CPI do Cachoeira: Engenheiro nega desvios de dinheiro

Paulo Vieira de Souza, ex-diretor de engenharia da Dersa afirmou que as revistas IstoÉ, Época e Carta Capital mentiram

qua, 29/08/2012 - 15:23
Geraldo Magela/Agência Senado Paulo Souza (à esquerda) em depoimento à CPMI Geraldo Magela/Agência Senado

Brasília - Em depoimento a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, nesta quarta-feira (29), o engenheiro Paulo Vieira de Souza, ex-diretor de engenharia da Desenvolvimento Rodoviário S.A (Dersa) - empresa vinculada ao governo de São Paulo - negou o desvio de dinheiro de obras públicas em benefício das campanhas eleitorais de candidatos do PSDB em 201o (José Serra à Presidência da República e Geraldo Alckmin ao Governo de São Paulo).

Reportagens da revista IstoÉ o acusam de cometer irregularidades nas obras do Rodoanel, em São Paulo. Souza afirmou que as matérias são mentirosas. Nessa terça (28), o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, negou que tenha relatado à IstoÉ qualquer desvio. À comissão ele disse que contou ter ouvido de um amigo que aditivos para obras em SP poderiam ser desviados para a campanha. Pagot também afirmou ter dito ao jornalista que isso era "papo de bêbado, de botequim, que não poderia ser provado".

Questionado pelo relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), Paulo Souza afirmou nunca ter se envolvido com a área financeira de campanha política de nenhum candidato. "Eu gostaria que um empresário deste país viesse aqui e dissesse: ‘Eu dei dinheiro para ele’", desafiou. Ele contou ainda que move sete processos criminais e nove por danos morais, dois deles contra a IstoÉ, e afirmou que as revistas Época e Carta Capital também mentiram.

Souza negou ainda que tenha ficado com R$ 4 milhões doado por empresários para a campanha de José Serra.“O Senado do meu país está dando ao ‘líder ferido’ o direito de comprovar. Não saio desta Casa sem entregar todos os documentos comprobatórios do que eu falar”, frisou.



Delta

O ex-diretor da Dersa disse ainda que a Delta, principal empresa do esquema ilegal de Cachoeira, não foi beneficiada em licitações. “A Delta participou de todas as licitações. Ela perdeu todas por preço maior. A única obra que a Delta tem na Dersa é na marginal [Tietê], que representa 1,9% dos valores licitados. Todas as demais ela perdeu por preço maior”, informou. Segundo ele, a obra na Marginal Tietê continha quatro lotes e dois deles foram licitados pela Dersa. Apenas um foi ganho pela Delta.

Nas duas obras licitadas pela Dersa houve aditamentos, de 24,9% cada um. O contrato da Delta subiu de R$ 172 milhões para R$ 215 milhões. A Sobrenco foi de R$ 114 milhões para R$ 143 milhões. Segundo Souza, os aditivos se justificam por mudanças que precisaram ser feitas por desvios de estruturas presentes do subsolo da capital paulista.

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