Câmara suspende sessão sobre terceirização

A matéria será retomada nesta quarta-feira (15)

ter, 14/04/2015 - 21:01

A votação dos destaques que podem mudar o texto-base base do Projeto de Lei que regulamenta a terceirização (4.330/2004) foi suspensa, na noite desta terça-feira, 14, pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O tema gerou polêmica no plenário após a apresentação de 34 destaques - 27 de partidos e sete individuais - alterando diversos pontos do projeto. A votação será retomada na quarta-feira, 15, às 14h.

O relator do projeto, deputado Arthur Maia (SD-BA), disse que era preciso "calma" para que os destaques fossem apreciados pelos parlamentares. "As negociações com o Ministério da Fazenda, que se estenderam até o início da votação, criaram uma situação de desconhecimento das pessoas sobre o que estava sendo votado", afirmou.

A principal polêmica envolveu a retirada do texto-base, aprovado na semana passada, do artigo que permitia às empresas públicas e de economia mista - como o Banco do Brasil, a Caixa e a Petrobras - se enquadrarem nas regras do PL 4.330/2004, que pode autorizar a terceirização tanto para a atividade-fim quanto para a atividade-meio. Ou seja, no caso da Petrobras, por exemplo, a companhia poderia terceirizar a exploração de petróleo (atividade-fim) e não apenas serviços associados, como exploração geológica (atividade-meio).

A mudança no texto foi sugerida pelo PSDB e foi acompanhada pelo PT e contou com orientação favorável da liderança do governo. Com isso, o PL 4.330 não poderá regular a contratação terceirizada por empresas públicas e de economia mista. Essas empresas deverão, portanto, seguir se reportando à Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que proíbe a terceirização em atividades-fim.

Existe, porém, um vácuo jurídico envolvendo essa súmula. Ela pode ser cancelada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Luiz Fux sugeriu que a 331 do TST passasse pela avaliação do plenário da Corte para decidir se é válida ou não. Ele argumentou que a súmula poderia ferir o artigo 5º da Constituição, que garante a liberdade de contratação.

Ao ser questionado se Petrobras e outras estatais corriam o risco de cair num vácuo legal, o relator do PL 4.330 disse que sim. "Eu acho que sim", afirmou. Mas Maia disse confiar que a tramitação do projeto no Senado, para onde vai após passar pela Câmara, pode "melhorar" essas regras. "Eu acho que ainda vamos avançar para algo melhor no Senado", afirmou.

COMENTÁRIOS dos leitores