Graça Foster nega envolvimento com corrupção na Petrobras

Ex-presidente da estatal disse que o esquema de pagamento de propina se formou “fora da Petrobras” e que os processos de licitação seguiam as normas

por Dulce Mesquita qui, 26/03/2015 - 12:59
Luis Macedo/Câmara dos Deputados Graça Foster compareceu a CPI da Petrobras nesta quinta-feira Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Em depoimento a CPI da Petrobras na Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira (26), a ex-presidente da Petrobras, Graça Foster, negou que tenha tido conhecimento de esquema de propina na estatal. Ela disse também que foi surpreendida pela Operação Lava Jato e que a corrupção se formou “fora da Petrobras”.

Segundo ela, as licitações seguiram as regras da empresa e foram auditadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela Price Waterhouse, empresa de auditoria contratada pela Petrobras. "A gestão interna da Petrobras é suficientemente boa, tanto é que tem passado pelos auditores", ressaltou. Para ela, o TCU tem contribuído para a melhoria da gestão. “O TCU tem ajudado, sim e muito, nos seus questionamentos, aparentemente duros mais que a posteriori ajudam muita na nossa gestão”, considerou.

Foster também negou o vazamento de informações privilegiadas para as empresas envolvidas com o esquema de desvio de dinheiro. “Não conheço caso em que diretores da Petrobras tivessem tido informações de vencedores de licitações antes da abertura dos envelopes de propostas”, frisou. Em delações, Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef e Pedro Barusco afirmaram que as empresas do esquema eram beneficiadas.

Na comissão, ela lembrou que a Price Waterhouse mudou o parecer em relação às contas da empresa no primeiro trimestre de 2014 apenas após a divulgação dos depoimentos de Costa e Youssef. “Fomos surpreendidos pela Operação Lava Jato, em março de 2014, o que atrapalhou (os resultados da empresa), mas mesmo assim a Petrobras bateu recorde de produção de óleo, gás e energia elétrica no ano", disse ela, que acredita que mesmo diante das dificuldades a empresa apresentará crescimento.

A ex-presidente sustentou que o câmbio tem sido o principal entrave para o crescimento da Petrobras. “O dólar acima de R$ 3 é muito ruim para a Petrobras”, disse. Ela afirmou, entretanto, que a empresa ainda consegue manter resultados positivos. "Mesmo assim, temos uma defasagem de preços de combustível que melhora o caixa da Petrobras", afirmou, em depoimento na CPI da Petrobras.

Projetos

Perguntada sobre as denúncias de superfaturamento na construção da refinaria Abreu e Lima, Graça Foster explicou que o projeto é a “raiz do problema”. “Quando não tem projeto básico de qualidade, voe terá problemas com aditivos. Em Abreu e Lima, a questão principal foram as mudanças sucessivas no projeto, o que causou as mudanças posteriores”, avaliou. “Até as características do petróleo que seria refinado ali mudaram durante o processo”, lembrou.

Já em relação ao gasoduto Gasene, ela afirmou que apesar de orgulhosa com o projeto, sente-se envergonhada por causa do pagamento de propinas. "Gostaria que isso tudo fosse mentira e que não houvesse propina alguma", disse. Segundo ela, o projeto do gasoduto foi finalizado com custo 20% acima do previsto. "Considero a média 20% adequada", disse, ressaltando que não houve prejuízo no empreendimento.

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