ao Comitê de Assuntos Estrangeiros e Defesa do parlamento de Israel.

Durante a guerra, grupos de milícia apoiados pelo Irã em toda a região intensificaram os ataques em apoio ao Hamas.

Milícias apoiadas pelo Irã no Iraque realizaram um ataque com drone em uma base dos EUA em Irbil, no norte do Iraque, na segunda-feira, 25, ferindo três militares americanos, um deles em estado crítico, de acordo com autoridades dos EUA. Em resposta, aviões de guerra dos EUA atingiram, antes do amanhecer, três locais no Iraque ligados a uma das principais milícias, a Kataib Hezbollah.

Um ataque israelense na segunda-feira atingiu um bairro da capital síria, Damasco, matando o general Seyed Razi Mousavi, um conselheiro da Guarda Revolucionária paramilitar iraniana, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos. As forças armadas de Israel não comentaram.

Quase diariamente, o Hezbollah e Israel trocam mísseis, ataques aéreos e bombardeios na fronteira entre Israel e Líbano. Cerca de 150 pessoas foram mortas no lado libanês, em sua maioria combatentes do Hezbollah e de outros grupos, mas também 17 civis. Pelo menos nove soldados e quatro civis foram mortos no lado israelense.

No Mar Vermelho, os ataques dos rebeldes Houthi no Iêmen contra navios comerciais interromperam o comércio e levaram a uma operação naval multinacional liderada pelos EUA para proteger as rotas de navegação.

Expansão da ofensiva em Gaza

Mais de 85% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza foram expulsos de suas casas. Deir al-Balah e Rafah, no sul, na fronteira com o Egito, estão lotadas de pessoas deslocadas, mesmo com os bombardeios de Israel.

As autoridades da ONU dizem que um quarto da população de Gaza está morrendo de fome sob o cerco de Israel, que só permite a entrada de uma pequena quantidade de alimentos, água, combustível, medicamentos e outros suprimentos.

Um ataque na terça-feira atingiu uma casa em Mawasi, uma área rural na província de Khan Younis que Israel declarou ser uma zona segura. Uma mulher foi morta e pelo menos outras oito ficaram feridas, de acordo com um cinegrafista que trabalha para a Associated Press no hospital próximo.

Em resposta, os militares de Israel disseram que não se absteriam de operar em zonas seguras "se identificarem atividades de organizações terroristas que ameacem a segurança de Israel".

Na semana passada, o Conselho de Segurança da ONU solicitou a aceleração imediata das entregas de ajuda a Gaza, mas houve poucos sinais de mudança. A ONU diz que muitas áreas estão isoladas por causa dos combates.

Israel prometeu eliminar as capacidades do Hamas em Gaza após o ataque no sul de Israel em 7 de outubro, que matou cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, e fez cerca de 240 outras reféns. Israel pretende libertar os mais de 100 reféns que permanecem em cativeiro.

Israel culpa o Hamas pelo alto número de mortes de civis em Gaza, citando o uso de áreas residenciais lotadas e túneis pelos terroristas.

No posto de fronteira de Kerem Shalom, trabalhadores médicos da ONU e de Gaza receberam um caminhão que transportava cerca de 80 corpos não identificados que haviam sido detidos pelas forças israelenses no norte de Gaza. Eles foram transferidos para as autoridades locais para serem enterrados. Os médicos disseram que o odor era insuportável.

"Não podemos abrir esse contêiner em um bairro onde vivem pessoas", disse à AP o Dr. Marwan al-Hams, diretor do comitê de emergência de saúde em Rafah. Ele disse que os ministérios da Saúde e da Justiça investigariam os corpos por possíveis "crimes de guerra".

No norte, as tropas estão se concentrando no bairro de Daraj Tufah, na Cidade de Gaza, que se acredita ser um dos últimos redutos do Hamas na área, de acordo com relatos de correspondentes militares israelenses, que recebem informações dos comandantes do exército.

Os relatórios dizem que o exército tem como objetivo destruir cerca de 70% da infraestrutura do Hamas, deixando o restante para outras operações durante as fases de menor intensidade dos combates.

Os combatentes do Hamas têm demonstrado resistência. O exército israelense anunciou a morte de mais dois soldados, elevando o total de mortos na ofensiva terrestre para 158. (ESTE CONTEÚDO FOI TRADUZIDO COM O AUXÍLIO DE FERRAMENTAS DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E REVISADO POR NOSSA EQUIPE EDITORIAL)

Israel prosseguiu com os bombardeios na Faixa de Gaza nesta terça-feira (26), depois de anunciar que pretende intensificar ainda mais a guerra contra o Hamas, até "desmilitarizar" e "desradicalizar" o território palestino.

