Ala do PT-PE defende volta às ruas e critica 'Plano Levy'

Foi lançada uma carta aberta que a atual política do governo "frustra os trabalhadores e a juventude"

por Giselly Santos qua, 25/03/2015 - 11:11
Divulgação Grupo quer voltar às ruas no dia 7 de abril Divulgação

O membro do diretório do PT-PE, Edmilson Menezes, e membros do PT-PE que integram a ala Diálogo e Ação Petista (DAP), lançaram uma carta aberta criticando a direção estadual da legenda, os reajustes fiscais do governo da presidente Dilma Rousseff, intitulados por eles de “Plano Levy”. O documento também convoca a militância para se unir a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e voltar às ruas no dia 7 de abril. 

“Essa política é o que frustra os trabalhadores e a juventude, e joga na confusão setores populares, que reação golpista tenta manipular”, dispara o texto. “O PT precisa convocar sua militância a ir para as ruas, com seus dirigentes e parlamentares, de cabeça erguida, junto com a CUT e os movimentos sociais para, antes de tudo, se colocar na defesa da pauta dos trabalhadores”, acrescenta.

No documento, eles também defendem que o PT volte a “agir como agia” e divulga o novo Dia Nacional de Luta, no próximo dia 7. Além disso, convida os petistas, independente de tendência, para pedir que a direção estadual convoque e mobilize a militância para o ato.  

Companheiros e companheiras,

No momento em que uma grave crise econômica, política e institucional se abate sobre o País, não podemos aceitar que o PT siga paralisado e não ocupe o seu lugar nas ruas, recusando na prática ser um ponto de apoio para a luta dos trabalhadores e da maioria explorada do nosso povo. Não foi para isso que o PT foi fundado!

O PT não pode seguir apoiando a guinada do governo ao ajuste fiscal, representado pelo “Plano Levy” que está paralisando a economia do país, junto com os efeitos da Lava Jato na Petrobras: parando as obras do PAC, os ministérios, as Universidades públicas, o FIES, o lançamento da 3ª fase do Minha Casa Minha Vida, forçando Estados e Municípios a também fazerem cortes e mais cortes nos gastos públicos! – tudo para fazer superávit primário para satisfazer as exigências do “mercado”! Essa política é o que frustra os trabalhadores e a juventude, e joga na confusão setores populares, que reação golpista tenta manipular.

O PT nacionalmente como partido foi o grande ausente no dia 13. Na verdade, uma semana antes, a Executiva Nacional do PT, na mesma reunião em que se posicionava em “apoio às MPs 664 e 665”, discutia tentar propor à CUT adiar os atos do dia 13, como queria o Palácio do Planalto!

Aqui em PE, apesar do Diretório Estadual do PT ter aprovado, em 28 de fevereiro, por proposta nossa, que o PT-PE deveria convocar amplamente sua militância para participar do Ato do dia 13 de março, somente no dia 11, ou seja, faltando apenas 48 horas para o Ato, esta decisão foi comunicada oficialmente aos militantes. E, ainda assim, de forma diluída, integrando, ao final, de forma aligeirada, uma Nota da Executiva, adotada no dia 07 de março tratando de outra questão, ficando, na prática, muito longe de uma ampla e real convocação à militância, como tinha sido decido pelo Diretório do PT-PE.      

Companheiros e companheiras,

Nós que fazemos o Diálogo e Ação Petista (DAP) estivemos no dia 13 presentes nos atos do DF e mais 14 Capitais (RS, SC, PR, SP, RJ, ES, BA, AL, PE, PB, GO, MT, MG e CE), além de outras cidades. Distribuímos milhares de panfletos do DAP, bem recebidos pelos manifestantes. Na maioria dos Atos, levamos faixas e pirulitos próprios, que aparecem nas fotos da imprensa e até na reportagem do Jornal Nacional. Nós nos propusemos a fazer e o fizemos: agimos como o PT agia!

O PT precisa convocar sua militância a ir para as ruas, com seus dirigentes e parlamentares, de cabeça erguida, junto com a CUT e os movimentos sociais para, antes de tudo, se colocar na defesa da pauta dos trabalhadores. O PT deve se dirigir ao governo federal para que volte à pauta do 2º turno presidencial: não tocar nos direitos dos trabalhadores (“nem que a vaca tussa”), fazer a reforma política através da Constituinte, fazer a reforma agrária e a reforma urba­na e defender os investimentos da Petrobras no pré-sal. Esta é a única saída para o PT reatar com a sua base so­cial, sob pena de pavimentar o caminho para a contrarrevolução golpista que se assanha contra a Presidente Dilma e o próprio PT!

No último dia 13 (sexta-feira), atendendo ao chamado da CUT, e dos movimentos populares, mais de 100 mil trabalhadores e jovens saíram às ruas em 25 capitais, numa exitosa jornada em defesa dos direitos, da Petrobras e da reforma política. E, objetivamente contrapuseram-se às tentativas golpistas, mostrando ser a única força que pode defender o mandato legítimo da presidente Dilma.

Já no domingo, dia 15, ocorreram manifestações pelo “Fora Dilma e Fora PT”, convocadas por setores da classe do­minante – empresários, partidos de oposição (PSDB, PPS, Solidariedade, PSB e outros), com o apoio da grande mídia, comandada pela Rede Globo – que não ousaram botar a cara nas ruas, preferindo manipular um descontentamento real que existe na sociedade (e não só na elite), em particular de repúdio à corrupção, para canalizar tudo no “Fora PT e Fora Dilma”, onde não faltaram cartazes em inglês e bandeiras dos EUA, similar ao que a burguesia pró-imperialista faz hoje nas vizinhas Venezuela e Argentina, disseminando seu ódio de classe às organizações dos trabalhadores e do povo pobre, visando, por todos os meios, junto com o seu sócio maior (o imperialismo estadunidense), recuperar as posições as perdidas no continente para descarregar nas costas dos trabalhadores o preço da crise mundial do capitalismo.

Imediatamente após as manifestações de 13 e o 15 de março, a Executiva Nacional da CUT, reunida em caráter extraordinário, adotou uma Resolução que faz um balanço positivo do dia 13:

“Diante do atual quadro de crise que atravessa o país, a CUT acertou ao convocar e realizar junto com Centrais Sindicais e os movimentos sociais o Dia Nacional de Lutas de 13 de março, que se constituiu num ponto de apoio para todos que querem defender nossos direitos, a democracia, a Petrobrás, a Reforma Política, a Democratização da Comunicação contra as tentativas golpistas manipuladas pela grande mídia e pela direita. Em todo o Brasil foram milhares de manifestantes em atos massivos e representativos em todas as capitais. Isso apesar das tentativas da mídia em desqualificar nossos Atos, divulgando mentiras sobre militantes pagos, deformando nossa pauta, e convocando abertamente o dia 15 de março”.

E, concluindo, arremata: “É nossa tarefa impedir que a direita sorrateiramente amplie apoio em setores populares para o retrocesso, explorando o descontentamento que existe na sociedade”.

Com base na Resolução adotada de “não sair das ruas”, a Direção CUT se reuniu, em 19 de março em SP, com as entidades e movimentos que garantiram o sucesso do 13 de março, para discutir a continuidade da luta iniciada no dia 13, e construir uma jornada de lutas, através de um calendário de atos unitários de massa até o próximo 1º de Maio, pelas reivindicações, pelas reformas populares, pela Constituinte para fazer a reforma política e em defesa do mandato popular dado a Dilma no 2º turno, que é um mandato legítimo na forma, e no conteúdo que lhe deu a maioria do povo brasileiro: Nenhum passo atrás, barrar o retrocesso!

Esta Jornada, que começou a ser construída nesse dia 19, tem como próxima atividade a convocação do  7 de abril como um novo Dia Nacional de Luta, combinando uma concentração em Brasília (essencialmente de sindicalistas CUT, CTB e quem vier junto), por ocasião da votação nesta data do substitutivo Arthur Maia do PL 4330, que mantém a “terceirização ilimitada”, com atos e mobilizações nos Estados, com base na pauta decorrente do dia 13 de março - Democracia (contra golpe), Direitos (MPs 664 e 665; PL 4330, contra ajuste fiscal no lombo dos trabalhadores), combate à corrupção (reforma política e defesa da Petrobras).  Considerando que o 7 de abril se dará antes do 12 de abril (data prevista para novas manifestações manipuladas pelo “Fora PT, Fora Dilma”), o PT está chamado a jogar todo o peso nas manifestações do 7 de abril, diferentemente da sua postura no dia 13 de março.    

Companheiros e companheiras,

Discutindo a situação exposta acima, em reunião no dia 18/03/2015, no Recife, com 19 presentes, nós que fazemos o DAP em PE decidimos convidar todos os companheiros e companheiras petistas, independentemente da eventual vinculação de cada um às distintas correntes ou tendências do PT, para todos juntos nos dirigirmos a direção do PT-PE, para que ela dessa vez convoque, mobilize e organize, de fato, a militância petista para junto com seus dirigentes e parlamentares, estarmos todos no dia 7 abril nas ruas do Recife,  portando nossas faixas e as bandeiras do PT, junto com a CUT e os movimentos sociais, defendendo as reivindicações dos trabalhadores e da maioria explorada do nosso povo, “agindo como o PT agia”!

• É hora de mudar a política econômica!

• Retirada das MP’s 664-665! Não ao PL 4330! Abaixo o Plano Levy!

• Fim do financiamento empresarial! Corrupção se combate com reforma política e Constituinte!

• Em defesa da Petrobras!

Recife, 24/03/2015.

Saudações Petistas,

Diálogo e Ação Petista (DAP)

COMENTÁRIOS dos leitores