Procurador geral não comenta relato de empresário
"Enquanto este julgamento não se concluir, não examino nada.", disse antes de participar da abertura do 29.º Encontro Nacional de Procuradores da República, em Ipojuca (PE)
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, não quis comentar nesta quarta-feira (31) o novo depoimento prestado pelo empresário Marcos Valério, condenado no julgamento do mensalão como o operador do esquema.
À noite, no município de Ipojuca (PE), antes de participar da abertura do 29.º Encontro Nacional de Procuradores da República, Gurgel voltou a afirmar que não considera haver nenhuma possibilidade de Valério se beneficiar da delação premiada - revelar fatos em troca de redução ou extinção de pena - na fase em que se encontra o julgamento do mensalão.
"Se a pretensão dele fosse auxiliar esta investigação, ele deveria ter se manifestado há mais de um ano, quando a instrução criminal ainda estava em aberto."
O entendimento do procurador-geral, porém, é controverso. A maioria dos juízes que cuidam de causas que envolvem lavagem de dinheiro, por exemplo, afirma que novas revelações podem, sim, ajudar o delator a reduzir sua pena ou até mesmo tirá-lo da cadeia para o cumprimento de regime semiaberto, por exemplo.
No dia 22 de setembro, pouco depois de ter prestado o novo depoimento ao Ministério Público, um fax subscrito por Marcelo Leonardo, advogado de Valério, foi enviado ao Supremo com pedido para que o empresário pudesse dar detalhes sobre o que havia dito em troca de ser incluído no programa de proteção à testemunha. O fax de Valério também fazia referência à possibilidade da delação premiada.
"No devido tempo isso poderá ser examinado e levado em consideração", disse Gurgel. "Não na ação penal 470", insistiu. "Enquanto este julgamento não se concluir, não examino nada."
O procurador-geral garantiu que se Valério estiver mesmo correndo risco de morte "todas as providências necessárias serão adotadas" para garantir a sua segurança. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo