Vaticano condena padre italiano por corrupção de menores
Padre é acusado de ter mantido relações sexuais em 2008 e 2009 com um adolescente
O Tribunal de Apelação do Vaticano condenou, nesta terça-feira (23), o padre italiano Gabriele Martinelli a dois anos e meio de prisão por corrupção de menores, devido a relações sexuais mantidas em 2008 e 2009 com um adolescente um ano mais novo que ele.
"É um dia importante para o meu cliente, porque, após muitos anos de sofrimento, a violência que ele sofreu realmente foi reconhecida", disse à AFP Laura Sgrò, advogada da vítima.
"Esperamos que esta decisão possa, de alguma forma, levar a uma reflexão ainda mais profunda sobre o abuso sexual na Igreja", acrescentou.
Os fatos começaram em 2007 no pré-seminário de São Pio X, no Vaticano, quando Martinelli e a vítima ainda eram adolescentes de 14 e 13 anos, respectivamente.
Os abusos teriam continuado por cinco anos, até 2012, quando Martinelli tinha 19 anos.
Em outubro de 2021, o tribunal penal do Vaticano absolveu o padre das acusações de estupro do mesmo menor, quando ambos viviam no seminário São Pio X.
O tribunal, que também julgou na época o ex-reitor da instituição acusado de cumplicidade, considerou que não havia dúvidas sobre as relações sexuais entre o padre e sua suposta vítima, mas que os elementos não eram suficientes para provar a coação por meio de violência ou ameaças.
Em segunda instância, o Tribunal de Apelação da Cidade do Vaticano reclassificou nesta terça-feira os fatos como corrupção de menores.
Martinelli, ordenado padre em 2017, foi condenado a dois anos e meio de prisão e a uma multa de mil euros (R$ 5.830, na cotação atual), conforme a decisão à qual a AFP teve acesso.
O tribunal considerou que o padre não é punível pelos fatos até 2 de agosto de 2008, pois era menor de 16 anos. No entanto, durante o período entre 9 de agosto de 2008 e 19 de março de 2009, o acusado já havia atingido a maioridade sexual, ao contrário de sua vítima.
O pré-seminário de São Pio X abriga crianças e adolescentes que estudam em uma escola privada no centro de Roma e ajudam durante as missas celebradas na Basílica de São Pedro. Alguns deles decidem depois tornar-se padres e ir estudar em um seminário.