Ex-diretor da Petrobras contraria declarações de Foster

Segundo Nestor Cerveró, a expansão do refino do petróleo para o exterior fazia parte do plano estratégico da estatal na época da compra

qua, 16/04/2014 - 14:01
Luis Macedo/Câmara dos Deputados Nestor Cerveró disse que não houve intenção de enganar ninguém Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Em audiência pública na Câmara dos Deputados, o ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, sustentou que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, representou um bom negócio na época da compra. A afirmação contraria as considerações da presidente da estatal, Graça Foster, que nessa terça-feira (15), no Senado, disse que a compra foi um mau negócio.

Segundo ele, o plano estratégico da empresa já incluía o processo de expansão do refino do petróleo no exterior. Como os Estados Unidos representavam 20% do mercado de derivados do petróleo do mundo, a aquisição da unidade foi avaliada assim como a de outras no país. “Em 2005, comprar uma refinaria nos EUA e adaptá-la para processar petróleo brasileiro pesado, além de ser uma ação alinhada ao planejamento estratégico da Petrobras, era uma boa oportunidade de negócio”, explicou.

Cerveró também disse que o planejamento da estatal mudou em 2008, por causa da crise econômica mundial e pelos novos investimentos no Brasil com refinarias e processo de extração de petróleo na camada de pré-sal. Diante desse cenário, a diretoria financeira recuou sobre a compra da outra metade da refinaria. 

"Não é justo classificar essa operação como malfadada e que trouxe prejuízos para a estatal, porque na época ela foi, sim, bem sucedida", frisou. "O que ocorreu foram consequências das mudanças do mercado. Se muda a situação de mercado, muda a estratégia", explicou.

Questionado sobre se havia enganado Dilma Rousseff, na época presidente do Conselho de Administração da Petrobras, sobre cláusulas específicas no contrato de compra da refinaria. "Não houve intenção de enganar ninguém. A posição não é só minha, é da diretoria e do conselho que aprovou este projeto". Em vários momentos, ele fez questão de repetir que a decisão de compra foi uma decisão conjunta do conselho de administração e da diretoria.

"Eu continuo considerando um desastre essa operação, do ponto de vista negócial, porque trouxe prejuízo enorme aos cofres da Petrobras", considerou o deputado Mendonça Filho (DEM-PE). O líder do Democrátas disse que as afirmações de Nestor contradizem a presidente Dilma Rousseff.

"Entenda que essa não é uma questão de desmentir e confirmar. Toda a documentação é sempre passada para a diretoria e ela é reponsável por encaminhar ao Conselho de Administração. Isso é de praxe", detalhou. Apesar da explicação, ele desconversou sobre se Dilma teve acesso ou não ao documento inteiro. "Eu não era responsável por entregar o resumo executivo ao Conselho de Administração. Quem faz isso é a diretoria e não eu. Então, não posso dizer se o Conselho recebeu ou não todos os documentos". 

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