Aécio diz que PT precisa se reciclar

O senador e candidato a presidente critica o PT e fala sobre as alianças com o PSB

sab, 29/09/2012 - 15:12
Vitor Freire/leiajaimagens Senador de Minas Gerais declarou que tem uma relação muito próxima ao governador de Pernambuco Vitor Freire/leiajaimagens

O senador do estado de Minas Gerais e presidenciável, Aécio Neves (PSDB) veio a Pernambuco nesta quinta-feira (29), reforçar a candidatura de Daniel Coelho (PSDB) à prefeitura do Recife e conversou com a reportagem do LeiaJá sobre a política nacional e local. Antes de participar de uma caminhada no Centro da cidade, ele comentou sobre as alianças com PSB e criticou o modelo de gestão do governo federal.

Segundo Aécio, o poder não fez bem ao Partido dos Trabalhadores (PT) que precisa se reciclar e com as eleições municipais deste ano, os tucanos começam a desenvolver um projeto alternativo para o Brasil. Sobre eleições na cidade de São Paulo, ele afirmou que o perfil de Serra é limitado, mas sua candidatura vai disputar o segundo turno. “O Serra está muito confiante, as avaliações internas lhe dão uma segurança de que estará no segundo turno e a minha ajuda pode acontecer na estratégia de campanha. Talvez seja o momento que outras lideranças nacionais do partido, de outras eleições estejam mais presentes nessa campanha", comentou Aécio a respeito do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Sempre estive a disposição para participar da campanha, mas o perfil da candidatura de Serra é muito limitado”, defendeu Aécio.

Sobre a polarização PT e PSDB, o senador mineiro disse ser preciso ocupar espaços políticos, porque mesmo os tucanos perdendo três eleições presidenciais, será apresentada uma nova forma de se fazer política. “Em São Paulo há um certo cansaço dessa polarização PT e PSDB, isso abre espaço para o surgimento de coisas novas . Mesmo que não sejam as mais adequadas. Por isso o PSDB tem que surgir com ideias novas, pois não há no Brasil uma novidade maior e positiva do que a candidatura de Daniel Coelho aqui no Recife. Não é apenas uma renovação de faixa etária, mas na forma de fazer política, de dialogar com movimentos sociais”, reforçou.

A agenda do governo petista abdicou de criar um projeto próprio e executa o que foi proposto pelo PSDB há quinze anos atrás. De acordo com Aécio, a estabilidade econômica, o início dos programas de transferência de renda, a responsabilidade fiscal, privatizações e internacionalização da economia, são programas desenvolvidos inicialmente pelos tucanos. “Essa gestão deu continuidade a algumas ações na macro economia, ampliou os programas sociais, mas se equivocou quando perdeu a capacidade de tomar iniciativas. Vamos apresentar um modelo alternativo para 2013. O governo não fez bem ao PT, deixou de ser uma legenda que pregava a ética e ficou igual aos piores partidos, eles envelheceram e precisam se reciclar”, ironizou.

Nem mesmo a boa avaliação do governo da presidenta Dilma atenuou as criticas de Aécio, principalmente sobre o poder de transferência de votos. “Se a economia vai bem, o presidente da república terá uma avaliação positiva. Agora não vejo uma conexão direta com essas eleições, ela participa da campanha em Minas, mas não consegue uma transferência direta de votos. Depois que Dilma se tornou presidenta, desconstruiu boa parte de sua imagem com sua política de austeridade e permitiu que parcelas do governo sejam disponibilizadas para favorecer determinadas candidatura”, ressaltou o tucano.

“Os ministérios são oferecido a lideranças do PT, para beneficiar, em São Paulo, o candidato a prefeito Fernando Haddad (PT)”, comentou o senador se referindo à mudança que tirou Ana de Holanda do ministério da cultura e indicou Marta Suplicy para assumir a pasta. “O PT chama seus adversários de tecnocratas, enquanto eles teriam a sensibilidade para desenvolver um avanço social. Mas quando assumi o governo de Minas Gerais, em 2003, fizemos um choque de gestão investindo onde era necessário. Recentemente foi divulgado o Índice de Desenvolvimento da Educação (IDEB) e Minas lidera esse ranking no ensino fundamental.”

Aécio defendeu que uma gestão eficiente precisa dividir de maneira mais justas a distribuição dos tributos entre estados e municípios, sendo melhor do que o assistencialismo e o uso máquina pública praticada pelo PT. “Há doze anos, o governo federal participava com 46% de tudo que se investia em saúde no Brasil, hoje são diminuiu para 32%. Na segurança, 83% do que é investido é de responsabilidade dos estados e municípios, enquanto cerca de 70% de tudo que se arrecada com impostos fica com a União. Isso não é justo, o governo federal tem uma visão pouco generosa.”

Uma questão que será analisada nas eleições presidenciais diz respeito à popularidade da presidenta Dilma e a apresentação de projetos alternativos ao modelo petista de governar. Aécio declarou que em torno do PSDB vão se formar as alianças para as eleições de 2014.  “Somos a principal força alternativa, achamos que o Brasil está perdendo um tempo enorme para efetivar reformas fundamentais. O governo federal não tem sido generoso com os entes da federação, os estados e municípios pagam uma conta alta por causa dos benefícios dados a alguns setores da economia. O PT optou por não enfrentar a reforma tributária e da previdência social”, revelou Aécio.

A relação entre PSDB e PSB, desconstrói a base governista no âmbito federal e monta um novo cenário político no Brasil. O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, poderá compor uma aliança com os tucanos em nível nacional, ocupando  vaga de candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Aécio. “Com o PSB compomos alianças sólidas em Minas Gerias, na cidade de Curitiba e em São Paulo até há pouco tempo atrás. Eduardo é meu amigo e converso sobre questões de Brasil e nossas alianças, eu converso com ele mais do que vocês imaginam”, enfatizou.

Já falando sobre a política local, Aécio não quis entrar em polêmica e nos conflitos que estão acontecendo entre os prefeituráveis Geraldo Julio (PSB) e Daniel Coelho(PSDB). “No Recife temos um candidato que nos orgulha muito que é o Daniel, uma cara nova para PSDB. O governador Eduardo saber disso e respeita essa posição. Temos um candidato próprio aqui no Recife e lamento que a campanha acabe partindo para agressões e ataques pessoais”, se esquivou.

COMENTÁRIOS dos leitores