Ajustes na economia e alianças são os desafios de Câmara
Cientista política e economista avaliam os desafios do novo chefe do Executivo Estadual
Como é de costume, com a virada de ano e a posse no novo líder do poder Executivo do Estado, Paulo Câmara, incidem especulações acerca do desdobramento do cenário político e sobre a economia no âmbito nacional e local. Para falar dessas perspectivas, o Portal LeiaJá entrevistou o economista pela Universidade Federal de Campina Grande, Djalma Guimarães e a cientista político Priscila Lapa.
Segundo Djalma Guimarães é importante avaliar o cenário nacional para só então analisar a situação do Estado. “Tendo em vista que o Governo fará alguns ajustes, como a elevação da carga tributária e o aumento de impostos; é importante pontuar, que em Pernambuco, esses ajustes refletirão em uma nova estratégia política; conhecida como ‘Política de Contracionismo’, ou seja, ocorre a diminuição do fluxo de mercado, como o aumento dos juros para diminuir o ritmo de economia o que controla a inflação”, explicou.
Em entrevista a equipe de reportagem, Djalma ainda falou quais são as perspectivas da economia para o Estado e destacou os investimentos na região. “Tomando como base o panorama nacional, no Estado em 2015, acredito que a economia ficará aquém de 2014”, alertou. Mas foi otimista: “a região só não sofrerá mais devido aos investimentos como a fábrica de automóveis e o estaleiro, por exemplo, que atuarão como multiplicadores de geração de emprego e renda”, destacou.
Devido aos tributos e ajustes do Governo, que refletirão na economia local, o especialista afirmou que o primeiro semestre será mais complicado. “Os seis primeiros meses serão de ajustes, a partir desse período, os gestores avaliarão as estratégias aplicadas sobre cargas tributárias e impostos”, destacou. Guimarães ainda alertou que “quando o governo aumenta os impostos, os produtos ficam mais onerosos e consequentemente a renda da família é reduzida, por isso todos devem ficar atentos às finanças”, concluiu.
No que tange o cenário político, conforme a avaliação da cientista política Priscila Lapa, as perspectivas são boas, porém Paulo Câmara (PSB) terá muitos desafios, entre eles estão: ponderar a coalizão política, criar um governo com a ‘cara dele’ e manter a posição de independência perante o PT e conseguir recursos federais para Pernambuco.
“Paulo Câmara conseguiu coligar vários partidos, como o PCdoB e o DEM, por exemplo, e o grande obstáculo dele será ‘atender’ a todos eles de forma igualitária e ponderada”, lembrou. A especialista ainda apontou que o pessebista está tentando mostrar independência, do PT, porém deve assumir também uma aproximação com a oposição para garantir recursos federais. Levando em consideração a oposição, Priscila ressaltou que observa um nova composição.
“Anteriormente existia a disputa de Eduardo Campos e Jarbas, para a liderança do poder do executivo. Hoje, observamos a nova formação, entre Paulo Câmara e Armando Monteiro (PTB) - opositor durante as eleições 2014 e nomeado por Dilma para assumir o Ministério do Desenvolvimento Industrial”, falou.
A cientista política avaliou o novo secretariado. “Quanto à nova equipe, observo que ele fez o quê todos em seu lugar fariam. Ele selecionou um secretariado com caráter técnico e político com experiência, como Milton Coelho e Danilo Cabral”, disse. Ainda em entrevista, Priscila reforçou que Paulo Câmara deve monitorar o seu discurso, quando retoma sempre a gestão de Campos. “Ele deve ficar atento a ‘herança Eduardista’, porque chegará o momento que ele será comparado com Campos e por isso ele precisa dar uma cara para o seu governo”, frisou.