Em Khan Yunis, no sul de Gaza, onde Israel informou que concentra a ofensiva contra o grupo islamista palestino, era possível observar a fumaça provocada pelos bombardeios.

Um correspondente da AFP relatou que os bombardeios israelenses continuaram durante a noite, em Khan Yunis e na vizinha Rafah, na fronteira com o Egito, localidade que abriga dezenas de milhares de pessoas deslocadas de outros pontos do território palestino.

Trinta corpos de vítimas de bombardeios foram levados nas últimas 24 horas para o hospital Nasser de Khan Yunis, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

O Exército israelense anunciou que visou, nas últimas horas, a mais de 100 alvos do Hamas, incluindo acessos a túneis e posições militares para atacar os soldados, em particular em Jabalia, no norte, e em Khan Yunis.

"Não vamos parar (...) vamos intensificar os combates nos próximos dias. Será uma guerra longa", afirmou na segunda-feira o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, depois de visitar Gaza.

"O Hamas deve ser destruído, Gaza deve ser desmilitarizada, e a sociedade palestina deve ser desradicalizada. Estes são os três requisitos para a paz entre Israel e seus vizinhos palestinos em Gaza", escreveu o chefe de Governo em um artigo publicado no Wall Street Journal.

- "Relatos comoventes" -

Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que governa a Faixa desde 2007, mais de 20.600 pessoas, a maioria mulheres e menores de idade, morreram nas operações israelenses em Gaza.

Em Israel, o ataque sem precedentes de 7 de outubro executado por milicianos do Hamas deixou quase 1.140 mortos, a maioria civis, de acordo com balanço da AFP baseado em dados israelenses.

O Hamas também sequestrou mais de 240 pessoas, e 129 permanecem em cativeiro em Gaza.

O Exército israelense informou que 158 militares morreram desde o início da ofensiva terrestre, em 27 de outubro.

No território, sob certo total desde 9 de outubro, a guerra obrigou 1,9 milhão de pessoas a abandonarem suas casas, o equivalente a 85% da população, segundo a ONU.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), cujos funcionários visitaram na segunda-feira o hospital de Deir al Balah, no centro de Gaza, após um bombardeio a um campo de refugiados próximo, afirmou que suas equipes ouviram "relatos comoventes" de famílias inteiras mortas.

"O último bombardeio contra uma comunidade de Gaza mostra porque é necessário um cessar-fogo imediato", escreveu o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na rede social X.

O bombardeio de domingo contra o campo de Al Maghazi matou 70 pessoas, segundo o Hamas. O Exército israelense anunciou que está "investigando o incidente".

A entrada de ajuda humanitária em Gaza não aumentou de maneira significativa, apesar da aprovação na sexta-feira, no Conselho de Segurança da ONU, de uma resolução que pede o envio "imediato" e em larga escala.

- Pressão em Israel -

Em Israel, a pressão aumenta para obter a libertação dos reféns. Parentes das pessoas sequestradas interromperam na segunda-feira o discurso de Netanyahu durante uma sessão especial do Parlamento, com gritos de "agora, agora", depois que o chefe de Governo afirmou que precisa de mais tempo.

"E se fosse o seu filho?", "80 dias, cada minuto é o inferno", afirmavam os cartazes dos manifestantes.

O Hamas, considerado um grupo terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, exige o fim dos combates antes de iniciar novas negociações para a libertação dos reféns.

Os países mediadores, Egito e Catar, tentam obter uma nova trégua, depois da pausa do fim de novembro que permitiu a libertação em uma semana de 105 reféns em troca de 240 presos palestinos em Israel, além da entrada em Gaza de ajuda humanitária procedente do território egípcio.

Na Cisjordânia ocupada, onde a violência aumentou de maneira considerável desde o início do conflito em Gaza, dois palestinos morreram em ações do Exército israelense nesta terça-feira.

- Bombardeios dos EUA no Iraque -

Os temores de que o conflito provoque uma escalada regional também aumentaram. A fronteira entre Líbano e Israel registra trocas de disparos quase diárias entre o grupo Hezbollah, aliado do Hamas, e o Exército israelense. E os rebeldes huthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, multiplicaram os ataques contra navios comerciais no Mar Vermelho e no Mar da Arábia.

Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira que bombardearam três posições de grupos pró-Irã no Iraque. O governo iraquiano denunciou um "ato hostil" que matou um integrante das forças de segurança e deixou 18 feridos.

O Irã acusou Israel pela morte na segunda-feira de um militar em um ataque com mísseis na Síria. A Guarda Revolucionária, exército ideológico iraniano, identificou o general Razi Moussavi como um "comandante de logística do eixo da resistência" contra Israel, que reúne Irã, Hezbollah, Hamas e os huthis.

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