Afinal, o que seria o socialismo de direta do PSB?
A aproximação do DEM ao PSB e os diálogos com o PSDB, tem chamado atenção para a mudança ideológica socialista
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A aproximação do governador Eduardo Campos (PSB) ao senador Aécio Neves (PSDB) com direito a jantar no Recife e a demonstração de apoio por parte de alguns democratas, trouxe à tona inúmeras especulações sobre a mudança ideológica do perfil dos socialistas para um comportamento chamado de ‘socialismo de direita’. Porém, o forte diálogo entre as duas correntes não é vista por socialistas como uma mudança de pensamentos. Já para o analista político, Maurício Romão, atualmente a questão ‘direita’ e ‘esquerda’ não existem mais. Tudo indica que a mistura de ideologias, opiniões e aspectos dependem basicamente do interesse político e partidário para cada conjuntura eleitoral do momento.
Filha do vice-governador de Pernambuco, João Lyra Neto (PDT), a deputada estadual Raquel Lyra (PSB), explicou que o PSB tem princípios muito arraigados num capitalismo mais justos e por isso não acredita numa mudança. “É natural que ele possa dialogar com presidente de outros partidos. Aécio Neves é da mesma geração dele, e mesmo considerado conservador, sempre teve ao lado da democracia”, defendeu Lyra em relação aos rumores do jantar.
Já sobre a sinalização dada pelo DEM, a socialista disse que o apoio partiu deles, mas os princípios do PSB não mudarão por isso. “Em relação ao DEM, são eles que estão demonstrando apoio, e não o PSB. Não tem uma mudança de rumos, só há a demonstração de adesão de outros partidos, mas nós continuamos defendendo os mesmos princípios. Não tem decisão de ideologia e sim, de diálogo”, argumenta a parlamentar.
Também socialista, mas com uma postura diferente de Lyra, o presidente da Câmara do Recife, vereador Vicente André Gomes (PSB), não descarta a mudança ideológica. “Eu acho que o processo político é muito dinâmico, e uma coisa é uma unidade de forças e outra é a unidade ideológica. A unidade de força política se caracteriza dentro dos pleitos que se aproximam. Sempre que ocorre perspectiva de disputa de pleito, as unidades de forças se aglutinam em força maior. Não posso afirmar que isso possa acontecer, mas não vejo nada impossível”, soltou Gomes.
Depois de ter afirmado a possibilidade, o vereador mostrou indecisão, mas posteriormente ratificou o que declarou. “Mudança ideológica é uma discussão posterior, não adianta cobrir o sol com a peneira, a discussão é a unidade de força. As forças políticas vão se unindo dentro de uma discussão partidária e pessoal. Agora, isso não quer dizer que as discussões ideológicas não possam se aglutinar dentro de uma linha. Não estou dizendo que isso esteja ocorrendo, mas essa relação pode existir. Só o tempo e os atos podem acontecer. Agora, nada impossível”, pontuou.
Para o analista político, Mauricio Romão, a questão dos partidos serem de esquerda ou de direita não existem mais. “Não há ideologia partidária, não há identificação programática dos partidos, os partidos não guardam coerência programática na sua filiação, nos seus representantes executivos majoritários. É uma salada geral, os partidos não têm um norte a ponto de se basear, projetar na vida nacional como um partido de ideais, defendendo propostas”, avalia.
Ainda segundo Romão, a ideia de ter uma postura única dentro das legendas é algo que existe apenas fora do Brasil. “Eu não valorizo essa movimentação do PSB com o PSDB e eventual entrada do democratas, como uma questão de esquerda e direita. Não cabe, essa questão está ultrapassada, ela não identifica os partidos nem as suas correntes porque essas correntes estão misturadas. Eles se emaranharam numa composição. Então, você não pode ficar sendo de esquerda ou sendo de direita. É uma parafernália de alinhamentos que prevê uma formação ideológica. Não existe, ela não se enquadra, ela é superada”, esclareceu o especialista.