Recifenses concordam com críticas aos gastos da Copa

Segundo especialista, há um despertar da população para os problemas públicos

qui, 04/07/2013 - 00:05

O País do futebol. Assim foi e talvez ainda seja considerado o Brasil tanto pelos brasileiros quanto pelos estrangeiros. Mas a bola no pé, o passe de craque e o grito de gol foi visto e comemorado de outra forma por milhares de brasileiros que saíram às ruas e cobraram ‘saúde e educação no padrão Fifa’. Eles vestiram verde e amarelo, pintaram as caras e levantaram bandeiras para cobrar mais investimentos e criticar os gastos públicos injetados nos estádios sede das Copas das Confederações e do Mundo.

No Recife não foi diferente. A cidade parou. As pessoas foram às ruas e cartazes e faixas apareceram. Buscando conhecer a opinião dos recifenses sobre essas cobranças, o Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) entrevistou, entre os dias 26 e 27 de julho, 813 pessoas na capital pernambucana.

O questionamento dirigido aos participantes foi: “As manifestações criticaram os gastos públicos com a Copa do Mundo. Qual é a sua opinião com esta crítica?”. Antes dessa indagação, a amostra colheu que 89,8% das pessoas afirmaram ter obtido informações sobre a realização das manifestações.

 

Já sobre os gastos com a Copa do Mundo, 78% dos entrevistados disseram que concordam plenamente com as críticas feitas em relação aos investimentos direcionados ao evento. Ainda sobre o quesito, 13,1% responderam concordar parcialmente, 1,9% desaprovam parcialmente e 4,3% disseram discordar plenamente.

De acordo com o presidente da Comissão de Esportes e Lazer da Assembleia Legislativa de Pernambuco, deputado Vinicius Labanca (PSB), às críticas com os gastos para as Copas é apenas um dos aspectos que “acumulou o copo de água e transbordou”. “A minha leitura é de instabilidade política. A população está dizendo que está cansada não por causa dos gastos da Copa do Mundo, mas porque precisa de saúde e de educação. O povo quer que o dinheiro saia de um ponto e chegue a outro”, avalia.

Para Labanca, o que as pessoas cobram em relação aos estádios são os valores excedentes dos orçamentos. “A arena em Brasília deveria custar R$700 mil, mas chegou a mais de R$ 1,2 bilhão”, disse. O socialista também cobrou mais investimentos para os governos estaduais e municipais. “O dinheiro está concentrado apenas no governo Federal e isso é um erro e fragiliza os brasileiros. O povo cansou disso. Todos estão abrindo os olhos para saber que não existe mais aceitação da má política e as respostas estão dando nas ruas. Enquanto esse País não começar a caminhar e os investimentos cheguem à população com seriedade e justiça o povo continuará na rua exercendo o poder de cidadania”, disparou.

Segundo a cientista política, Priscila Lapa, ainda é cedo para acreditar na reflexão que os protestos possam, de fato, mudar o pensamento e a realidade das pessoas sobre os gastos públicos. “É uma coisa muito conjuntural. O fato das pessoas terem um local para expor sua opinião, como as redes sociais, instigou esse protesto. Nesse momento há um certo despertar da população para os problemas da esfera pública, mas isso pode ser uma coisa meramente da cojuntura, não dá para dizer ainda que será uma tendência”, expôs. 

Os dados informados pelo IPMN possuem um nível estimado de 95% de confiança e uma margem de erro estimada de 3,5 pontos percentuais.

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