Ex-presidente da Delta fica calado na CPI do Cachoeira
Como conseguiu habeas corpus no STF, garantindo o direito de não produzir provas contra si, ele não depôs
Brasília - Como já era esperado, o depoimento mais aguardado neste semestre pelos integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira não ocorreu. Fernando Cavendish, ex-presidente da empreiteira Delta, empresa apontada como principal braço do esquema ilegal de Cachoeira, conseguiu habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para permanecer em silêncio diante da comissão e foi liberado, conforme rito adotado pela CPMI.
O presidente do colegiado, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), chegou até a propor que Cavendish desse depoimento a portas fechadas, mas o empresário se negou a falar.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) pediu que ele explicasse a afirmação de que “com R$ 6 milhões é possível comprar um senador e que, com R$ 30 milhões, você é convidado para muitas coisas”. A declaração teria sido feita por Cavendish durante conversa com os seus ex-sócios José Augusto Quintella e Romênio Marcelino, que gravaram e divulgaram a conversa na imprensa. “Quero saber quem foi o parlamentar ou que senador o senhor comprou por R$ 6 milhões”, indagou Dias. Cavendish disse apenas que “esse assunto, no momento oportuno, eu responderei”.
A Delta é atualmente uma das maiores construtoras do Brasil, maior detentora de contratos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). De acordo com as investigações da Polícia Federal, a empresa repassou R$ 413 milhões, dos R$ 4 bilhões de contratos como governo, para empresas de fachada ligadas a Carlinhos Cachoeira.
O relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), já havia declarado que não tinha dúvidas de que Cavendish estava envolvido com Cachoeira.
Com informações da Agência Câmara.